A notícia de uma gravidez sempre foi motivo de alegria entre amigos e familiares. O mito de um momento sublime e desejado é muito presente. Mas quando esse sentimento só ocorre em volta da gestante e não com ela, como agir? Quando esta não consegue sentir essa enorme felicidade que lhe é pregada, o que fazer?
Em primeiro lugar, é muito importante que a mulher se permita sentir e falar a respeito de seus sentimentos e frustrações. As pessoas mais íntimas devem estar abertas a ouvir e ser apoio. Sem conselhos rasos e opiniões generalistas, mas apenas oferecer acolhimento, pois o contexto em que este bebê está chegando traz forte influencia na maneira como ela consegue elaborar e vivenciar esse momento. Planos pessoais adiados, instabilidade financeira ou na vida conjugal, ausência do desejo e planejamento de ser mãe, são apenas alguns exemplos de situações que interferem diretamente no significado da gravidez.
O primeiro trimestre de gestação apresenta maior possibilidade de intensa alteração do humor, angústia, sentimentos de inadequação e oscilação entre rejeição e aceitação. A mulher ainda não sente o bebê se movimentar, por exemplo, mas existe o mal estar frequente, a necessidade de atenção à saúde, alimentação e exames médicos. A despreocupação com esses cuidados já demonstram a sua dificuldade em formar um vínculo saudável com a criança.
Assim, perceber como é difícil lidar com as próprias emoções, as pessoas, as expectativas e fantasias ao seu redor, a visão social de uma gravidez perfeita e sem sofrimentos, geram medo e culpa. Então o comportamento muda diante das frustrações e contradições vivenciadas. A gestante começa a se isolar, a apatia toma seu espaço e junto a outros sintomas começam os episódios depressivos.
Sendo assim, o acompanhamento profissional torna-se um caminho imprescindível, através de terapia em grupo ou psicoterapia individual, torna-se possível trabalhar os pensamentos e emoções que ocorrem na gravidez. Buscando compreender e lidar com as mudanças bruscas e definitivas que ocorrem na vida de uma gestante. Podendo alcançar, neste processo, a aceitação desta nova realidade de forma saudável, evitando que as renúncias e transformações que estão só começando afete permanentemente a relação com o bebê.
por Aline Arantes.
Crédito Capa: Fotografa Eugenia Malta.