A COMPLEXIDADE DAS EMOÇÕES DE SER MÃE

Ser Mãe: A Complexidade das Emoções em Cada Fase da Maternidade

A chegada de um filho acompanha a chegada de uma mãe, recheada de incertezas, expectativas, inseguranças e desafios.

É muito comum a mulher receber milhares de sugestões, receitas e obrigações para ser uma boa mãe, porém, não existe preparação total e nem perfeição para este papel.

Podemos buscar auxílio em cursos, livros, relatos de outras mães, grupos, como formas e recursos de ampliar o contato com a função materna, mas não existe preparação para o universo de emoções que acompanham a maternidade.

A proposta é ampliar o papel materno ressaltando as complexas emoções que acompanham a mulher em cada fase da maternidade.

Gestação – Oscilações:

Aqui é onde tudo começa.

A primeira fase é o período que dá início a construção do “ser mãe” com muitas oscilações, inseguranças, alegrias, transformações e descobertas.

Os “altos e baixos” de emoções ocorrem pelas alterações hormonais que preparam o corpo da mulher para acomodar e desenvolver o bebê e também pelo impacto que o novo provoca, pois toda situação nova desperta uma mistura de emoções, sentimentos e pensamentos.

Nesta fase é fundamental a busca da mulher por seu autocuidado, conexão com seu corpo e bem-estar emocional, para que possa aproximar-se de uma gestação positiva.

O protagonismo que o bebê ocupa pode deixar a mulher irritada, enciumada ou até afastada de si mesma em função desta nova vida, assim como as mudanças corporais não são fáceis e podem ser acompanhadas de autocrítica e baixa autoestima.

Uma mãe que ninguém ver

Lembrar de expressar seus sentimentos e compartilhar com pessoas próximas e de confiança é uma boa forma para não isolar-se e sentir-se apoiada neste período tão delicado.

Assim como, participar de grupos de apoio e manter contato com outras mulheres na mesma fase podem despertar na mãe que ela não está sozinha, não esquecendo que, apesar de períodos parecidos, cada mulher vivencia este momento de forma única.

Em alguns casos, também é importante o apoio psicológico de um profissional para auxiliar a mulher a compreender as particularidades deste novo processo.

Primeira infância – Insegurança materna:

Logo após o nascimento, ocorrem mudanças hormonais e emocionais relacionadas ao parto, pois   trata-se da separação física entre ela e o bebê e a concretização do filho real.

Desta forma, é comum nos primeiros dias a mulher sentir-se entristecida, o que não deve ser confundido com depressão pós-parto (condição de adoecimento que necessita de tratamento profissional).

Essa sensação de apatia não permanece por um longo período e ocorre devido ao luto pela ausência física do bebê dentro de si e pela nova organização do papel materno, conforme dedicação exclusiva nos cuidados e total dependência que ele apresenta.

Os primeiros dias são delicados para ambos os lados, mãe e bebê estão se conhecendo e aprendendo a relacionar-se.

A insegurança é um dos principais sentimentos, conforme o bebê é singular, frágil e dependente da mãe, possuindo necessidades particulares, as quais, somente com a convivência poderão ser conhecidas e cuidadas.

Este período também é marcado pela importância do apoio e papel do pai, compreendendo e auxiliando nas necessidades e sentimentos experimentados pela mãe.

Quanto mais próximo e conectado este está da nova relação, melhor e mais segura a mãe sente-se para exercer sua função.

Infância – Expectativas e vínculo:

A infância é a fase onde a criança começa a formar sua identidade e inicia a vida social com maior intensidade.

Ocorre uma ampliação na busca da criança pela opinião de outras pessoas, mesmo que os pais continuem como principal referência.

O que é externo à família ganha força e importância no desenvolvimento de sua identidade.

Desta forma, a mãe vivencia o luto pela perda da relação tão íntima e próxima que construiu com o filho, é uma importante mudança do vínculo e uma quebra de expectativas e desejos.

O primeiro dia na escola é marcado por uma dor emocional intensa frente a separação, mas necessária para a autonomia da mulher e da criança.

Se não houver uma adaptação positiva neste período e uma compreensão de que este processo é natural para o desenvolvimento da criança, a mãe pode experimentar sentimentos de rejeição e inadequação, exercendo tentativas de controle sobre o filho que podem prejudicar este período tão importante.

A mãe pode permanecer próxima ao filho sem competir com as demais relações, compreendendo que possui sua importância na dinâmica e que nenhuma outra pessoa ocupará este lugar.

Envolver-se no estímulo e apoio para que o filho encontre respostas em vez de impor o que é certo e errado.

A escuta precisa ser ampliada, para que a mãe conheça na criança sua individualidade e potência, lembrando-se que é natural criar expectativas e desejar pela criança, mas que não necessariamente o filho corresponderá ao planejado.

De fato o que mais é experimentado é a frustração e adequação aquele ser que é independente.

Afinal, o que é ser mãe?

Ser mãe é uma experiência única e indescritível, marcada por transformações que contribuem para seu processo de construção.

Não existe fórmula ou receita, pois é um estado constante e gradativo de constituição, recheado de emoções e sentimentos complexos.

Apresentei aqui um recorte na maternidade até a infância, mas sabemos que este papel vai muito além desta fase.

Deixo abaixo algumas ressalvas e sugestões para uma ampliação da maternidade:

  • Antes de ser mãe você é mulher, com sua individualidade, potencialidades e dificuldades.
  • A função materna não pode ser vivenciada de maneira solitária, toda mãe precisa de apoio e suporte.
  • O pai é tão importante quanto a mãe no desenvolvimento do filho e deve participar igualmente, não apenas ajudando. Neste texto a proposta foi enfatizar o lugar da mãe, mas isso não exclui a importância do pai durante cada fase.
  • Reconhecer e estar aberta para aprender e crescer junto com o filho, pois o aprendizado de ser mãe nunca acaba, em cada nova fase surgem desafios, experiências e transformações.

Por Jéssica Bianchin

A Equipe do Descobrindo Crianças Deseja para todas as mães um lindo dia!

Parabéns!!!

Fonte de Pesquisa

Livro: A maternidade e o encontro com a própria sombra – Laura Gutman

Guia de Emoções na Gravidez: Como lidar com os sentimentos que surgem em cada semestre

As Dores e Delicias de ser Mãe em diferentes fases do Filhos

Foto Capa: FreePik

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