ANSIEDADE E DEPRESSÃO INFANTIL

Ansiedade e Depressão na Infância e adolescência: Refletindo sobre os sinais e sintomas durante e pós pandemia.

A ansiedade é uma emoção natural e adaptativa, presente na vida de todo ser humano. Todos nós em algum momentos vamos vivenciar essa momentos de ansiedade no decorrer da vida.

Como já sabemos, crianças e adolescentes também sentem ansiedade e isso faz parte do seu desenvolvimento normal, mas é preciso ter atenção e cuidado quando ela se apresenta de forma frequente e intensa, ocasionando problemas a prejudicando o desenvolvimento saudável.

É normal nos sentirmos ansiosos diante de situações que geram medo, expectativa, insegurança e indecisão.

Podemos dizer que foi isso que aconteceu com a maioria da população com o cenário de pandemia no início de 2020.

Já a depressão refere-se à uma condição mais séria e consiste na manifestação de um conjunto de sintomas ou comportamento que causam sofrimento no individuo, trazendo prejuízos no dia a dia.

Antes da pandemia as pesquisas sobre saúde mental já demonstravam um elevado índice dos casos de depressão e ansiedade na população mundial.

Porém, com o cenário de pandemia, pesquisas revelaram um aumento nos números de casos de ansiedade e depressão.

Este aumento não chama atenção só na população adulta, isso vale também para crianças e adolescentes, pois sofreram e sofrem com as consequências da pandemia do Covid-19.

Com o contexto da pandemia vivemos uma situação inesperada, que modificou rotinas e planos.

Toda essa situação provocou e ainda provoca consequências na população, como mudanças comportamentais e emocionais, em crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos.

Durante a quarentena passamos por mudanças que refletiu e está refletindo na forma que adultos, adolescentes e crianças se comportam e lidam com as emoções e sentimentos.

Como o isolamento social e pandemia impacta na saúde mental das crianças e adolescentes?

Os transtornos de ansiedade são comuns em criança e adolescentes, e geralmente começam no decorrer da infância. De acordo com estudos os transtornos de ansiedade podem acometer 1 em cada 8 criança.

O Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH) avalia que 25,1% dos adolescentes entre 13 e 18 anos enfrentaram um transtorno de ansiedade e 5,9% enfrentarão um transtorno de ansiedade intenso.

Sabemos que é normal nos sentirmos ansiosos ou tristes diante de ocasiões que geram preocupação, angustia, expectativa, medo e indecisão.

A pandemia é uma situação nova e complexa, pois as mudanças e consequências foram inúmeras, dentre eles, educacionais, emocionais, comportamentais, sociais, econômicas e políticas.

A infância e adolescência em tempos de pandemia sofreram muitas alterações.

As crianças e adolescentes ficaram longe das atividades cotidianas, isolados em casa, ensino a distância, longe da casa dos avós, dos passeios, dos aniversários com amigos, da interação com os colegas.

Tendo como consequências sono alterado, mudanças de humor, rotina alterada, relações sociais de certa forma cortada entre outras mudanças.

De alguma maneira a pandemia fez com que crianças e adolescentes se desacostumassem com algumas situações do cotidiano, e o contato social foi um destes momentos.

As situações de ansiedade ocasionadas nesse período foram muitas.

No início da pandemia com o isolamento, muitos ficaram com medo de estarem ou ficarem doentes, um familiar adoecer, perder um ente querido, preocupados com o distanciamento de pessoas queridas, como amigos, pais, avós, tios, primos e amigos.

Além do isolamento, muitas crianças viram de perto os pais perderem o emprego e passarem por dificuldades financeiras em casa.

Outras vivenciaram a perda/luto, pois perderem pais, tios, avós, ou outra pessoa próxima.

Muitas crianças e adolescentes passaram pelo luto longe dos familiares, isoladas em suas casas, o que tornou esse processo ainda mais difícil e doloroso.

Tudo isso contribuiu para quadros de ansiedade e humor deprimido, gerando preocupação para os pais, responsáveis e profissionais da saúde mental.

Muitos começaram a apresentar alguns transtornos e mudanças de comportamento, os mais comuns foram:

Estresse, irritabilidade, transtorno obsessivo compulsivo – TOC, automutilação, pensamento acelerado, roer unhas, comerem mal, dormirem mal, uso excessivo de telas, alterações de humor, depressão, ansiedade e agressividade.

As crianças e adolescentes ficaram muito tempo em frente aos eletrônicos, tv, tabletes, ipad, computadores, celulares e vídeo games.

E importante salientar e alertar, o uso de telas em excesso é prejudicial, gera problemas de comportamento, alterações humor e aprendizagem.

Para além da pandemia de Covid-19, vem o pós pandemia, pois muitas crianças e adolescentes estão experimentando dificuldades e preocupações relacionadas ao desempenho escolar, rotinas, excesso de tecnologia e dificuldades nos contatos sociais.

Diante de tudo que passamos no período de pandemia, devemos ficar atentos aos sinais e sintomas emocionais e comportamentais das crianças e adolescentes.

Não podemos fingir que a pandemia acabou ou que os problemas decorrentes dela acabaram, pois ela não acabou mesmo que as atividades e rotinas voltaram ao normal, estamos vivenciando uma nova fase.

Nesse período as crianças e adolescentes ainda estão vivenciando e se acostumando com uma nova rotina, retorno ao ensino presencial a convivência com amigos, retorno ao ambiente escolar, as visitas aos familiares e a conviver com os professores.

De acordo com especialistas da infância e adolescência à volta ao normal das atividades como um todo e o convívio social só têm a fortalecer e contribuir para o aprendizado, saúde física, mental e desenvolvimento adequado das crianças e adolescentes.

As pesquisas revelam que depressão e ansiedade entre crianças e jovens dobraram durante a pandemia.

Estes dados não preocupam só os profissionais de saúde mental, e sim todos que tem contato com crianças e adolescentes, e estão preocupados com seu bem estar físico, mental e desenvolvimento saudável.

Pais, responsáveis, professores, psicopedagogos, psicólogos, psiquiatras, pediatras, entre outros, estão preocupados com as possíveis consequências do período pós pandemia.

A ansiedade na infância pode começar a aparecer por volta dos 6,7,8 anos de idade ou até mesmo antes dessas idades.

 Muitos transtornos de ansiedade são persistentes e caso não sejam tratados adequadamente, é possível que os problemas se estendam para a idade adulta.

Os transtornos de ansiedade que ocorrem em crianças e adolescentes são:

  • Agorafobia;
  • Transtorno de ansiedade generalizada;
  •  Transtorno de pânico;
  •  Transtorno de ansiedade de separação;
  •  Transtorno de ansiedade social;
  • Fobias específicas

Sinais mais comuns de ansiedade na infância e adolescência:

  • Preocupação excessiva com suas atividades;
  • Medo excessivo de ficarem doentes;
  • Insegurança;
  • Medo de não conseguir fazer o que precisam ser feito;
  • Tendem a ser perfeccionistas e muito críticos consigo mesmos;
  • Preocupações excessivas;
  •  Irritabilidade;
  • Dificuldades de concentração;
  • Mudança nos hábitos alimentares, pouco ou muito apetite;
  • Dores de cabeça;
  • Pesadelos recorrentes;
  • Distúrbios do sono;
  • Medos recorrentes;
  • Isolamento social;
  • Fobias/medos irracionais;
  • Perda de prazer nas atividades e brincadeiras antes prazerosas;
  • Tristeza ou apreensão constante;

Sinais mais comuns de depressão na infância e adolescência:

  • Isolamento social;
  •  Falta de prazer e interesse pelas pessoas e atividades;
  • Apresenta uma visão negativa de si mesmo, do mundo e do futuro;
  •  Autocritica;
  •  Desesperança;
  •  Pessimismo;
  •  Dificuldade de concentração, entre outros;
  • Alterações no sono;
  • Alteração no apetite;
  • Cansaço frequente;
  • Sentimento de tristeza;
  • Irritabilidade e raiva constante;
  • Presença de emoções de culpa;
  • Ansiedade;

É importante ressaltar que tanto a ansiedade quanto depressão na infância e adolescência não tem como causa um único fator, pois são transtornos de causa multifatorial, ou seja, diversos fatores estão relacionadas, como ambientais, biológicos e psicológicos.

Desta forma, após tomarmos conhecimento dos principais sinais e sintomas da depressão e ansiedade na infância e adolescência é preciso observar e procurar imediatamente um profissional da saúde mental.

Durante a pandemia muitas crianças e adolescentes passaram por situações desafiadoras, que potencializaram o aparecimento destes transtornos, todos devem estar atentos ao pós isolamento.

Crianças e adolescentes pós isolamento precisam de um olhar atento e cuidadoso, no seu desenvolvimento cognitivo, emocional, social e comportamental.

Pois, pós isolamento podem surgir no âmbito escolar possíveis transtornos e dificuldades de aprendizagem. Assim como outros problemas no convívio, e nas relações sociais, além de apresentar dificuldades emocionais.

Após dois anos de pandemia e diante do cenário pós isolamento, devemos buscar informação e estar atentos a possíveis consequências.

É importante lembrar que algumas escolas estão vivenciando ansiedade coletivas entre crianças e adolescentes. Toda atenção é necessária.

Crianças e adolescentes devem ser acolhidos e assistidos em todas as áreas, cognitiva, emocional, social e comportamental.

Para que possam desenvolver inteligência emocional, para lidar com as situações do cotidiano de maneira saudável, desenvolvendo resiliência, regulação emocional e autocontrole para superar os problemas decorrentes desse período.

Cabe frisar para todos que estão próximos e envolvidos no cotidiano das crianças e adolescentes,  caso seja percebido alguma dificuldade ou sofrimento, não hesite em procurar ajuda de um profissional  especialista na área da saúde mental para uma possível avaliação e acompanhamento.

Por Ilma Paula

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