EDUCAÇÃO ALIMENTAR DURANTE A INTRODUÇÃO

Introdução alimentar do bebê: a importância da educação alimentar. Esse texto finaliza nossa série sobre introdução alimentar.

Depois de muitas informações compartilhadas, hoje vamos conversar a importância da educação alimentar desde as primeiras colheradas.

Sempre ressalto que a educação alimentar se começa em casa, no seio familiar, e desde o início da introdução alimentar.

É de conhecimento da grande maioria das pessoas, que uma alimentação saudável, é importante para o crescimento e desenvolvimento das crianças. Além disso, ele é essencial para a imunidade, proporcionando melhor resposta às doenças infecto-contagiosas tão comuns na infância.

Além disso, um bom padrão alimentar desde a mais tenra idade, pode prevenir e evitar o aparecimento das doenças crônico-degenerativas, como diabetes, hipertensão, alguns tipos de câncer, desordens cardiovasculares, etc.

A construção de hábitos alimentares saudáveis desde a introdução alimentar pode garantir uma plena saúde na fase adulta.

Todos sabemos que mudança de hábitos fica muito mais difícil com o avanço da idade.

Mudar hábitos na vida adulta não é uma tarefa fácil e, muitas vezes, sem sucesso.

Que tal aproveitar a janela de oportunidade da introdução alimentar e criar um padrão saudável, sem preconceitos?

Como deve ser a Introdução alimentar

A jornada poderá não ser fácil, mas certamente será prazerosa.

Mas não se engane! Fazer com que a criança tenha interesse e saboreie alimentos variados é responsabilidade dos adultos.

Já conversamos em outro texto sobre a seletividade alimentar na infância. Para ler, clique aqui.

A seletividade alimentar nas crianças é uma queixa corriqueira no consultório. Como sempre digo, requer paciência e compreensão por parte dos pais, e ao mesmo tempo bastante insistência.

Teoricamente, o oferecimento de novos alimentos deve ser feita repetidamente entre 8 e 10 vezes para que a criança consuma o alimento novo em quantidades razoáveis.

Lembre-se que todos os alimentos e sabores são diferentes para o bebê e a não aceitação ou uma careta feita para determinado alimento, não significa que a criança não gostou e que o mesmo deva ser banido do prato.

Descobrir o sabor de novos alimentos promove aprendizado, prazeres, identificação do que gosta ou não, e especialmente autonomia para a criança.

Um ponto importantíssimo é que as crianças, mesmo com pouca idade, repetem o comportamento dos pais ou responsáveis.

 Se você quer que deu filho(a) consuma alimentos saudáveis, você deve dar o exemplo primeiro.

 Assim, a criança se sentirá segura e incentivada a soborear todos os alimentos.

Mas para ter bons hábitos alimentares, fundamentalmente há a necessidade de se ter um planejamento alimentar.

Estruturar um cardápio semanal para a família, organizar a lista de compras, observar os alimentos da safra, que normalmente são mais nutritivos e baratos, são os primeiros passos.

Parece ser uma tarefa complicada, mas a dedicação de alguns minutos semanais para isso resulta em ganho de tempo e qualidade de vida nos outros dias, especialmente com uma criança pequena dentro de casa.

Se precisar, não deixe de solicitar auxílio para um Nutricionista.

Zele sempre pela companhia e relação com seus filhos.

Levá-los às compras pode ser um momento importante para aumentar o interesse por novos alimentos, especialmente se forem um pouco mais crescidos.

 Também poderá ser uma ótima oportunidade para conversar sobre porque alguns alimentos ficarão de fora do carrinho por não serem saudáveis.

Agora, se a hora da compra for sinônimo de guerra na família, deixe as crianças em casa.

Provavelmente a compra será muito mais rápida e objetiva, ao invés de um momento de discussões e sofrimento.

Outra dica que facilita muito o dia-a-dia e que favorece o consumo de alimentos saudáveis é deixa-los já higienizados e pré-preparados.

Logo após as compras, deixe algumas frutas já picadas e higienizadas como:

  • melancia, uva, melão, abacaxi, morango, etc;
  • folhas limpas, legumes cortados (como cenoura, pepino, etc

 Outros já podem ser cozidos rapidamente e congelados (brócolis, abóbora, mandioca, abobrinha, chuchu, cenoura, etc).

Você verá que o consumo desses alimentos vai aumentar, seja pela acessibilidade, seja porque o preparo será mais rápido.

Saber preparar minimamente alguns pratos, também faz parte do processo de educação alimentar.

Não que eu espere que as pessoas sejam chef de cozinha, mas quando cozinhamos a nossa própria comida, geralmente comemos com melhor qualidade nutricional.

Já falei muitas vezes, mas sempre é hora para repetir: cozinhar em família e preparar as refeições junto com a criança é um grande estímulo para a construção de bons hábitos alimentares e para aumentar o vínculo entre os familiares.

Comece com receitas fáceis, porém saudáveis. Um omelete, uma sopa nutritiva, uma vitamina de frutas, etc.

Para as crianças à partir da idade pré-escolar, o uso de livros de culinária infantis pode ser um recurso extra para ser explorado.

Elas adoram ver livros de receitas direcionados à elas, com personagens infantis e muitas cores e fotos.

Não se esqueça que a criança aprende brincando, desde pequena.

O contato direto com os alimentos, jogos e brincadeiras com o tema de alimentação saudável, inventar receitas com os maiores e até formas lúdicas de se servir e preparar os alimentos, são formas interessantes para incentivar a educação nutricional em casa.

Outra forma para promover a educação alimentar e nutricional em casa e ampliar o conhecimento e o contato com alimentos frescos é ter uma horta.

 Se você não tem espaço físico o suficiente para um pomar ou um canteiro, faça em pequenos vasos. Dá muito certo e é divertidíssimo!

O contato da criança começa ao plantar e se estende no cuidado e na colheita. Inúmeros estímulos, que não é só o nutricional, podem ser desenvolvidos.

Conseguimos plantar temperos e ervas (salsa, cebolinha, manjericão, hortelã, etc), além de frutos (tomatinho, amora, acerola) facilmente em vasos.

Essa prática, além de facilitar o preparo das refeições, estimula o consumo de alimentos frescos e amplia o repertório e sabor dos pratos.

Na internet encontramos facilmente informações sobre como montar uma horta em casa.

Por último, vou destacar que o momento das refeições sempre deve ser agradável. Diziam os antigos, que a “hora da refeição é sagrada”. E acho que eles têm razão.

Todo o esforço e energia positiva depositada no planejamento, na compra e no preparo dos alimentos, deve ser culminado no momento do consumo.

Assim, é importante que a família faça desse momento uma oportunidade de conviver em um ambiente calmo e tranquilo, com possibilidades de trocas e conversas.

De forma alguma o momento da refeição deve ser de chantagem, castigo, brigas, obrigação ou constrangimento.

Da mesma forma, desligar televisão, celular ou qualquer outra tela, é fundamental.

Criar lembranças positivas da refeição faz com que tenhamos uma relação muito mais saudável com os alimentos.

No caso de bebês em introdução alimentar, também é importante verificar se os horários de sono foram respeitados.

Bebês com privação de sono e irritadiços não se alimentam adequadamente.

Para crianças entre 1-3 anos é importante que a atmosfera da refeição comtemple conversas e até o lado lúdico.

Faça uma apresentação bonita da comida e que permita que a criança identifique os alimentos.

O tempo de refeição deve ser o suficiente para que a criança consiga pegar os alimentos, mastigar e engolir de forma adequada.

Não deve ser muito longa, porque corremos o risco de fazer com que ela perca o interesse pelo alimento e procure diversão em outro lugar, nem muito rápido, sendo obrigada a engolir os alimentos sem a devida mastigação.

Crianças à partir dos 4 anos podem ser servir sozinhas.

Além de autonomia, a prática facilita a escolha de alimentos e até facilita a experimentação de algo diferente. Claro que a supervisão do adulto é fundamental.

Mesmo com crianças maiores, a conversa durante as refeições são importantes para tornar o momento calmo e prazeroso.

O processo de conquista de uma alimentação variada, saudável e prazerosa desde a introdução alimentar, certamente traz raízes profundas para toda a vida.

Partilhe com sua criança uma alimentação saudável!

Mesmo que em algumas fases a companhia dos amigos e das redes sociais possam exercer alguma influência, se o alicerce alimentar saudável for bem fundamentado, os exemplos construídos na base de amor e da atenção ao alimento serão mantidos.

Aproveite a jornada e construa hábitos saudáveis em sua casa!

Por Fabiana Jarussi

Capa: Freepik

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