FOBIA SOCIAL NA INFÂNCIA

O que é fobia social?

Você é extremamente tímido (a)?

Você evita situações do dia a dia por ansiedade ou medo da exposição ou julgamento de outras pessoas?

A ansiedade é uma emoção normal do ser humano, todos nos sentimos em algumas situações da vida. Este sentir pode ser por uma prova, apresentar um trabalho, participar de um evento, um passeio, conhecer pessoas novas, entre outros acontecimentos do dia a dia.

Uma ansiedade desagradável, de medo, apreensão, tensão e desconfortos são reações normais diante situações adversas, que podem representar perigo e desta forma a ansiedade se torna protetora diante de situações da vida. Veja mais sobre a ansiedade infantil aqui.

A timidez não é um transtorno, é um traço da personalidade normal, tem pessoas que vão ser mais reservadas e introvertidas, que por si só não é um comportamento patológica. É comum na infância timidez diante de estranhos ou em certos momentos do cotidiano.

A infância e adolescência é um período de muitas e grandes transformações, as inseguranças fazem parte destas transformações, nessa fase os adolescentes enfrentam problemas de autoestima, problemas com amizades, relacionamentos, com o corpo e muitas vezes passam por situações de bullying na escola ou em outro ambiente.

Nessa fase os adolescentes tem necessidade de aceitação, tendem a buscar por essa aceitação, porém nem sempre é simples e fácil para todos, para alguns essa situação vai se tornar um grande desafio.

Outros vão se familiarizando com o contexto de forma natural, tendo um curso dentro normal, pois o que é esperado das relações é que as pessoas vão ficando mais à vontade na medida que as interações sociais vão acontecendo.

Ansiedade Infantil

Quando há uma um impacto significativo no desempenho social, profissional ou entre outras campos da vida, tratando-se de um sentimento ansioso que causa sofrimento e danos na vida da criança e adolescente, estes sintomas deixam de ser normais e passam a ser um transtorno de ansiedade social denominado também de fobia social, podendo se tornar incapacitante e limitante.

A fobia social tem como característica principal o medo e ansiedade excessiva em situações sociais, tendo como padrão medo de ser avaliado pelos outros, podendo começar na infância e prolongar até a vida adulta.

Critérios diagnósticos:

  • Medo e ansiedade de ser avaliado negativamente, em contextos de interações com pares e adultos;
  • A criança teme que se agir de certa forma, vai demostrar para os demais que ela está ansiosa, nervosa, com rubores, tremores, transpiração, se enrolando nas palavras e que será vista de forma negativa;
  • Situações sociais quase sempre provocam ansiedade e medo;
  • Em situações sociais podem apresentar comportamentos de choro, ataque de raiva, imobilização, segurar-se a um adulto ou encolher-se;
  • Evitar de situações sociais temidas ou passa por elas com intensa ansiedade;
  • Medo e ansiedade desproporcional ao risco real de ser avaliado negativamente ou as consequências dessa avaliação negativa;
  • O sintomas de medo, ansiedade e esquiva precisam estar influenciando consideravelmente na rotina ou em atividades sociais ou relacionamentos e causando sofrimento clinicamente significativo.

Exemplos de timidez excessiva, que podem estar relacionadas a fobia social na infância e adolescência.

  • Não querer ir em festas;
  • Evitar ir à escola;
  • Evitar fazer amizades, limitar contato;
  • Brincar sozinha para evitar interação;
  • Não apresentar trabalhos na escola;
  • Querer ou faltar nos dias de apresentação na escola, por medo da exposição;
  • Não participa de atividades comuns da infância a adolescência;

A ansiedade se manifesta por meio de vários sintomas físicos, como náuseas, boca seca, falta de ar, dores de estomago, taquicardia, sudorese dores de cabeça, náuseas, gagueira, inquietude, contato visual pobre, tom de voz baixo, voz tremula, roer unhas, entre outros.

O transtorno de ansiedade social ou fobia social tem prevalência em 75% das crianças e adolescentes entre 8 e 15 anos de idade.

Vale lembrar que a ansiedade não deve ser julgada como desproporcional quando a criança ou adolescente passou ou está passando por alguma situação de perigo real, como em casos de bullying, ridicularização, rejeição, ameaças ou violências em algum contexto.

Para as crianças e adolescentes que sofrem de fobia social o ambiente escolar é algo desafiador, pois tem que estar nesse ambiente quase todos os dias. Nesse contexto, é onde a maioria dos eventos ansiosos acontecem, como conversar com os colegas, fazer provas, apresentações, leituras em voz alta, tirar dúvidas com o professor, entre outras.

Para estas crianças e adolescentes, atividades corriqueiras tornam-se um desafio. Evitam participar das aulas e atividades, ir a lousa, muitas vezes posterga ir tomar água, usar o banheiro ou brincar em grupo. Mesmo tendo vontade de participar das atividades, fazer amizades, ter contato social, apresentar um trabalho escolar, comer em público e ir no aniversário do amigo, este não conseguem realizar estas tarefas simples, devido aos sentimentos intensos de ansiedade e medo.

As situações cotidianas costumam ser interpretadas como ameaçadoras e possuem pensamentos de que serão rejeitados ou humilhados pelos outros a partir do seu comportamento, tendem a desenvolver pensamentos negativos sobre si mesmo.

A duração e intensidade dos sintomas são fundamentais para diferenciação entre fobia social e timidez transitória.

As crianças e adolescentes que não apresentam um repertório de habilidades sociais, vão apresentar dificuldades na interação social, pois as situações interpessoais fazem parte da vida. Elas podem apresentar problemas de timidez, baixo desempenho escolar, isolamento social, ansiedade e depressão.

O tratamento da fobia social ainda é algo considerado pouco comum, visto que muitas vezes pais, responsáveis e professores tendem a ignorar tais sintomas e comportamentos, fazendo com que elas sofram muito e muitas vezes caladas e sozinhas.

Isso se dá pelo pouco conhecimento do assunto, isso faz com que poucos busquem tratamento, por achar que é algo passageiro, ou mesmo que é coisa de criança, julgando não ser motivo para buscar ajuda profissional.

Os pais tem papel fundamental no enfrentamento da fobia social, pois eles são responsáveis por ajudar os filhos a lidar e enfrentar os desafios do transtorno de ansiedade social.

Os pais devem evitar rótulos, comparações dos filhos com outras crianças, não forçar a criança a fazer atividades em que ela não se sinta bem, paciência para lidar com os comportamentos de esquiva.

É importante também estimular a criança e adolescente a participar de atividades com pequenos grupos, incentiva e promova brincadeiras em casa e com os colegas, dialogue sobre formas de enfrenar essa ansiedade e acolha os sentimentos da criança.

A busca por tratamento se faz necessário, pois o transtorno causa muito sofrimento para quem convive, trazendo muitas consequências para a vida e desenvolvimento desta criança e adolescente.

Ele afeta todos os aspectos da vida da criança e do adolescente, como evasão escolar, queda no desempenho escolar e profissional, bem como dano em várias áreas da vida na vida adulta.

No tratamento é trabalhado a autonomia, independência, exposição, enfrentamento das situações de ansiedade, reforçadores, resolução de problemas e habilidades sociais.

Nesse processo é fundamental a participação da família, escola e de todos envolvidos com a criança e adolescente.

Portanto, mães, pais e responsáveis, acompanhe seus filhos, fique atentos aos sinais e sintomas, busque promover o ambiente familiar saudável, com respeito empatia e reforçadores positivos.

Lembre-se, a melhora do curso do quadro da fobia social da criança e do adolescente tende a melhorar significativamente, fazendo com que esse sofrimento seja amenizado.

Por Ilma Paula

Capa: FreePik

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