Psicóloga (o), meu filho, precisa de passar pela psicoterapia? Pergunta comum no consultório.
No inicio da vida a criança depende extremamente dos seus pais ou cuidadores. Ela se identifica com o meio ambiente que vive, aprendendo, tirando referências, exemplos e formas de agir.
A família é a primeira fonte de informações que a criança está inserida e é a família que poderá promover saúde ao seu membro.
Os pais quando planejam ou descobrem que terão um bebê, vem embutido uma gama de sentimentos e podemos destacar alguns como: felicidade, responsabilidade, preocupação, ansiedade.
Fora as projeções de querer que o filho seja isso ou aquilo, sempre com a esperança que ele tenha saúde, não sofra, seja inteligente.
São desejos legítimos dos pais, porém no meio do caminho pode acontecer algumas interferências no desenvolvimento do seu filho e é ai que os pais precisam estar atentos.
Durante o desenvolvimento da criança, os pais vão percebendo como ele funciona e às vezes precisamos pedir ajuda para entender o que está acontecendo e fazer algumas mudanças e adaptações para uma melhor vida da criança.
Vemos no consultório casos de crianças que já são encaminhadas com diagnóstico fechados relacionados com algum transtorno ou síndrome, temos os casos que nós (psicólogos) identificamos esses transtornos e também vemos os casos em que o filho é apenas um membro que vai revelar uma dificuldade da família em diversas questões.
Temos que ter esse olhar sensível para ajudar a família onde ela está precisando.
Hoje vamos falar um pouco sobre alguns temas para pais identificarem em seus filhos essa demanda para pedir ajuda especializada.
Sabemos que não é fácil e muito menos confortável enxergar que seu filho precisa dessa atenção e cuidado, até por que a maioria dos pais se preocupam e se esforçam para fazer feliz seus filhos todos os dias e aceitar as dificuldades do seu filho e procurar ajuda é um ato de amor.
Vou elencar alguns dos temas que mais aparecem no consultório, lembrando que tudo que você como pai perceber de diferente no seu filho, fiquem em alerta.
Problemas acadêmicos:
Sabemos que cada criança tem seu tempo para aprender e não devemos comparar uma criança com outra, porém temos como pressupostos alguns caminhos que as crianças vão percorrendo durante seu aprendizado e quando vemos que a criança não aprende e/ou não tem interesse por nenhuma atividade é um sinal de alerta.
Outra característica que vejo com relação ao ambiente escolar, é a dificuldade de se relacionar com os colegas ou chegar ao extremo de não querer frequentar a escola.
A criança pode ter dificuldades em aprender e estar sofrendo bullying por conta do seu jeito. E a escola será também instrumento essencial nessa investigação, com o intuito de perceber as dores da criança no ambiente escolar.
Desobediência e Birra:
Você percebe que seu filho tem dificuldade em aceitar o NÃO e todas as tentativas de negociação com seu filho são frustradas e ele fica muito agressivo e não consegue entender o motivo do não, é um sinal de alerta.
Percebo crianças que querem tudo do seu jeito, na hora que elas querem e se os pais não dão, gera uma grande confusão e muitas vezes constrangimentos, pois pode ser em público e dessa forma os pais quererem evitar essa situação e acabam cedendo sempre e a criança muito esperta que é, acaba por dominar a casa.
Além de uma interação terapêutica com a criança, os pais serão integrados no processo terapêutico, com orientações relacionadas ao próprio comportamento e o comportamento das crianças nos ambientes que convivem.
Dificuldade de interação social:
Percebo uma preocupação quando os pais percebem que os filhos estão se isolando.
Muitas vezes vem camuflado por timidez (o que muitas crianças tem como aspecto de sua personalidade e isso é normal), mas o que nos preocupa é quando a criança tenta evitar qualquer tipo de contato com as pessoas nos ambientes que convivem e tem a preferência em ficarem sozinhas, brincando, assistindo TV, no celular, enfim, fazendo qualquer atividade, desde que seja sozinha.
E ai um almoço em família já pode ser considerado uma ameaça para a criança e ela sofre com essa situação.
A criança pode se sentir ansiosa, angustiada e assim percebemos que situações consideradas “normais” de interação, geram muito desconforto. Também é sinal de alerta e devemos investigar o que está causando esse sofrimento.
Impulsividade / Dificuldade de auto-controle:
Outra característica que dificultam o desenvolvimento e a interação social das crianças.
Vemos crianças impulsivas que não conseguem ouvir o outro, não conseguem seguir regras e combinados, não conseguem esperar sua vez em brincadeiras e jogos, começa muitas atividades e não termina nenhuma.
Essas dificuldades de autocontrole demonstram que a criança está precisando de ajuda, seja para um autoconhecimento da criança e da família e assim ajustar esse comportamento, ou por conta de algo mais grave que precisa ser investigado e cuidado.
Esses foram algumas das dificuldades que as crianças podem passar e se não for cuidada, pode acarretar numa adolescência mais pesada e num adulto mais difícil por não saber lidar com essas dificuldades.
Por isso alertamos os pais, para que fiquem atentos e participem do processo terapêutico com o foco em reconhecer e diminuir o sofrimento do seu filho.
Como disse acima, a criança pode ser apenas um instrumento que vai levar essa família para psicoterapia e assim vão surgir outros temas para serem trabalhamos, visando o bem estar de todos os membros dessa família.
Pais, olhem para seus filhos, conversem, passem tempo de qualidade juntos, perceba seus conquistas e suas dificuldades e ao menor sinal que de não estão conseguindo ajudar, procurem algum profissional para caminharem juntos nesses processo.
Muito amor e coragem para essa missão que é ser pais.
Por Brunna Pereira.
Foto de capa: Unsplash
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