O prato do seu filho não é variado? Pra sua família é muito difícil fazer uma viagem de férias ou ir a algum restaurante novo porque seu filho não come nada? Calma! Muitos pais reclamam que o filho come uma variedade muito pequena de alimentos, e muitas vezes preparados apenas de uma maneira. Mas isso pode ser apenas uma fase.
É verdade que para se ter uma alimentação adequada, deve-se consumir alimentos de boa qualidade e que sejam variados. Para garantir essa variedade acaba surgindo algum alimento no meio do caminho que não é conhecido, e algumas pessoas têm medo do que é novo, o que as faz agir com rejeição. Esta atitude é chamada de Neofobia Alimentar.
Todos os seres humanos têm algum grau de rejeição por alimentos e ela tem importância evolutiva. Para o homem pré-histórico era muito arriscado comer algum alimento desconhecido, pois ele poderia morrer envenenado. Mas na sociedade moderna, onde a segurança alimentar é garantida, não há nenhum risco em se experimentar qualquer tipo de alimento e isso faz com que a Neofobia Alimentar não seja mais um comportamento vantajoso.
Na verdade, este comportamento pode ser bem ruim, ainda mais quando a restrição vem acompanhada com consumo dos alimentos não saudáveis, pois pode levar ao aumento de doenças crônicas como obesidade, doenças do coração, diabetes tipo 2, câncer e alterações de gordura no sangue.
Mas mesmo sem necessidade, a Neofobia Alimentar se apresenta como um comportamento comum em crianças, tendo uma diminuição do quadro durante seu crescimento. A apresentação de um item novo de qualquer tipo pode gerar medo. Sabores, cheiros e texturas desconhecidas dispararam estímulos ao organismo como aceleração do coração e da respiração, além de diminuir a produção de saliva após colocar o alimento na boca, assim o sabor não é percebido e as chances de aceitação caem muito.
Mas eu não quero que meu filho seja um adulto doente. Eu quero é que meu filho coma de tudo. Então o que fazer para que ele diminua esse medo e aumente o leque de opções?
Bem, ele pode começar a aceitar os novos alimentos se eles forem introduzidos com um outro sabor familiar já aceito, como um condimento, um molho e até outro alimento. Este processo, de uma certa forma, dá a um item novo um certificado de segurança.
Vale lembrar que as crianças escolhem os alimentos que conhecem e que tem fácil acesso, por isso é importante que a alimentação da família também seja variada. A criança se sentirá segura em ingerir alimentos que os pais também comem. É como se o grupo familiar desse um atestado de qualidade ao alimento desconhecido.
Meu filho não quer comer. O que fazer?
Outra dica importante é que os pais não devem desistir nas primeiras tentativas, a repetição é essencial. Um alimento novo deve ser exposto e experimentado pelo menos 15 vezes para depois se dizer que ele não é aceito. Por isso, tenha paciência! Use o mesmo alimento em preparações diferentes e o deixe disponível para seu filho.
Como o conhecimento é fator essencial para a diminuição desta rejeição, faça com que seu filho conheça os alimentos. Leve ele para as compras. Deixe que ele sinta o cheiro, sinta a textura, escolha o que vai comer. Deixe que ele ajude na preparação da refeição e que coloque a mesa. São atitudes que mudarão o modo como seu filho vê o momento da refeição e consequente a comida.
E para mamães que ainda estão grávidas, amamente seu filho e tenha uma alimentação muito variada e saudável. Sabe porque? Crianças amamentadas por mães que comem uma grande variedade de alimentos são mais propensas a aceitar um item novo porque ela está exposta a uma grande variedade de sabores durante a amamentação.
Para finalizar, cada caso é um caso. Se você já tentou de tudo e mesmo assim seu filho ainda come pouca variedade de alimentos não deixe de procurar um nutricionista. Quanto mais velho ele fica mais difícil será modificar seus hábitos alimentares.
Por Angélica Ribeiro