DÚVIDAS SOBRE ALIMENTAÇÃO INFANTIL – PARTE 1

Dúvidas frequentes sobre alimentação infantil – Introdução Alimentar – Parte 1

Primeiro texto do ano e resolvi trazer as principais dúvidas que recebo no consultório sobre alimentação infantil.

A intenção não é substituir o atendimento nutricional, mas compartilhar conhecimentos de forma prática e compilada.

Dividi as dúvidas em duas partes com os temas: introdução alimentar e alimentação para crianças maiores.

Nesse texto vou concentrar as principais dúvidas de introdução alimentar.

Sabemos que ter uma alimentação saudável na primeira infância (que inclui crianças de zero a cinco anos de idade) contribui para o crescimento e desenvolvimento da criança, bem como para a prevenção de doenças.

Aliás, a promoção de bons hábitos alimentares desde a infância é benéfico também para a fase adulta, pois muitos dos hábitos alimentares adquiridos nessa fase são levados para toda a vida.

Na introdução alimentar, o principal objetivo é aproximar o bebê dos alimentos sólidos e mostrar a ele a maior diversidade de alimentos possível, permitindo a experimentação de diferentes sabores, texturas, aromas e cores.

A introdução alimentar deve ser marcada por diversão e paciência por parte dos responsáveis e do bebê, afinal, até então o único alimento que a criança conhecia era o leite materno ou a fórmula infantil. Isso faz com que tudo seja novidade.

 É uma fase de aprendizado para todos!

Vamos conferir quais são as principais dúvidas?

1. Como saber se o bebê está pronto para a  introdução alimentar?

Existem dois fatores que você deve observar para saber se é o momento certo de começar a oferecer a alimentação: a idade do seu bebê e se ele apresenta os sinais de prontidão.

No que diz respeito à idade, para a Organização Mundial da Saúde (OMS) a introdução alimentar pode ser realizada a partir de 6 meses de idade, mantendo-se também o aleitamento materno por 2 anos ou mais[1].

Quem determina a aptidão do bebê para a introdução alimentar é a maturidade do sistema digestivo e alguns sinais que o bebê dá, por exemplo, quando o bebê não empurra os alimentos com a língua, quando leva brinquedos e objetos à boca, quando consegue sentar sem apoio, quando mostra interesse pelos alimentos dos adultos, quando tem o controle total da cervical ao ficar de bruços, etc.

Esses sinais normalmente ocorrem por volta dos 6 meses de idade. Mas cada criança é única.

O pediatra e o nutricionista podem ajudar nessa etapa e confirmar se a criança está pronta ou não para receber alimentos sólidos.

2. Quais são os métodos de introdução alimentar e qual o mais indicado?

Método tradicional

No método tradicional, é realizada a introdução gradual dos alimentos (amassados ou picados em pedaços bem pequenos) na rotina do bebê com supervisão do adulto. Nessa abordagem, os adultos oferecem a refeição e tem o controle da alimentação da criança: quantidade, qualidade, ritmo e duração.

‍BLW (Baby-led weaning)

Nessa abordagem, a introdução é feita de forma gradual e natural propondo a auto-alimentação do bebê, ou seja, sem a interferência ou o auxílio dos pais ou cuidadores.

A oferta de alimentos é feita em pedaços maiores para o bebê experimentar e descobrir texturas e sabores com as próprias mãos.

O bebê alimenta-se sozinho, com a supervisão de um adulto.

O contato com os alimentos é muito maior, mas os pais precisam estar cientes que haverá bagunça.

E diversão também. Afinal, tudo é novidade e a criança vai explorar e brincar com os alimentos.

‍Participativo

Essa terceira opção une os conceitos das duas abordagens acima.

A combinação da alimentação independente e da alimentação assistida permitem tanto a participação do bebê quanto o gerenciamento e supervisão dos pais na alimentação.

Ou seja, a criança pode se alimentar sozinha de alguns alimentos e os pais podem oferecer na colher outros.

Importante reforçar que não existe método mais indicado ou ideal.

Converse sempre com seu pediatra e/ou nutricionista para entender qual método se adequa ao seu bebê e à rotina da família.

3. A partir de que idade posso oferecer água ao bebê? 

A água pode ser oferecida para bebês a partir dos 6 meses de idade, momento em que também ocorre a introdução dos alimentos.

Antes desse período não é necessário o oferecimento de nenhum líquido, seja água, chás, etc.

Após os 6 meses, opte pela água sempre como bebida prioritária. Não há motivos para oferecer outros líquidos como sucos e outras bebidas, que não sejam a água.

Mas isso quer dizer que as outras bebidas não são permitidas? Algumas são sim. Confira quais são permitidas:

  • Sucos naturais: não devem ser oferecidos antes de 1 ano de idade. Prefira oferecer as frutas em pedaços ou amassadas.

Se você não tem costume de tomar suco em casa, então não tem porque oferecer mesmo após 1 ano de idade. Seu bebê não conhecerá a textura da fruta, não aprenderá a mastigar e não terá contato com o alimento.

  • Chás: se não tiver cafeína (chá preto, mate), não tem problema oferecer ao bebê, desde que sem adição de açúcar. Mas, novamente, não há motivos para oferecer chás no lugar da água. 
  • Água de coco: pode ser oferecida de vez em quando, sempre em pequena quantidade e nunca em substituição à água. Nesse caso, opte sempre por água de coco natural e não industrializada.
  • Refrigerantes e sucos artificiais ou industrializados: Não preciso nem comentar né? Não ofereça pelo menos até os 2 anos.

Açúcar de qualquer espécie deve ser evitado até os 2 anos. Alimentos ultraprocessados e pouco nutritivos, devem ser evitados por todos, especialmente pelas crianças.

4. Por qual refeição ou alimento começo a introdução alimentar? 

Comece pela refeição ou alimento que a família tenha maior disponibilidade de tempo para oferecer. Não existe grupo alimentar correto para se iniciar a alimentação complementar. Você tanto pode optar por começar pela refeição principal quanto pelas frutinhas!

O importante é respeitar o tempo do bebê!

A introdução alimentar deve ser lenta e gradual!

 Pode levar um tempinho até o bebê entender que os alimentos sólidos oferecidos para ele saciam e matam sua fome.

No início ele vai comer muito pouquinho e o leite ainda vai ser responsável por grande parte da sua nutrição.

 E está tudo bem, afinal, ninguém aprende a ler, escrever ou andar de uma hora para a outra, não é?

Durante a fase da introdução alimentar, o bebê está criando a sua memória do paladar.

Portanto, é importante que ele seja apresentado à maior variedade possível de alimentos naturais garantindo assim o consumo de todos os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento.

5. Na introdução alimentar, em qual momento devo oferecer leite materno ou mamadeira? 

Sempre após o oferecimento do alimento novo, para que o bebê possa experimentá-lo com fome.

E sempre ofereça o mesmo alimento várias vezes, mesmo que o bebê não goste na primeira vez. Alimentos novos devem ser oferecidos de 10-20 vezes até termos a certeza que o alimento não atende o paladar da criança.

Oferecer um alimento novo e que foi recusado em horários e apresentações diferentes aumentam a aceitação.

Aqui no blog temos uma série linda de textos sobre introdução alimentar. Se quiser tirar mais dúvidas e se aprofundar, navegue pelos textos mais completos.

Para saber mais sobre alimentação infantil e tirar suas dúvidas, não deixe de conferir a cartilha do Ministério da Saúde sobre os 10 passos para uma alimentação saudável para crianças brasileiras menores de dois anos navegando por https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/passos_alimentacao_saudavel_menores_2anos_1edicao.pdf


[1] Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primaria à Saúde. Departamento de Promoção da Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primaria à Saúde, Departamento de Promoção da Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2019.

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