Orientador educacional, em parceria com professor, auxilia alunos com dificuldades na aprendizagem
Durante a fase escolar, é muito comum o aluno apresentar algumas dificuldades na aprendizagem de alguns conteúdos ministrados pelo professor na sala de aula.
Entretanto, a pandemia de coronavírus fez com que as dificuldades na aprendizagem aumentassem, destacando ainda mais a necessidade de um suporte ao aluno.
De acordo com o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2021, na pesquisa feita de Contexto Educacional e Resultados em Língua Portuguesa e Matemática, dos alunos do 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e séries finais do Ensino Médio, o resultado apresentou uma queda no desempenho dos estudantes.
Na disciplina de Língua Portuguesa do 5º ano do Ensino Fundamental, o índice aponta uma queda de 3,3% na média de proficiência dos estudantes.
Na Matemática, houve uma baixa de 5,1%. Já no 9º ano do Ensino Fundamental, a queda na proficiência dos estudantes em Língua Portuguesa foi de 0,8% e na Matemática diminuiu 2,7%.
No Ensino Médio, a 3º Série, na Língua Portuguesa, teve um recuo de 1,1%, e na Matemática houve uma diminuição de 2,5% na média.
Essa pesquisa também relata que as consequências da pandemia de coronavírus na área da educação ainda existirão por muitos anos, e que os efeitos dela mudam conforme a região e perfil do estudante.
Miriam Porto é mestre em História, pedagoga especializada em Gestão Escolar e Psicologia Educacional, fundadora da OE (Orienta e Educa).
Com mais de 30 anos de experiência na área da educação, ela explica a importância de um orientador educacional para a gestão escolar e como essa orientação reflete no ensino e no socioemocional do aluno:
“O orientador educacional é membro da equipe pedagógica, ao lado do diretor e do coordenador pedagógico; é o profissional responsável pelo desenvolvimento dos alunos, auxiliando na sua formação cidadã através da elaboração de valores éticos.
Esse profissional deve atuar em parceria com o professor, para que juntos busquem a formação integral do aluno, o que significa que, para além do desenvolvimento acadêmico, a escola precisa investir, através da prática do orientador educacional, no desenvolvimento emocional dos estudantes”, relata.
Um ambiente escolar acolhedor oferece ao aluno toda a atenção e cuidado necessário, a fim de que ele possa passar pelas diferentes fases do desenvolvimento da aprendizagem de forma segura e confortável.
Por conta disso, Porto esclarece quais são as dificuldades que um aluno pode enfrentar na escola e de que forma o orientador deve contribuir para que esse aluno possa superá-las e, assim, se desenvolver melhor nos estudos:
“As demandas apresentadas por eles são variáveis e incluem dificuldade de aprendizado, conflitos de relacionamento (alunos-professores e alunos-alunos) e o orientador precisa atuar com sensibilidade para acolher cada aluno.
Como mediador, o orientador ajuda os estudantes a organizarem horários de estudos que facilitem a rotina escolar, auxilia na resolução de conflitos e contribui com o desenvolvimento das habilidades sociais para poderem enfrentar as demandas cotidianas”, explica.
Quando a dificuldade do aluno em conseguir um bom desempenho nos estudos está relacionada à um laudo médico, Porto explica como o trabalho do orientador educacional junto à gestão escolar é realizado:
“Muitas escolas ainda desconhecem a legislação que respalda os alunos com relatórios médicos. Entretanto, o suporte deve ser dado para todos os alunos, com ou sem diagnósticos fechados. Esse suporte deve acontecer de acordo com as dificuldades apresentadas e, portanto, deve ser individualizado.
Quando necessário, o orientador deve junto com a coordenação e equipe docente planejar atividades e provas adaptadas.
É importante ressaltar que essa tarefa de adaptação deve ser coordenada pelo orientador. A prioridade é conseguir fazer com que o aluno que apresenta alguma dificuldade (com ou sem relatório médico) faça os avanços possíveis”, relata.
O trabalho de mediação que o orientador educacional realiza no ambiente escolar se torna importante para a realização do projeto pedagógico, pois as atividades que ele desenvolve devem necessariamente incluir a empatia e a escuta sensível, para que esse profissional auxilie o aluno e seus familiares no desenvolvimento da aprendizagem desse estudante.
Mediante a isso, Porto explica quais são os desafios que o orientador educacional enfrenta durante o seu trabalho:
“A rotina escolar acaba por atravessar a função primordial do orientador educacional, que é essencialmente acompanhar o desenvolvimento integral dos alunos e atender as famílias.
Tal rotina refere-se ao que se denomina desvios de função, que levam frequentemente esse profissional a organizar horários, acompanhar a entrada e saída dos alunos, fiscalizar aplicação de provas, etc.
Esses desvios ou “as outras atribuições do orientador educacional” se configuram como obstáculos para que ele possa desempenhar bem as suas funções à medida que dificultam a realização de um plano de ação em conjunto com o coordenador para a formação continuada dos docentes”, finaliza.
Matéria da Jornalista Eliane Honorato
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