MINHA CAIXA DE BRINQUEDOS O QUE TEM

Da serie: O que tem dentro da minha Caixa de Brinquedos – Parte 2

Malu e Levi estavam na casa de Lipe desvendando a sua caixa de brinquedos, quando a mãe de Lipe os chamou para compartilharem de um delicioso lanche.

Durante o lanche Levi e Malu estavam empolgados falando sobre a “caixa mágica” e o quanto estavam felizes em conhecer essa maneira diferente de brincar.

Ao finalizar o lanchinho, agradeceram e foram correndo novamente ao quarto de Lipe para continuarem conhecendo quais as atividades lúdicas que seus pais realizam aos finais de semana, sempre em família!

Esse momento de brincar em família é um brincar “diferenciado, especial e livre”.

Muitas pessoas confundem a brincadeira livre como se fosse entregar um brinquedo comprado em uma loja e deixar a criança brincando sozinha.

O “livre” é dar liberdade à imaginação, à criatividade e à construção da sua personalidade, ao invés de deixar a criança sozinha sem companhia, interação, acompanhamento e conexão.

A criança até pode ter esses pequenos momentos de isolamento, mas o brincar junto estreita os laços afetivos e faz a família conhecer melhor o que e como os filhos pensam e reagem às situações.

Momentos para lapidar a personalidade deles.

São momentos significativos como este, dos quais irão se beneficiar ao construir valores, princípios, ética, vivenciar normas de convivência e que lembrarão, com satisfação e saudades, pela vida inteira!

Ao retornarem ao quarto, Levi entra antes de Lipe e Malu e ao olhar para dentro da caixa mágica, vê uma pequena caixa escrita na tampa, “três elementos”. Ele fica curioso em saber porque havia essa informação em sua tampa.

Enquanto Levi e Malu aguardavam a resposta de Levi sobre os três elementos, abriram a caixa. Viram vários livros de histórias e se encantaram por eles serem diferentes dos comprados na livraria e nesta fase é muito bom oferecer livros de história para ler e ouvir!

Ao brincar com histórias é possível aumentar a cumplicidade e revelar segredos, sendo um momento de muita confiança mútua, possibilitando preparar a criança para viver melhor em sociedade.

Malu adorou essa ideia de criar uma caixa de livros especiais e disse que gostaria de ter momentos assim, junto à sua família. Ela relatou que de vez em quando a mãe tinha um tempinho para lerem e contarem histórias juntas e complementou:

– Agora que vi os livros de Lipe, vou pedir para a minha mãe aumentar esse tempo com as histórias de ouvir e contar, com livros construídos!

E a etiqueta que Levi viu na caixa dos três elementos. O que seria?

Lipe explicou que os três elementos são o pai, mãe e filho. E que algumas das atividades dessa caixa, auxiliam na identificação com o progenitor do mesmo sexo. No caso de Lipe a identificação é com o seu pai.

Malu interrompeu exclamando:

– Então eu seria a mãe, como sou menina me identificaria com ela!

– Sim, reforçou Lipe! Para Thiers, o brincar com algumas formas e desenhos em diferentes texturas, cores e tamanhos, favorece o dinamismo e o posicionamento dentro da dinâmica familiar.

E ao desenvolver uma maior cumplicidade, senso de responsabilidade e confiança mútua, e reforço a importância de a família preparar a criança para viver e conviver melhor em sociedade.

Ao brincar com atividades de discriminação, justaposição e superposição de materiais, as quais Malu haviam se encantado realizadas nos livros, também possibilita a criança organizar o seu mundo interno.

Caro leitor, você que está acompanhando essa leitura, certamente recorda que no artigo passado foi mencionado sobre as fases do desenvolvimento psicossexual nomeados por Freud.

Relembrando, a Fase Oral é a fase em que o bebê leva tudo à sua boca e é desta forma que ele conhece o mundo a sua volta.

A Fase Anal é onde ele começa a ter mais autonomia e controle de seus movimentos e vontades.

E há a Fase Fálica que é uma fase de discriminações, diferenciações, discordâncias, enfrentamentos, mas também de muita criatividade e imaginação. Os livros põem em movimento esta fase.

Outra atividade lúdica que favorece e revive a Fase Fálica é o Mosaico.

Lipe mostrou um quadro feito na técnica de mosaico pendurado no “painel das brincadeiras semanais” que haviam feito na semana passada.

Este painel era um espaço reservado em uma das paredes do quarto de Lipe, para expor as atividades da caixa mágica e, assim, iriam recordando os estímulos recebidos e o brincar em família, durante toda a semana.

O mosaico é uma atividade artística realizada com pequenas peças de diferentes cores, como por exemplo, partes de azulejos, vidros, conchas e até papéis coloridos.

Este brincar apresenta propostas de maior complexidade, manipulando peças que possam se encaixar sem um modelo oferecido, podendo se ligar uns aos outros ou descartá-los conforme o tamanho da peça e pela criatividade.

O Mosaico, na terapia psicomotora Ramain-Thiers, trabalha as renúncias, escolhas, opções… visando sempre a autorresponsabilização, isto é, a pessoa se responsabilizar pelos seus atos e suas escolhas, que na nossa sociedade ultimamente é um valor que está um pouco esquecido, infelizmente.

Ao procurar a peça mais adequada a criança estará cognitivamente discriminando formas, tamanhos, cores, direções, e, emocionalmente posicionamentos, aceitação e resignação.

Malu encontrou na caixa outra atividade que ela adora e pediu para Lipe se poderiam brincar, é o quebra-cabeças! Esta brincadeira remete à Fase Fálica.

Na terapia psicomotora Ramain-Thiers, o quebra-cabeças leva à procura de um complemento para formar um todo, portanto, à procura do outro, da identificação e da completude. Muitos adultos passam a vida inteira nesta busca.

O quebra-cabeças desenvolve a análise e síntese (da parte para o todo), orientação e organização espacial, lateralidade, descentralização, classificação e noções de topologia, além de desenvolver a discriminação e percepção visual.

Todas as atividades lúdicas que Lipe estava mostrando aos amigos, possibilitam o autoconhecimento, visam reduzir a ansiedade, estresse, melhoram a autoestima, a autoimagem, os relacionamentos e os vínculos familiares.

Minha caixa de brinquedos – parte 1

A sugestão da “caixa mágica” é para auxiliar no desenvolvimento adequado da criança, a prevenir defasagens, a solucionar alguns conflitos que possam ter ocorrido em alguns momentos da infância, podendo ser resinificados.

Todos os momentos vividos na infância ficam registrados no inconsciente e permanecem a vida inteira, por isso que a infância é uma fase tão importante!

Ao mostrar o quebra-cabeças, finalizamos as brincadeiras da “caixa mágica”. Malu finalmente estava feliz e realizada ao desvendar a caixa de brinquedos do amigo Lipe!

Com esta história queremos marcar a comemoração da Semana Mundial do Brincar, porque mais que uma atividade lúdica o brincar é um direito universal de toda criança.

O “Dia D Brincar” é uma comemoração à Semana Mundial do Brincar, sendo comemorada anualmente em quarenta países no dia 28 de Maio.

O brincar é assegurado pelo artigo 31º da Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas e previsto no artigo 277 da Constituição Federal de 1988 que garante os direitos das crianças e adolescentes.

Aqui no Brasil, há municípios que instituíram a Semana Municipal do Brincar promovendo diversão, lazer, atividades sociais, culturais e esportivas.

Com a pandemia percebeu-se a diminuição de um brincar ativo e as telas de celulares, vídeo-games, tablets e televisores tomaram conta das crianças devido ao longo período de distanciamento social.

Com o fechamento das escolas e a proibição ao acesso em praças, parques, shoppings, as crianças ficaram sem poderem brincar ao ar livre e com outras crianças.

Precisamos olhar de forma especial para a infância e incentivar os momentos em que as crianças realizavam brincadeiras coletivas retomando novamente a socialização, sempre mantendo as medidas de segurança.

Acredite, esta retomada é de grande importância para a saúde mental dos seus filhos, incentive e valorize estes momentos de relacionamentos no brincar, seja em família como no coletivo.

O tema da Semana Mundial do Brincar para este ano segundo a www.aliancapelainfancia.org.br é, “Confiar na força do brincar”! Confie, acredite e dedique momentos para brincar com seus filhos.

E com este desejo, deixo o meu convite, para que na Semana Mundial do Brincar você crie uma “caixa mágica” especial para seus filhos!

Quer ajuda?

Montaremos esta caixa juntas! Acesse o instagram @drilucchin e me chama no direct.

Por Adriana Lucchin

Texto baseado na bibliografia:

Descobrindo o Brincar, Coleção Thiers. Thiers, Solange. Editora CESIR, 2008.

Deixe um comentário

Sair da versão mobile