AS CRIANÇAS E A GUERRA

Descobrindo a Notícia: As crianças e a guerra

Março de 2022, o mundo ainda vivência e enfrenta a pandemia do COVID-19. No entanto, os noticiários já têm nos apresentados há alguns dias um cenário de tristeza novo, uma guerra na Ucrânia. Temos também outros seis conflitos sangrentos pelo mundo que não são pauta dos nossos noticiários.

A Etiópia completou 16 meses de guerra, mais de 900 mil pessoas em situação de fome, o Lêmen está em guerra tem 8 anos, já se contabilizam 233 mil mortos.  No Haiti temos um dos piores cenários de fome e violência. Mianmar, Síria e o Afeganistão também estão em GUERRA.

 E agora um novo conflito, Rússia x Ucrânia. O fato é que o mundo sai perdendo. A Rússia disputa parte do território Ucraniano, a disputa por essas terras deixa um rastro de destruição e tristeza.

As pessoas se refugiam para tentar salvar suas vidas e a de seus familiares, dentro de todo esse cenário temos as crianças. E não estou me referindo apenas aquelas que estão lá no meio do caos e da guerra, volto as atenções para as crianças do mundo recebendo e processando as informações de guerra.

Não é difícil notar que num espaço tão curto de tempo as crianças foram bombardeadas com notícias tristes e sensíveis, tiveram suas rotinas modificadas e se viram tão confusas e deslocadas como os adultos.

 A pandemia da COVID-19 tirou o mundo da sua rotina. Nem nos recuperamos do estrago causado pelo vírus, já estamos vivenciando através dos noticiários outro caos a guerra na Ucrânia.

Tantas informações de destruição e dor tende a abalar a nossa saúde mental. E os pequenos como tem lidado com isso?

É fato que tentamos preservar e poupar as crianças de assuntos tão delicados, mas a pergunta que fica é: Blindar assuntos de violência das crianças é a melhor opção? Em meio a tanta tecnologia e aceso á informação é possível manter os filhos longe das notícias de guerra e destruição?

A psicóloga Sarah Izis comentou que manter a criança longe da informação se torna cada dia mais difícil, e que temos táticas e meios para abordar assuntos sensíveis com as nossas crianças, preservando a sua saúde mental.

Sarah relata que ainda estamos no cenário de pandemia, e que a doença mudou a forma de ser do adulto, ou seja, os cuidadores das nossas crianças. E que tal mudança impactou no desenvolvimento não só desses adultos, a saúde mental foi muito afetada.

Sarah destaca que acumulamos a pandemia com a violência da guerra, e que temos duas situações envolvendo as nossas crianças.

 A primeira é a criança que está em loco, ou seja, aquela que está enfrentando a violência e a consequência da guerra. A outra é a que recebe as notícias desse evento de tamanho magnitude.

Os problemas cognitivos e emocionais causados pela violência podem ser percebidos logo na primeira infância.

A ansiedade, insônia, irritabilidade e agressividade geralmente são os primeiros sinais que as crianças afetadas psicologicamente emitem. Afirma a psicóloga. Outros sinais que podemos perceber e a dificuldade de interação, tornando a criança introspectiva e inconstante emocionalmente, completa Sarah.

Como já destacamos anteriormente temos situações destintas, uma é a criança que vivencia a guerra por noticiários, a outra é a criança residente do país que está em guerra.

A guerra mata centenas de crianças todos os dias, afirma a ONG Save the Children.

Com base em dados de 2017 cerca de 300 crianças morrem todos os dias no mundo decorrente de conflitos armados. Uma de cada cinco crianças vive numa região de guerra.

 Podemos listas a fome, as doenças e as armas como causas desse número alarmante.  No entanto os números da guerra da Rússia e Ucrânia ainda não foram contabilizados.

Um outro dado relevante apontado pelo relatório da Organização está diretamente relacionado a temporalidade. Pois, praticamente um quinto das crianças vivem em zonas afetadas por conflito, esse é a maior proporcionalidade registrada nas duas últimas duas décadas.

No início da década de 90 os registros apontavam cerca de 200 milhões de crianças em áreas de conflitos armados, em 2017 esse número pulou para cerca de 357 milhões de crianças.

O relatório denominado Stop the War on Children relacionou os dez piores países para as crianças: Afeganistão, Iêmen, Iraque, Mali, Nigéria, República Centro Africana, República do Congo, Somália, Sudão do Sul e Síria.

Acredito que teríamos a Rússia e a ucrânia incluídas nesse relatório caso a pesquisa tivesse sido realizada esse mês.

 A presidente executiva da Save the Children, Helle Thorning Schmidt disse para a mídia:

“É chocante que no século 21 estamos retrocedendo em princípios e padrões morais tão básicos. Crianças e civis não podem ser alvos’’.

A guerra e as suas sequelas

O saldo da guerra incluí muitos aspectos, o financeiro, o territorial, o político e outros. No entanto pouco se falam do prejuízo emocional e psicológico causado por uma guerra.

São sequelas que as pessoas não conseguem visualizar de forma clara. As sequelas psíquicas, podem mudar a vida de um ser humano. Já a destruição causada pelos conflitos armados modifica a cultura e a história de uma nação.

Os transtornos psicológicos de qualquer cenário de violência podem ser devastadores. Já relatamos esses aspectos na edição da nossa revista Virtual de janeiro e fevereiro deste ano.

O nosso enfoque na violência sempre foi voltado para o universo infantil, discutimos os tipos de violência, as consequências e os aspectos jurídicos. No entanto, nos últimos meses voltamos o nosso olhar para a saúde mental das nossas crianças.

Dados já apontaram que a Pandemia deixou sequelas no desenvolvimento infantil, como bem relatamos ainda nem contabilizamos esse saldo já nos vimos inseridos num outro contexto delicado, a GUERRA.

A nossa compreensão e a maturidade que adquirimos ao passar do tempo tende a nos proporcionar um melhor entendimento das coisas cotidianas. No entanto, assuntos como morte, destruição, miséria e guerra nem sempre são facilmente absorvidos.

Diante desse aspecto podemos entender o quanto a violência pode ser difícil para ser compreendida por um pequenino.

 A tarefa de tratar sobre esses assuntos com os nossos filhos é no mínimo desconfortável.  

O importante é relatar que os cuidadores e os pais precisam usar de determinadas técnicas para lidarem com assuntos sensíveis. 

A intenção de amenizar os transtornos que a violência pode causar não significa colocar a criança dentro de uma bolha. Ignorar o assunto quando o filho vem falar a respeito pode deixar a criança ainda mais confusa.

A psicóloga Sarah Izis listou algumas dicas valiosas para a hora desses diálogos delicados.

-Separar um tempo tranquilo e isolado para a conversa

-Validar o sentimento da criança

– Demostrar os seus sentimentos diante dos fatos

– Tentar abordar o porquê da guerra na linguagem da criança.

Gostou da primeira matéria da coluna “Descobrindo a Notícia”?

Por Josiely Gomes

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