Autismo no Censo 2020. O Que Muda?

Atualmente, não existem dados oficiais sobre as pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) no Brasil. O censo é realizado a cada dez anos e apura a totalidade dos dados demográficos. 

No  último dia 18,  o Presidente Jair Bolsonaro sancionou a lei que obriga a inclusão, nos censos demográficos, de informações específicas sobre pessoas com autismo.

“Atendendo à necessidade da comunidade autista no Brasil e reconhecendo a importância do tema, sancionamos hoje a Lei 13.861/2019 que inclui dados específicos sobre autismo no Censo do IBGE. (Presidente Jair Bolsonaro)

Muitos, talvez não compreendam o porquê dessa luta e a alegria do “mundo Azul” (termo utilizado pela comunidade autista pela grande incidência do espectro no sexo masculino) com essa decisão do Presidente. No entanto, a inclusão do item sobre o autismo no censo nos permitirá a oficialização, mesmo que não fidedigna, em função do sub diagnóstico, dos números de pessoas dentro do Espectro Autista.

Autismo

E esses dados epistemológicos nos permite defender e argumentar a necessidade de políticas públicas que contemplem o tratamento e inclusão destas pessoas.

De acordo com as Organizações das Nações Unidas – ONU cerca de 1% da população mundial estão dentro do Espectro do Autismo, um total de 70 milhões no mundo.

De acordo com, o professor, José Otávio Motta Pompeu e Silva, no último congresso Internacional do Autismo no Rio de Janeiro – RJ, em Junho de 2019, estima-se que a estatística atual é de 1:45 o que nos dá uma média de 3.0558 milhões autistas só no Brasil. Porém, esses números não estão oficializados o que enfraquece e nos tira argumentos para exigir junto ao poder público locais para tratamento como os Centros Especializados de Referências em TEA.

Ainda nos dias atuais, apesar de Movimentos Nacionais como o MOAB – Movimento Orgulho Autista que tem representantes em várias regiões de todo o Brasil e todas as associações e entidades municipais e filantrópicas que atuam a favor e em prol da luta pela divulgação e conscientização do Autismo.

Milhares de pessoas ainda não conhecem sobre o transtorno, alguns vagamente já ouviram falar e outros não fazem ideia do que é.  Tamanha falta de informação ainda é um dos maiores entraves para o processo de inclusão dessa comunidade nas escolas, mercado de trabalho e sociedade como um todo.  

O autismo não é uma doença, portanto, não tem cura. É um transtorno do Neurodesenvolvimento que garante ao individuo um funcionamento neurológico e comportamental diferente. Com sintomas de déficits específicos na área de comunicação e interação social e padrões de interesses restritos e repetitivos.

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 O termo Espectro garante a vasta diversidade de manifestação dos sintomas em número e grau, de um indivíduo para o outro. Isto é, podemos ter autistas considerados graves por apresentar alto nível de dependência e baixa funcionalidade e outros bem leves com altas habilidades em uma ou diversas áreas cognitivas e intelectuais e extremamente funcionais.

Capazes de desenvolverem-se bem nos estudos, ter amigos, namorarem, ter conquistas e destaque profissional e pessoal. E ambos os casos, ainda assim, terão prejuízos nas habilidades sociais e pragmáticas, poderão ter interesses restritos e crises frequentes diante de situações pouco familiares e de muita pressão. 

Então, o que muda com a entrada do autismo no censo? Muda a perspectiva, aumenta a esperança de milhões e milhares de indivíduos e familiares que vivem na sombra do desconhecido, marginalizados pelo preconceito e desinformação de toda uma nação sobre um transtorno que assola a humanidade e que o caminho da “cura” é o AMOR.

Por Aline Oliveira

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