A SÍNDROME DE TOURETTE

O Primeiro da Classe é um filme que retrata o dia-dia de uma pessoa com a síndrome de Tourette, ele faz reflexões sobre as diferenças e como lidamos com ela.

A Síndrome de Tourette (ST) que é uma síndrome neuropsiquiátrica que integra o espectro dos transtornos de tiques. Tiques são vocalizações ou movimentos involuntários, rápidos, não-rítmicos, repetitivos e estereotipados.

A Síndrome de Tourette é geralmente associada ainda a uma variedade de problemas comportamentais e emocionais.

O filme “O Primeiro da Classe”, conta a biografia de Brad Cohen que desde os seus sete anos de idade sofre rejeições, tanto das instituições de ensino que estudou, quanto pelo seu pai.

Essas rejeições se davam porque Brad fazer “barulhos” diferentes, e as pessoas não entendiam, achava que era uma brincadeira de mau gosto e o desprezavam e o castigavam por isso, nesse momento não conheciam a Síndrome de Tourette.

Brad nasceu em 1974 e cresceu em St. Louis, Missouri, em uma família judia. Quando tinha seis anos de idade começaram a aparecer os fenômenos compulsivos.

Seus pais se divorciaram durante a sua primeira infância, na qual o seu pai não aceitava aquele comportamento chegando a humilhar e desprezar seu filho, por fazer esses barulhos involuntários, tidos pela sindrome de Tourette.

Ele foi visto como um garoto indisciplinado e malcomportado porque ele tinha constantes “tiques” diferentes (da sindrome de Tourette) e produzia sons variados dentro da sala de aula e em casa, o que incomodava bastante seus colegas de classe, os professores e principalmente seu pai.

A educação segue um plano de aula de acordo com o sistema de ensino vigente, independente de ser o primeiro ou ultimo e muitas vezes ignorando as possíveis alterações no processo, incluindo a reação diferenciada de algum aluno.

Infelizmente, nem todos os professores estão preparados para lidar com as diferenças, muitas vezes perdendo a noção do que pode ou não se revelar como doença que foi o caso dos professores de Brad

A sua mãe, imediatamente, o apoiou e o levou a um grupo de apoio a portadores de Tourette, mas se decepcionou porque ao invés de oferecer apoio, o grupo se limitava a inculcar que os portadores desta síndrome eram fadados ao fracasso e ao isolamento.

Muitas vezes lidamos como se a pessoa já tivesse um destino traçado por ser diferente de nós.

Mas Brad não se intimidou com a Tourette, ao invés disto se tornou obstinado e persistente em realizar seu maior sonho: Ser o primeiro e ser professor.

Brad ensinava às crianças sobre a síndrome de Tourette, no início de cada ano, de modo que era popular entre os estudantes. O que era incialmente diferente para eles, tornou-se comum.

Com seus métodos de ensino suas aulas eram criadas muitas vezes no caminho do supermercado para casa, ou no caminho da escola, sempre com muito humor e principalmente amor.

E são essas características, ditas diferentes, que fizeram com que após a supervisão por um representante do Estado na escola, Brad ganhou o Primeiro Prêmio Professor do Ano da Georgia.

Brad decide contar sua história e escreveu, em parceira com Lisa Wysocky, o livro O Líder da Classe: Como a Síndrome de Tourette me fez ser o professor que nunca tive que foi publicado em 2005 e ganhou o prêmio de Melhor Livro Educativo do Ano da prêmiação Independent Publisher Book Award. Brad conhece Nancy e se casa com ela, em 2006.

Brad ilustra muito bem como a dedicação ao ofício faz com que todos os obstáculos sejam superados, tornando possível a realização de um resultado positivo.

Coda

Sua “deficiência”, embora não podemos dizer que a síndrome de tourette seja uma deficiência talvez seja melhor dizer diferença, é sua melhor aliada em seu progresso, pois é o que o impulsiona em sua busca de realização profissional e pessoal.

As dificuldades enfrentadas na infância principalmente no que se refere à falta de tato dos educadores, é o que se transforma em motivação para seu projeto profissional.

Podemos concluir que o filme é uma lição de vida, pois nos alerta sobre o perigo de qualquer tipo de preconceito ou estigma, no caso do filme pela síndrome de tourette, mas em nossas vidas pode ser comparada a qualquer outra diferença.

De fato, o enredo nos chama a atenção sobre o quanto as reações sociais às diferenças podem provocar o agravamento de “doenças”, e, em alguns casos, até resultando em distúrbios até então inexistentes.

A sindrome de Tourette era agravada devido as emoçoes geradas pelas situações desprezo vividas pelo personagem.

A obra é um presente que nos conduz a discussões e reflexões importantes sobre relações familiares, afetivas, sociais, professor/aluno, diferenças e preconceitos.

Podemos dizer que o mais intrigante e desafiador, é a forma que o próprio Brad encara sua doença, fazendo com que ela seja sua motivação ao invés de limitação. A mensagem sobre a força que tem um sonho é bem clara no filme.

Lembrando que temos que ter muito cuidado com o discurso da superação, pois como também vimos com Brad, a dificuldade é posta pela forma que os outros encaram as diferenças, e o discurso do:

 Você precisa superar!

 Leva a responsabilidade unicamente para a pessoa, quando na verdade esse compromisso é de todos e as barreiras não deveriam existir.

Aproveite com sua família e reflita sobre esse filme.

Por Caroline Nunes

Capa: Ricado Shimonsaki

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