ESTRESSE NA INFÂNCIA É PRECISO FALAR

Será que só os adultos sentem e passam por situações que causam estresse?

Ou podemos falar de estresse na infância?

O estresse é um conjunto de reações do organismo frente a situações muito difíceis ou excitantes, desencadeadas quando algo não vai bem, podendo ocorrer em crianças de todas as idades.

O estresse na infância pode se apresentar através de sintomas físicos e psicológicos, que causam mudanças químicas no corpo da criança, podendo ter curta ou longa duração.

O estresse pode ser causado tanto por uma situação boa ou ruim, onde a criança esteja passando por uma emoção intensa, na qual demande mudança na maneira de agir e reagir.

Uma criança pode passar por um estresse com acontecimentos bons, como aniversário, natal, viagem, escolas, entre outras que podem levar a preocupação/inquietação.

Essa preocupação e inquietação que pode ser caracterizada como estresse, ocorre pelo fato da criança precisar de um esforço maior do que normalmente é exigido em outras situações do dia a dia.

O estresse infantil pode ser dividido em três tipos: positivo, tolerável e tóxico:

Positivo

Os sintomas tem baixa intensidade e com curtos períodos de duração. Eles Causam rápido aumento da frequência cardíaca e dos hormônios do estresse.

Tolerável

Acontece quando a criança passa por uma situação desafiadora e com um grau elevado, circunstância essa além do que ela conseguiria resolver.

Tóxico

É tido como o estresse de nível alto por período prolongado, com forte intensidade, que excedem a capacidade de a criança lidar com os problemas e desafios.

Em se tratando de infância, dentro das questões emocionais e comportamentais, nos últimos tempos estes problemas tem demostrado um aumento significativo.  É cada vez maior o número de transtornos infantis, como estresse, ansiedade, depressão, entre outro.

De acordo com os estudos, eventos possivelmente estressantes modificam o desenvolvimento do cérebro, levando a um impacto no comportamento e na aprendizagem, podendo acarretar problemas de saúde crônicos.

Ao passar por um longo período de estresse, a criança não consegue mais se ajustar, as reservas emocionais e energia se acaba, com isso ocorre um adoecimento, podendo desencadear mudanças físicas e questões emocionais como ansiedade, pânico, apatia, depressão, desânimo, irritabilidade e raiva

De acordo com especialistas na área da infância e com observações realizadas no consultório, os fatores que podem causar stress, vão desde acontecimentos bons ou ruins vida da criança.

Principais causas de estresse na infância para casa faixa etária:

  • 0 meses aos 03 anos de idade:

 Ambiente familiar estressante, desestruturado, hospitalização por doenças, nascimento de um irmão, mudança de casa, separação dos pais e luto;

  • Entre 3 e 6 anos

Ingresso na escola, pós pandemia retorno as aulas presenciais, experiências negativas no ambiente escolar;

  • Ente 6 e 12 anos: cobrança excessiva, altas exigências por desempenho escolar, cobrança por adequação social e retorno as aulas pós aulas online.

Os sintomas de estresse infantil é comumente confundido com quadro de ansiedade, o aparecimento e intensidade destes sintomas vão depender da fase do stress.

Alguns sintomas comuns são dor de cabeça, mãos frias e suor, taquicardíaca, falta de apetite, dores de barriga, azia e outros menos visíveis.

Sintomas do stress infantil mais frequentes:

  • Terror noturno;
  • Introversão súbita;
  • Medo excessivo;
  • Agressividade;
  • Impaciência;
  • Choro excessivo;
  • Pesadelos;
  • Ansiedade;
  • Dificuldades interpessoais;
  • Desobediência inusitada;
  • Depressão, desanimo;
  • Hipersensibilidade;
  • Dor de barriga, diarreia;
  • Tique nervoso;
  • Dor de cabeça;
  • Náuseas;
  • Hiperatividade;
  • Enurese noturna;
  • Gagueira;
  • Tensão muscular;
  • Ranger de dentes;
  • Insegurança;

Vale lembrar que um sintoma insolado não caracteriza um quadro de estress, é preciso verificar se os sintomas acima apareceram de repente e se a criança apresenta mais de um destes sintomas.

Hoje em dia é comum ver crianças envolvidas em muitas atividades, nas quais perdem a consciência do tempo de ser criança. Na busca do melhor para os filhos, os pais buscam dar e fazer o que estão no seu alcance para proporcionar um bom desenvolvimento para a criança.

As crianças estão preenchendo uma agenda de compromissos no dia a dia, como natação, ginástica, teatro, aula de inglês, judô, bale, aula de música, aulas extras, etc.

É preciso ter atenção com a quantidade de estímulos que estamos dando as crianças, pois esse excesso pode gerar uma sobrecarga física e mental, principalmente na primeira infância, etapa em que as crianças ainda não apresentam maturidade emocional completa, isso faz com que o estresse nesse período seja prejudicial ao desenvolvimento saudável.

A causa do estresse na infância é múltipla, diversas situações e fatores são causadores dessa reação no organismo, sendo eles fatores externos e internos.

Em algumas situações o estresse interno é criado pela própria criança, nesse caso, a criança por meio de seus pensamentos, sentimentos, emoções e personalidade tendem a começar enfrentar inquietação e quadros de ansiedade, decorrentes do enfrentamento de alguma situação interna que esteja passando.

Já as causas externas são tidas como mais fáceis de identificar, partindo do pressuposto que as famílias, responsáveis, professores ou qualquer outra pessoa que esteja no convívio com a criança será alguém capaz de observar e ajudar a criança em possíveis situações estressantes do dia a dia.

Mas a verdade é que na maioria das vezes os adultos não compreendem a dificuldade da criança, muitas situações são vistas como birra, malcriação ou sendo justiçadas como sendo uma fase da infância/comportamento de criança e que logo vai passar.

As causas externas vão desde brigas e separação conturbada dos pais, perda de um ente querido ou animal de estimação, internações, nascimento de irmão regras extremas, falta de disciplina clara, disciplinas rígidas ao extremo, dificuldades escolares, cobranças excessivas, mudança de rotina familiar, mudança de escola, mudança de professor e atividades em excesso.

Nas causa externas ainda temos uma série de outras situações, como conviver com um pai/mãe dependente químico ou alcoólatra, pai/mãe preso, sofrer castigos psicológicos e físicos, abuso sexual, ter um familiar com doença mental com quadro grave e sem tratamento adequado.

Todos nós sabemos da importância da educação familiar e práticas parentais adequadas na vida de uma criança.

O estresse dos pais e baixo suporte familiar são fatores que tem grande influência no estresse infantil.

Cabe ressaltar que nem todas as crianças expostas a situações adversas vão desenvolver sintomas de stress, mas alguns fatores e exposição por um período prolongado aumentam significativamente a chance do aparecimento de estresse e outros problemas emocionais na infância.

No que se refere a infância é fundamental reforçar que não devemos pular etapas, pois cada fase do desenvolvimento infantil deve ser priorizada e vivida da melhor maneira possível, dando oportunidades e estimulando habilidades necessárias para o bom desenvolvimento e para a vida.

Toda criança precisa socializar, brincar imaginar, sonhar, descansar e aprender.

Algo que jamais devemos nos esquecer é que crianças precisam ter tempo de qualidade para estudar, descansar e, principalmente de um fator fundamental para uma infância feliz e saudável, o brincar.

Precisamos ter cuidado com a quantidade de estímulos que são dados para as crianças, a fim de não sobrecarregar. Visto que o excesso de estímulos pode ser tão prejudicial quanto a falta deles.

Se a criança começar a apresentar crises de choro, irritação frequente, agressividade, inquietação, frequentes alterações de humor, mau humor, tristeza, dificuldades para dormir, procure um profissional para avaliar o quadro de dificuldades apresentadas.

Mas será que tem como evitar que uma criança apresente comportamentos de stress?

As crianças são indivíduos que tem grande potencial para se adaptarem bem as situações do cotidiano, mas não podemos banalizar e negligenciar as emoções e sentimentos na infância. 

Visto que as múltiplas mudanças na vida de uma criança provocam certo nível de tensão no organismo que ainda está em seu processo de desenvolvimento.

Desta forma, a melhor maneira de evitar estresse na infância é proporcionar um ambiente familiar saudável, com compreensão dos sentimentos e emoções da criança, dialogo, resolução de conflitos, alimentação adequada, exercício/atividade física, brincadeiras, rotina adequada, qualidade no sono, afeto/carinho, tempo de qualidade, menos tempo de tela e muita natureza.

Os pais, responsáveis e educadores tem um papel fundamental e ativo durante o processo de acompanhamento/tratamento da criança que está com quadro de estresse.

Diferente dos adultos, as crianças não sabem verbalizar se estão estressadas ou não, cabe aos pais, responsáveis e educadores observarem as reações comportamentais que podem caracterizar um quadro de stress.

Quando todos os envolvidos com a criança caminham juntos, na busca de entender e ajudar, participando com estratégias, mudanças ambientais e modificações na dinâmica familiares, esse estresse que a criança apresenta tende a melhorar.

Por Ilma Paula

www.youtube.com.br/descobrindocriancas

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