COMPULSÃO ALIMENTAR INFANTIL

Compulsão alimentar infantil: Como identificar e prevenir

Estamos acompanhando em um programa de televisão de grande audiência entre os brasileiros, onde uma das participantes apresenta questões importantes sobre compulsão alimentar.

Essa situação nos faz acender um alerta, uma vez que os números da compulsão alimentar e demais transtornos nutricionais têm crescido na infância e são alarmantes.

Segundo uma pesquisa[1] realizada na Espanha, cerca de uma em cada cinco crianças entre 6 e 18 anos apresenta algum tipo de desordem alimentar que, se não tratada corretamente, pode se tornar um transtorno alimentar, como anorexia, bulimia e compulsão alimentar.

O mesmo estudo demonstrou que esse comportamento costuma ser mais comum entre as meninas — cerca de 30% delas apresentam a desordem, enquanto isso, o número cai para 17% quando falamos dos meninos.

Esses dados fazem parte de um estudo global, que avaliou mais de 63 mil crianças em 16 países, incluindo o Brasil.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde a (OMS), cerca de 4,7% dos brasileiros sofrem de distúrbios alimentares, no entanto, na adolescência esse índice chega até 10%.

Mas o que é compulsão alimentar?

Trata-se de uma ingestão descontrolada de grande quantidade de alimentos, mesmo estando sem fome ou apetite e, muitas vezes, quase sem mastigar, não respeitando a sensação de saciedade.

Pode acontecer de forma inconsciente, onde o paciente nem ao menos percebe o que comeu e qual foi a quantidade.

A compulsão alimentar, assim como outros distúrbios alimentares, pode ocorrer em qualquer estágio da vida, incluindo o infantil.

Os episódios geralmente começam na infância, quando a criança está desenvolvendo suas emoções e lidando com novas experiências, como a rotina escolar, por exemplo.

No entanto, o diagnóstico do transtorno de compulsão alimentar é mais comum na adolescência.

Os episódios são comuns na infância porque muitas mudanças são capazes de despertar sensibilidades nessa fase, e a comida pode ser um consolo para lidar com a ansiedade causada por dificuldades e transformações. Inseguranças com o corpo, comparações com os colegas e buliying são comuns.

Vimos muito essa situação no reality show comentado no início desse texto.

Contudo, existe uma diferença sutil entre comer em excesso e compulsivamente. Muitas vezes, a primeira situação está ligada aos hábitos familiares, geralmente com escolhas práticas e pouco saudáveis.

A criança se acostuma a comer em grandes quantidades porque é saboroso, por exemplo. Mas, não é só ela.

A família toda gosta de comer e ter uma refeição farta. É o exemplo alimentar da criança. Neste caso, rever o cardápio e frear o consumo diário é uma solução para todos!

A compulsão, no entanto, é mais grave, pois trata-se de uma doença que exige orientação profissional, como a de nutricionistas e psicólogos para o suporte emocional.

Por Fabiana Jarussi


[1] López-Gil JF , García-Hermoso A , Smith L, et al. Proporção global de transtornos alimentares em crianças e adolescentes : uma revisão sistemática e meta-análise . JAMA Pediatr. 2023;177(4):363–372. doi:10.1001/jamapediatrics.2022.5848

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