Terapia psicomotora: visando o desenvolvimento cognitivo, emocional e motor do seu filho!
Você que está acompanhando o blog, já ouviu falar sobre esta ciência e já tem uma boa noção dos benefícios desta incrível área que é a Psicomotricidade.
Nos artigos anteriores venho mencionando com frequência sobre a estimulação do desenvolvimento psicomotor e neste irei discorrer sobre a terapia psicomotora.
A terapia psicomotora é sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento (ação), o intelecto (cognitivo) e o afeto (a emoção).
É indicada para estimular crianças desde a mais tenra idade, à adolescentes, adultos e idosos.
A terapia psicomotora pode ser realizada em grupo ou individualmente e se estrutura em três pilares:
1º Pilar: O querer fazer está vinculado à área emocional.
Existem estruturas cerebrais que desempenham papéis importantes no controle das emoções: amigdala, hipocampo, córtex pré-frontal, sistema límbico, hipotálamo entre outras que se relacionam.
2º Pilar: O poder fazer está ligado à área motora.
As estruturas cerebrais envolvidas no controle e execução do movimento, são o córtex motor primário, córtex motor, córtex pré-motor e gânglios da base como principais áreas gerando movimentos fluídos.
3º Pilar: O saber fazer se relaciona ao cognitivo.
As principais áreas são o córtex cerebral, hipocampo, tálamo, corpo caloso, cerebelo e amigdala na regulação da memória e na associação entre eventos emocionais e cognitivos.
A terapia psicomotora utiliza uma importante ferramenta para o desenvolvimento infantil dentro do setting terapêutico chamado Jogo simbólico.
O jogo simbólico é uma forma de brincadeira na qual a criança representa papéis imaginários, atribuindo um significado simbólico a objetos e situações.
Ele envolve a criação de cenários fictícios, representações e imitação de personagens.
Ao incorporar o jogo simbólico em intervenções psicomotoras, os psicomotricistas oferecem às crianças um espaço seguro para explorar suas emoções, pensamentos e experiências através da brincadeira.
Na terapia psicomotora a criança é incentivada a criar histórias, interpretar personagens e usar sua imaginação de maneira livre, expansiva expressando suas emoções.
Nós, psicomotricistas acompanhamos essa expressão emocional, oferecendo suporte, facilitando a compreensão e a regulação das emoções manifestadas.
No setting da terapia psicomotora na vertente da Psicomotricidade Relacional (falaremos a seguir), a criança, adolescente e adulto utilizam a linguagem não verbal para comunicar suas ideias, expressar seus sentimentos e interagir com o outro.
Nas propostas da SócioPsicomotricidade Ramain-Thiers, também ocorrem interações, promovendo o desenvolvimento social e o aprendizado de habilidades sociais, como compartilhar, cooperar, negociar, resolver conflitos e seguir regras.
Nós psicomotricistas facilitamos essas interações, encorajando a verbalização e fornecendo orientações para o desenvolvimento de habilidades sociais positivas.
Na terapia psicomotora, estimulamos o desenvolvimento cognitivo, pois elas precisam usar habilidades de resolução de problemas, raciocínio lógico, planejamento e memória para criar e manter a coerência em seu jogo.
Nós, psicomotricistas propomos desafios e oferecemos estímulos que promovam esse desenvolvimento cognitivo, adicionando elementos complexos à história ou diferentes soluções para um problema dentro do jogo simbólico.
Os jogos cooperativos, dramatizações e atividades lúdicas também são desafiadores, despertam a curiosidade e interesse das crianças enquanto fortalecem suas habilidades emocionais e motoras.
Na terapia psicomotora também são oferecidos exercícios de relaxamento e respiração.
São técnicas simples de relaxamento e respiração com intuito de ajudá-las a controlar as emoções, lidar com o estresse e encontrar um estado de equilíbrio emocional.
Quando trabalhamos com a estimulação sensorial, oferecemos experiências variadas por meio de texturas, exploração de materiais sensoriais e atividades que estimulem os sentidos.
Essas experiências ajudam as crianças a desenvolverem a consciência corporal, regular as emoções e a expressar seus sentimentos de maneira adequada.
O envolvimento das mães nesse tipo de atividade é altamente benéfico para o desenvolvimento das crianças.
Existem várias maneiras pelas quais as mães podem realizar “o jogo simbólico em casa” com seus filhos:
As mães não irão realizar a “terapia psicomotora” com os filhos, mas sim, realizar exercícios e atividades psicomotoras em forma de brincadeira onde irão se beneficiar mutuamente, fortalecendo o vínculo e estimulando adequadamente.
Poderão acompanhar a narrativa criada pela criança, fazendo perguntas que estimulem a imaginação e enriqueça a brincadeira com sua própria contribuição.
As mães também podem ajudar fornecer materiais, objetos que possam ser usados no jogo simbólico, como roupas de fantasia, adereços, bonecos, utensílios domésticos e a criar cenários.
As mães que participam deste momento com seus filhos, desenvolvem um olhar diferenciado, uma observação e escuta ativa não somente durante o jogo simbólico como em seu cotidiano.
Ao brincar com a criança, não estarão realizando a terapia psicomotora mas, a “terapia do brincar”, podendo identificar os interesses e as necessidades da criança, reconhecer suas expressões emocionais e compreender melhor suas habilidades e desafios.
Portanto, o instrumento específico de trabalho da Psicomotricidade são, principalmente, os jogos, propostas psicomotoras e as brincadeiras onde conseguimos acessar o inconsciente da criança permitindo que ela libere seus desejos, ansiedades e seu EU criativo.
O brincar é uma atividade fundamental para o desenvolvimento infantil e é uma das principais formas de estimular a criança nas sessões de Psicomotricidade.
Como mencionei no início, a Psicomotricidade possui suas vertentes. As terapias psicomotoras que trabalhamos é a Psicomotricidade Relacional e a Sóciopsicomotricidade Ramain-Thiers.
Nas sessões de Psicomotricidade Relacional, são disponibilizadas bolas de plástico, cordas coloridas de diversos tamanhos, bastões de espuma coloridos, tecidos de diferentes tamanhos, cores e texturas, caixas de papelão e jornais.
sobre desenvolvimento psicomotor
É à partir destes materiais e por meio do jogo simbólico do “faz de conta” que a criança compreende e reorganiza suas estruturas mentais (cognitivas) e emocionais, podendo modificar a sua “realidade” pois, o jogo simbólico frequentemente é uma imitação da realidade.
Nesta brincadeira simbólica cheia de conteúdos que a criança projeta, permite trabalhar o pensamento abstrato e experienciar o que o outro experimenta, desenvolvendo a empatia.
Pode-se dizer que o jogo simbólico seria uma imitação da realidade, por isso, nas sessões de terapia psicomotora, permite-se trabalhar o pensamento abstrato e a compreensão das situações não elaboradas adequadamente.
Além de auxiliar no desenvolvimento da compreensão, da oralidade, na comunicação e em aspectos relacionados à linguagem.
Os circuitos psicomotores, que envolvem uma série de atividades físicas desafiadoras, podem contribuir para o desenvolvimento de várias habilidades emocionais, como superação de desafios, autoconfiança, resiliência, coordenação motora e autocontrole.
Na terapia psicomotora na vertente da Sóciopsicomotricidade Ramain-Thiers são utilizadas propostas psicomotoras diferenciadas contidas nos Orientadores da metodologia:
– Descobrindo o Brincar: para crianças entre 3 a 6 anos;
– Orientador Terapêutico de Criança para a idade de 6 a 10 anos;
– Orientador Terapêutico para Adolescente (11+) e
– Orientador Terapêutico para Adultos.
A terapia psicomotora Ramain-Thiers propõe, com sua metodologia desenvolver a “atenção interiorizada”, sendo este conceito introduzido por Simmone Ramain e ampliado por Solange Thiers.
O indivíduo aprende a focar no seu EU, em seu estado de presença, em que ele é e deseja ser.
Gostaria de ressaltar que ao abordar estas duas vertentes da Terapia Psicomotora:
Psicomotricidade Relacional e Sóciopsicomotricidade Ramain-Thiers, cada criança pode experimentar benefícios específicos, dependendo de suas necessidades, interesses e contexto.
Crianças precisam brincar e desenvolver-se de forma integral, estimulando suas áreas cerebrais, desenvolvendo habilidades e equilibrando suas emoções, independente da metodologia utilizada!
Como adultos, nosso papel é ajudá-las a encontrar formas para se divertir. Mães, demonstre à criança que seu tempo com ela é importante para você!
Por Dri Lucchin