AS BRINCADEIRAS E A SURDEZ

As brincadeiras para a criança são além de um momento de diversão, mas também de aprendizado. Não apenas para criança, mas nós adultos também.

Para Vygotsky, a brincadeira pode ter papel fundamental no desenvolvimento da criança. o jogo pode ser um veículo para o desenvolvimento social, emocional e intelectual dos alunos.

Mas como acontece para as crianças com surdez?

Primeiramente, vamos entender como esse processo se dá para nós ouvintes.

Imagine uma criança com dois anos brincando com sua boneca ou carrinho, de acordo com que ela vai movimentando o objeto a partir da imitação do que ela observa e ouve uma outra criança mais velha ou um adulto vai nomeando e dando significado aqueles movimentos.

            – Está dando mama para o nenê?

            –  Está indo passear?

Assim o vocabulário da criança vai aumentando, sua compreensão dos fatos que a rodeia vai se aprimorando e à medida que vai construindo sua linguagem ela vai tendo autonomia para criar suas histórias e cada vez mais se desenvolver.

A criança se projeta no mundo dos adultos, ensaiando atividades, comportamentos e hábitos nos quais ainda não está preparada para tal, mas que na brincadeira permite com que sejam criados processos de desenvolvimento, internalizando o real e promovendo o desenvolvimento cognitivo.

Cria-se condições para que determinados conhecimentos e/ou valores sejam consolidados ao exercitar no plano imaginativo capacidades de imaginar situações, representar papéis, seguir regras de conduta de sua cultura (só a mamãe que pode colocar a filhinha de castigo), etc.

Percebemos como a língua está inserida nesse processo e ocupa papel principal no desenvolvimento da criança. Com essa compreensão podemos começar a falar da criança com surdez.

A princípio não há grande diferença entre a criança ouvinte e a criança com surdez, visto que a única diferença é a escolha da língua.

A criança ouvinte aprenderia a nomear os fatos que observa em português, já a criança com surdez em Libras.

Descobrindo a Deficiência auditiva

No entanto, muitas vezes, a criança com surdez é inserida tardiamente no mundo da linguagem, o que muitas crianças aprendem com dois anos, ela só irá aprender aos 4 quando entrar em uma escola.   Isso traz um certo atraso em seu desenvolvimento

Muitos familiares também não sabem Libras, o que faz com que seu vocabulário fique restrito, com poucas pessoas para dialogar e informações incompletas. Abordo sobre isso nesse texto…

Dessa maneira, é fundamental utilizar de brincadeiras adaptadas em Libras para ampliar vocabulário dessas crianças.

Nesse ponto esbarramos em um outro ponto, muitas brincadeiras não são adaptadas em Libras  

Por exemplo, quando a criança está aprendendo a ler e a escrever ela entende todo aquele processo como uma grande brincadeira. Assim fica leve, gostoso, aprender algo tão difícil para aquela faixa etária.

Ela lê histórias, cria narrativas e se orgulha de cada momento.

As crianças com surdez elas tem grande dificuldade nesse processo, a depender da intimidade que ela tem com o português. (Em breve explicarei mais).

Ao ensinar uma criança com surdez a ler, é muito importante usar o Lúdico para facilitar a sua compreensão de uma língua escrita tão diferente da dele.

Porém, há poucos livros infantis com essa adaptação. Apenas editoras como a Ulbra e a Arara azul já realizaram esse trabalho. É necessário, mais e mais editora se interesse nesse trabalho.

Um outro aliado para tornar as coisas mais acessíveis no mundo de hoje.

A tecnologia tem crescido e auxiliado a diminuir essas distancias.

Um app que surgiu recentemente e visa ajudar crianças surdas a aprender a ler e escrever é o StorySign, que de maneira lúdica interpreta livros ara Libras.

Com seu avatar super dinâmico mostra para a criança a forma escrita de cada sinal, através da leitura de um livro.

A seguir vou listar outros apps que ajudam brincando:

  • Librário: Libras para todos

O Librário é o baralho da comunicação visual-motora. Tem como objetivo promover a integração entre surdos e ouvintes, possibilitando a todos uma parte do vocabulário das libras (Língua Brasileira de Sinais), de uma forma dinâmica e divertida. Além de incentivar o reconhecimento da relação entre palavras, imagem e sinal.

  • Hand Talk Tradutor para Libras

Liderado pelo Hugo, o intérprete 3D mais simpático do Brasil, o aplicativo Hand Talk traduz automaticamente textos e áudios para a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e para a Língua Americana de Sinais (ASL) [Beta] por meio de inteligência artificial.

  • TV INES

O Instituto Nacional de Educação de Surdos apresenta a TVINES, iniciativa pioneira no Brasil. Seu principal fundamento é o da promoção de inclusão social através de uma grade de programação acessível em língua brasileira de sinais e em língua portuguesa, favorecendo a efetivação do direito à educação, à cultura e ao lazer de crianças, jovens e adultos surdos.

  • VLibras

O VLibras é um aplicativo que faz parte de um conjunto de ferramentas que buscam ajudar os surdos em suas atividades diárias.

Ele visa ajudar na comunicação e na disseminação e padronização da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).

Este aplicativo foi desenvolvido pelo Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital (LAViD), da UFPB, com apoio do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), Secretaria de Direitos Humanos (SDH/PR) e da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP).

  • Giulia:

Seu objetivo primário a permitir que pessoas com deficiência auditiva e que utilizem a Libras, possam ser compreendidas por ouvintes que não possuem conhecimento de Libras, permitindo assim, uma melhor interação entre ambos. Principalmente em ambientes e contextos prioritários para os surdos, tais como: hospitais, escolas, delegacia de polícia e outros.

A brincadeira é uma forma que a criança aprende, se desenvolve de maneira leve.

Um outro ponto das brincadeiras para a crianças com surdez é seu lado visual.

Como já vimos em textos anteriores, as pessoas com surdez trabalham muito mais o lado visual das coisas. A própria Língua de Sinais é visual.

Por sua vez, as brincadeiras também estimulam muito esse lado. Os jogos são sempre muito coloridos, focados nas ações do brincar.

Assim a partir do entendimento da criança de como se desenvolve aquela brincadeira, ela é capaz de aprender a infinidade de fatores possíveis com ela, assim como uma criança ouvinte

Dessa maneira, as diferenças que antes pareciam tão grandes, se minimizam. Essa pode e uma excelente ferramenta para se trabalhar em classes mistas, com surdos e ouvintes.

Além de utilizar aqueles aplicativos, você põe elaborar:

  • Jogo da memoria
  • Faz de conta e teatros
  • Jogos de Tabuleiro
  • Jogos Cooperativos
  • Resolução de problemas

Enfim, existe uma infinidade de possibilidades de brincadeiras que elaborados de maneira adequada iram potencializar o aprendizado do aluno.

A importância da brincadeira é estudada desde o tempo de Vygotsky e precisa fazer parte do nosso dia-dia com as crianças com ou sem surdez.

Por Caroline Nunes

Capa: Lunetas

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