DEPRESSÃO NA INFÂNCIA EXISTE

Depressão na infância existe?

Muito tem se falado sobre  saúde mental, nos últimos anos a preocupação com esse tema vem aumentando, sendo algo que devemos dar importância em todas as idades e grupos, como crianças, adolescentes, jovem, adultos e idosos.

A preocupação com esse tema vem aumentando, sendo algo que devemos dar importância em todas as idades e grupos, como crianças, adolescentes, jovem, adultos e idosos.

Infelizmente, de acordo com os estudos a depressão vem crescendo em crianças, adolescentes e adultos nos últimos anos.

Hoje em dia é comum vermos muitas pessoas falando da prevalência de depressão na população jovem adulta, e da importância da conscientização, prevenção e busca por tratamento.

O que podemos observar é uma sociedade cada vez mais cobsciente da importância de se cuidar da saúde mental, na população como um todo. Cabe ressaltar que o cuidado com a saúde mental deve vir desde a infância.

As crianças também sofrem de problemas de saúde mental, e a depressão é um destes problemas, durante muito tempo acreditava-se que crianças não apresentavam problemas emocionais, dentre eles depressão e ansiedade.

Atualmente, nos profissionais de saúde mental tem se deparado com uma situação preocupante, tem sido frequente as demandas de problemas emocionais na clínica, crianças com quadros de humor deprimido, ansiedade, pânico, fobias, entre outras.

São crianças de todas as idades, onde pais, responsáveis, familiares e educadores observam sinais que podem indicar que algo esteja acontecendo. Percebendo mudanças comportamentais e emocionais, acendendo um alerta sobre a saúde dos pequenos.

Com o acesso a informação e conscientização, hoje em dia é cada vez mais comum as pessoas que estão em volta da criança observar que algo não vai bem, desta forma estão buscando por ajuda e acompanhamento.

O que é depressão infantil?

Cabe ressaltar que alterações de humor e sentimentos de tristeza fazem parte do dia a dia de qualquer pessoa, independentemente da idade, sexo, raça, etnia e condição financeira.

Já a depressão refere-se à uma condição mais séria e consiste na manifestação de um conjunto de sintomas ou comportamento que causam sofrimento no individuo, trazendo prejuízos no dia a dia.

Ao contrário do que muitos pensam, não é só os adultos que ficam deprimidos.

Uma criança de 6 anos de idade pode chegar até o consultório do psicólogo ou psiquiatra com a queixa de desanimo, falta de energia, tristeza, excesso de cansaço, falta de apetite, dificuldades com o sono e perda de prazer em brincar e divertir-se.

Vou descrever, brevemente uma experiência clínica, para exemplificar o que tem surgido com certa frequência no público infantil, dentro do consultório.

Uma criança de 8 anos de idade, que se mostrava alegre e sociável, que gostava de ir para a escola, apresentava bom desempenho escolar, adorava brincar com os amigos, ir no parque, jogar bola, correr, pular, jogar videogame, amava sair com a família para tomar sorvete e comer o lanche preferido.

Com o passar do tempo essa criança começa a presentar mudanças comportamentais e emocionais.

A professora, observando algumas mudanças de comportamento e queda do rendimento escolar, chama a família para uma reunião.

Ela relata que o aluno/criança já não tem mais o mesmo interesse nas aulas e atividades, e que tem ficado isolada dos colegas, apresentando dificuldade de concentração, atenção, irritabilidade e agressividade.

A professora, juntamente com a psicóloga da escola, orientou a família do aluno a buscar por acompanhamento e avalição com outros profissionais, como pediatra e psicólogo.

A família não relutou em buscar acompanhamento profissional, pois já vinham observando algumas mudanças no humor e comportamento da criança, deixando-os alertas.

Durante o processo de avaliação e acompanhamento psicológico, a criança foi diagnosticada com um quadro de depressão infantil. Diante deste diagnóstico, foi dado continuidade no processo de psicoterapia infantil para melhora da queixa descrita.

Mesmo a criança apresentando poucos ou vários sintomas que podem ser identificados e característicos de um quadro de depressão infantil, o diagnóstico não é tão simples como pensa, precisa de uma investigação cuidadosa para chegar no diagnóstico.

Essa dificuldade no diagnóstico muitas vezes se dá pela dificuldade e resistência dos pais e responsáveis em aceitar e buscar ajuda profissional.

Outro fator que implica na dificuldade do diagnóstico é o fato das pessoas próximas a criança terem dificuldade de observar sintomas como tristeza, baixa autoestima, desesperança e falta de valor, visto que, estes sintomas não são de fácil observação por estas pessoas.

Estes sentimentos e sintomas muitas vezes e visto como uma tristeza normal e que logo vai passar. Isso se dá muitas vezes pela falta de conhecimento dos pais diante de sintomas de depressão infantil.

Todo esse processo vai se dar através da consulta com a criança, aplicação de escalas e instrumentos, entrevista clinica com a família, escola e possíveis avaliação com outros profissionais.

A depressão na infância pode ser agrupada em sintomas comportamentais, cognitivos, físicos e afetivos:

Comportamentais: isolamento social, falta de prazer, e interesse pelas pessoas e atividades.

Cognitivos: apresenta uma visão negativa de si mesmo, do mundo e do futuro, autocritica, desesperança, pessimismo, dificuldade de concentração, entre outros.

Físicos: alterações no sono, no apetite e cansaço.

Afetivos: sentimento de tristeza, irritabilidade e a presença de emoções de culpa, raiva e ansiedade.

Vale lembrar que o sentimento de tristeza é um sentimento normal, sendo uma reação normal de todo ser humano, e que vamos sentir em algumas situações ao longo da vida.

O que diferencia esse sentimento de algo normal para um problema emocional mais sério é a intensidade e duração, deixando de ser algo temporário, tornando algo que merece atenção e tratamento.

A depressão na infância não tem como causa um único fator, sendo considerada uma doença multifatorial, ou seja, diversas variáveis estão relacionadas, como fatores ambientais, biológicos e psicológicos.

Sabemos que diferentes crianças respondem de forma diferentes as várias situações da vida, umas são mais resilientes, já outras sofrem grande impacto com situações adversas da vida.

Uma criança que frequentemente passa por vivencias negativas, como violência doméstica, presencia e ouve o pai ou padrasto bater na mãe, punida severamente por seus comportamentos, sofrer abuso psicológico, passar por abuso sexual, bullying, entre outras situações, tendem a ter seu emocional prejudicado ao logo da infância, adolescência e podendo ter consequências na vida adulta.

A criança passa a sentir raiva, se perceber inferior, envergonhada, humilhada e desprotegida. Acontece em muitas famílias, com relações conflituosas, o fato de os pais brigarem pode fazer com que a criança se sinta culpada pelos conflitos dos adultos.

Não é raro em famílias disfuncionais a criança começar a se sentir ruim e achar que os pais não gostam dela, e isso impactar negativamente na saúde emocional desta criança.

Sabe-se que para uma criança ser saudável não se deve levar em conta só os aspectos físicos e orgânicas. Para além das necessidades físicas e orgânicas, a criança precisa ter suas necessidades psicoemocionais atendidas.

Um ambiente familiar seguro, que atenda às necessidades da criança, pais emocionalmente saudáveis, estabilidade, empatia, respeito, aceitação, regras e limites saudáveis.

É no ambiente familiar que a criança tem o primeiro aprendizado emocional, onde desenvolve a autoestima, as percepções de si mesmo, aprende a se relacionar com outro e a lidar com as emoções e sentimentos.

Desta forma, o ambiente familiar, pais e responsáveis são os principais agentes de mudança e referência no desenvolvimento cognitivo, social e emocional das crianças.

Sendo o ambiente familiar saudável um fator protetor contra a depressão na infância.

Outros fatores de risco de depressão na infância:

  • Atitudes disfuncionais da família;
  • Morte de um dos pais;
  • Perda de um animal de estimação, amigo ou ente querido;
  • Atitudes de autoritarismo e permissividade por aparte dos pais;
  • Abandono de um dos pais;
  • Separação ou divórcio;
  • Presença de depressão em um dos pais;
  • Falta de suporte e apoio familiar;
  • Dificuldades escolares com baixo rendimento;
  • Dificuldades de relacionamento com professor;
  • Problemas relacionados com amigos;

Desta forma, o aparecimento de tristeza pode ser indicador de algum problema na infância, dependendo da duração, intensidade, assim como a presença de outros sintomas associados.

Compreender a depressão é fundamental, sendo um dos passos para enfrentar o problema. Estudos sobre o assunto descrevem que o quadro de depressão infantil traz prejuízos no comportamento, nas relações familiares, social e problemas escolares.

Os pais na sua maioria, estão buscando fazer o melhor para seus filhos, enfrentando os desafios, buscando reconhecer e exercitar seu papel enquanto pais.

Não é fácil reconhecer em sua totalidade os desejos, pensamentos, sentimentos e comportamentos da criança. Mas estão na busca e fazer com que o filho cresça e seja uma criança, adolescente e um adulto preparado para lidar com os desafios da vida.

É fundamental a identificação dos sintomas de depressão infantil, pois as crianças tem maior dificuldade de regular as emoções, desta forma elas tendem a regular as emoções apresentando comportamentos disfuncionais, como agressão física, isolamento, suicídio.

A saúde integral de crianças deve ser prioridade em nossa sociedade, sendo colocada como prioridade e pauta de saúde pública.

Toda e qualquer criança precisa ter suas necessidades básicas atendidas, pois sua sobrevivência física e psicológica depende desse processo.

Pais, responsáveis, familiares, professores e profissionais, vamos ter um olhar atento para a saúde mental das crianças.

Se a criança apresentar alterações de humor e comportamento, procure entender o que pode estar acontecendo e buscar ajuda profissional, caso seja necessário.

Portanto, pais, mães e responsável, a depressão na infância e verdadeira. Acredite no seu filho, na sua filha. Observe e conversa com a criança e com o adolescente.

Por Ilma Paula

Capa: FreePik

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