Cada dia que passa, vemos ou ouvimos falar nas mídias sociais, redes, entre profissionais de saúde ou em outros espaço sobre a Psicologia Perinatal.
Mas do que se trata?
É uma forma de atendimento, alguma nova técnica, metodologia ou profissão?
A Psicologia Perinatal trata-se de uma área de atuação da psicologia relativamente nova no Brasil.
Área que aborda as questões que envolve o nascimento de um filho e consequentemente as relações, subjetividades e mudanças de vida que ocorrem naquela família.
Vários acontecimentos e contribuições de autores, pesquisadores, profissionais da psicologia, profissionais de saúde e outros atores sociais contribuíram para o surgimento e crescimento dessa nova área.
Sono, gestação e desenvolvimento
Destacamos como um dos marcos a publicação do livro “Psicologia da Gravidez” no ano de 1976, da psicóloga Maria Tereza Maldonado.
Uma grande obra, considerada uma das mais importantes na área da psicologia perinatal, que dados, pesquisa, experiências e grandes reflexões que embasam a área.
O livro trabalha temas com aspectos psicológico da gestação, parto e pós-parto, maternidade e paternidade, formas de trabalho da psicologia com essas famílias, entre outros. (MALDONADO, 2017)
Também na década de 80, tivemos outra grande autora e também uma das pioneiras nesta área a psicóloga Fátima Bortoletti.
Fátima Bortoletti a qual nos vem trazer o termo Psicologia Obstétrica, publicou (dentre outras várias publicações) o livro “A Psicologia na Prática Obstétrica: Uma Abordagem Interdisciplinar” também uma das obras mais estudadas pelos profissionais da área.
A Psicologia na Prática Obstétrica, nos apresenta uma abordagem interdisciplinar na assistência do ciclo gravídico-puerperal, obra que conta com a contribuição de outros autores. (BORTOLETTI et al., 2007).
Bortoletti nos traz ainda, sua metodologia do pré-natal psicológico dentre várias outras contribuições para área.
Inclusive hoje, vários profissionais, utilizam o termo psicologia Perinatal e Obstétrica.
Em sequência vieram também outros grandes autores, profissionais, pesquisadores, professores que trabalharam e trabalham muito bem a temática no Brasil.
Outros marcos importantes e interessantes foram o crescimento da psicologia hospitalar no Brasil, as políticas de atendimento e assistência à saúde materno-infantil, e o crescente debate cerca do parto humanizado, e outros.
A psicologia perinatal, vem em intenso crescimento no Brasil. Cada dia que passa as pessoas conhecem as tantas possibilidades de atuação tanto no atendimento, quantos nos aspectos educativos e reflexivos que a mesma oferecem.
Assim cada vez mais pessoas buscam o atendimento na área perinatal.
Podemos citar alguns assuntos e possibilidades de intervenção dentro da área:
- Planejamento familiar;
- Aspectos emocionais em reprodução assistida;
- Aspectos emocionais na gestação;
- Aspectos emocionais do parto;
- Aspectos emocionais no pós-parto;
- Aspectos emocionais da amamentação;
- Vínculo da mãe e do bebê;
- Luto perinatal, neonatal ou parental;
- Aspectos emocionais de gestação de alto risco;
- Avosidade (participação dos avós);
- O exercício da parentalidade;
- Outros.
As possibilidades de intervenção e atendimento são várias, podemos destacar atuações mais comuns, no momento, do psicólogo da área:
- Atendimento psicológico em planejamento familiar;
- Pré-natal psicológico, que pode ser individual ou em grupo;
- Assistência psicológica no parto;
- Assistência psicológica no pós-parto;
- Assistência psicológica a mães/ pais enlutados;
- Atendimento psicológico a mães/pais de bebês prematuros e/ou em UTI neonatal;
- Atendimento e orientação psicológica a mães e/ou pais;
- Atendimento psicológico a avós;
- Entre outros.
Outra questão importante é o aspecto preventivo da assistência em psicologia perinatal, que é cientificamente comprovado que intervenções, como o pré-natal psicológico por exemplo, é a prevenção a adoecimentos do puerpério como a depressão pós-parto.
As possibilidades de assistência são inúmeras, e de extrema importância.
Além de oferecermos um cuidado ao cuidador, promovemos saúde mental materna e paterna, e com isso uma melhor assistência saúde ao bebê.
É importante ressaltar ainda, que na formação do psicólogo perinatal abrange também a parentalidade, que envolve o exercício da parentalidade, de pais ou responsáveis, além dos aspectos psicológicos da adoção.
Enfim, uma área apaixonante, e de extrema importância, já que cuidar da primeira infância evita sofrimentos e adoecimento do indivíduo ao longo da vida.
E parafraseando Michel Odent, obstetra francês:
“Para mudar o mundo é preciso primeiro mudar a forma de nascer”
Por Daniella Miranda
Capa: Keylla Gomes fotografia
Referência Bibliográfica
MALDONADO, Maria Tereza. Psicologia da Gravidez: gestando pessoas para uma sociedade melhor. São Paulo: Ideias & Letras, 2017.
BORTOLETTI, Fátima Ferreira et al. Psicologia na Prática Obstétrica: abordagem interdisciplinar. Barueri: Manole, 2007.