Desenvolvimento Emocional Infantil: O que é esperado para a idade do meu filho

Muitos pais sentem dúvidas em relação ao desenvolvimento dos filhos. Observam e comparam com outras crianças da mesma idade, gerando um orgulho, caso percebam que ele acompanha ou está “adiantado”, ou ocasionando uma angústia e ansiedade ao perceber que o filho está “atrasado” em relação as demais crianças.

Isso ocorre, pois acreditamos que elas devem desenvolver-se todas no mesmo tempo e também, porque existem algumas características que são esperadas para determinadas idades e fases do desenvolvimento, e é importante essa atenção para oferecermos auxílio caso a criança esteja precisando.

São várias as áreas do desenvolvimento infantil, neste texto iremos explorar o desenvolvimento emocional, conforme minha área de atuação e maior contato como psicóloga infantil.


Afinal, o que é o desenvolvimento emocional infantil?

São meios e formas que a criança possui para manifestar emoções e sua capacidade de entender e diferenciar o que sente em seu ambiente social e nas suas atividades cotidianas.

O teórico Erik Erikson afirma que o desenvolvimento emocional ocorre através de fases e estágios, que possuem seus aspectos positivos e negativos. Vejamos quais são essas fases e como elas ocorrem no desenvolvimento infantil.

Sono Infantil e seu reflexos no desenvolvimento

1- Primeiro Estágio (0 – 1 ano):

Nesta fase o bebê desenvolve sua capacidade de confiar ou não nas pessoas, o que também refletirá na confiança em si mesmo. A principal relação é entre o bebê e o cuidador, sendo que ele irá sentir se o cuidador satisfazer suas necessidades em um espaço de tempo suportável, para que conviva com pequenas e toleráveis frustrações para sua idade.

Positiva: Confiança

O cuidador consegue equilibrar e atender as necessidades no tempo suportável, o bebê sente que o mundo é bom, real e confiável. Ele sente-se capacitado.

Negativa: Desconfiança

O cuidador demora para responder as necessidades ou atende a todas as solicitações do bebê de imediato. A percepção de mundo que ele irá construir não o corresponde e o bebê sente-se incapaz.

2 – Segundo Estágio (1 – 3 anos):

Período em que a criança vai tornando-se independente, ocorrendo o desmame, o desfralde e o início da locomoção. A criança passa por uma fase de grande exploração e busca pela autonomia, começando também a reconhecer e incorporar regras sociais.

Positiva: Autonomia

Os pais fornecem o grau certo de autonomia à criança, oferecendo tarefas que ela é capaz de realizar sozinha ou com algum auxílio. A criança desenvolve uma aceitação do controle social (privilégios, obrigações e limitações) e uma capacidade de julgamento.

Negativa: Vergonha

Pais podem usar a autoridade de forma a deixar a criança envergonhada constantemente, estimulando a dissimulação ou a dúvida de suas capacidades.

Se a criança é pouco exigida, ela tem uma sensação de abandono. Se ela é muito exigida, não consegue dar conta e sua autoestima pode baixar.

3- Terceiro Estágio (3 – 6 anos):

Fase das perguntas e da construção de sua identidade como menino e menina, apresentando uma busca por esclarecimentos.

É muito comum os pais sentirem-se desconfortáveis e angustiados com perguntas feitas pelos filhos, porém a melhor forma de lidar com este aspecto é ouvir claramente a pergunta da criança e responder de acordo com o que foi perguntado. Quando ficamos angustiados com o tema podemos não responder ou falar mais informações do que ela está querendo de saber. A forma como a pergunta é feita mostra qual a capacidade dela em compreender e receber a resposta.

Positiva: Iniciativa

As tarefas oferecidas são alcançáveis, as perguntas são esclarecidas e estimuladas, gerando na criança um desempenho ligado à ansiedade de aprender e aumento de sua responsabilidade.

Negativa: Culpa

São oferecidas metas impossíveis, tendo objetivos além de suas capacidades. As perguntas que ela faz são rejeitadas ou ridicularizadas, a criança buscará conter essa carga de energia.

4- Quarto estágio (6 – 12 anos):

Nesta fases, o desenvolvimento positivo dos estágios anteriores tem especial relevância, pois sem confiança, autonomia e iniciativa, a criança não poderá afirmar-se nem sentir-se capaz.

Com o início da dinâmica escolar, a criança precisa sentir-se integrada neste contexto, sendo um momento de novos relacionamentos interpessoais importantes. É fundamental uma boa troca entre criança, escola e pais.

Positiva: Produtividade/Competência

A criança sente-se uma pessoa trabalhadora, com capacidade de produzir e com sentimento de competência.

Negativa: Inferioridade

O sentimento de inferioridade pode levar a dificuldades cognitivas, e atitudes regressivas, conforme existe uma descrença de suas capacidades.

O que posso fazer enquanto pai/cuidador para ajudar no desenvolvimento da criança?

Oferecer um ambiente que ajude o desenvolvimento da criança. Uma relação de trocas e de ampla comunicação, compreendendo que tanto você quanto ela estão aprendendo neste processo, afinal, ninguém nasce sabendo ser pai e mãe.

Identificar pontos que precisam de auxílio, buscando recursos para o desenvolvimento da criança, como jogos, brinquedos e uma boa comunicação com a escola, para que todos estejam envolvidas no apoio que a criança está precisando.

Procurar ajuda profissional em caso de dúvidas ou dificuldades. Profissionais das áreas de Pediatria, Fonoaudiologia, Nutrição, Psicologia possuem conhecimento para apoiar a criança neste processo e fase do desenvolvimento e os pais/cuidadores no manejo e compreensão com ela.

Lembrar que cada criança tem seu tempo para o desenvolvimento, ficar atento a ajuda que esta precisa e evitar apontar, culpabilizar ou comparar a criança com outras da mesma idade e convivência. Mesmo que sejam esperados certos aspectos em cada fase, a criança é singular e possui seu próprio ritmo para o crescimento.

Por Jéssica Bianchi

Leia Também: Como ajudar as crianças a lidarem com a morte

Referência do texto:

Erikson, E.H. (1976): Identidade: Juventude e crise (2ª ed.). (A. Cabral, Trad.). Rio de Janeiro: Zahar.

Erikson, E. H. e Erikson, J.(1998): O ciclo da vida completo. Porto Alegre: Artes Médicas.

Imagem Capa: https://lunetas.com.br/cultura-e-criancas-negras-7-espacos-de-representatividade-em-sp/

4 comentários em “Desenvolvimento Emocional Infantil: O que é esperado para a idade do meu filho”

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