Dando sequência ao assunto de introdução alimentar do bebê, vamos abordar novamente o tema, trazendo outras questões.
Quais alimentos são os mais indicados na introdução alimentar do bebê?
E as quantidades ideais?
Preciso oferecer a comida em algum utensílio específico?
Essas são algumas dúvidas rotineiras no consultório.
Diferentemente do que acreditava-se no passado, o bebê deve receber todos os grupos alimentares desde o início, além do leite materno.
Como deve ser a introdução alimentar
Ou seja, água, cereais, legumes, tubérculos, carnes, frutas e verduras podem ser apresentados de forma equilibrada durante as refeições.
Basicamente o bebê deve receber um alimento de cada um dos grupos abaixo nas refeições principais:
- Hortaliças: folhas verdes, abóbora, beterraba, quiabo, tomate, cenoura etc;
- Cereais e tubérculos: arroz, batata-doce, batata, inhame, macarrão, aipim etc.;
- Carnes e ovos: frango, peixe, boi, pato, vísceras ou miúdos, codorna, ovos etc;
- Leguminosas: feijão, lentilha, soja, ervilha, grão-de-bico etc.
As frutas, normalmente são oferecidas nos intervalos da manhã e da tarde, junto do leite materno.
Quanto maior for a variedade de oferta de alimentos, maior será o aporte de micro e macronutrientes importantes para o desenvolvimento do bebê. Diversidade de cores, texturas, sabores e cheiros, contribuem para aumentar o interesse no novo padrão alimentar nos bebês.
Os alimentos oferecidos para a criança podem ser os mesmos preparados para a família, podendo ser feitas adaptações na consistência e tempero, sempre que necessário.
No início, a criança deverá receber a comida amassada com garfo. Com o passar do tempo, deve-se evoluir para alimentos picados em pedaços pequenos ou desfiados, para que a criança aprenda a mastigá-los.
No passado, oferecia-se à criança os alimentos em versões líquidas, passados pelo liquidificador, mexer ou peneira.
Hoje a recomendação mudou, pois sabemos que se a criança continuar com a consistência líquida, terá dificuldade em aceitar alimentos mais sólidos no futuro, além de ser mais fácil acontecer episódios de engasgo e ânsia e vômito.
A consistência adequada é aquela que não escorre da colher, que é firme, que dá trabalho para mastigar, ajudando no desenvolvimento da face e dos ossos da cabeça, colaborando para a respiração adequada e o aprendizado da mastigação.
Alimentos líquidos como sopas, sucos e caldos, por conterem mais água, fornecem menos energia e nutrientes do que a criança precisa e devem ser evitados.
Os pais ou responsáveis sempre devem optar por oferecer os alimentos in natura, na forma crua ou cozida e não líquida.
Além disso, preparações com alimentos misturados, como sopas, dificulta que o bebê tenha contato com sabores diferentes.
Fica mais difícil de saber se o alimento é de agrado ou não do seu paladar e também se algum alimento pode ser o causador de eventuais contratempos, como alergia.
Falando em alergia alimentar, caso a criança não tenha histórico familiar pregresso de alergia ou diagnóstico pessoal da doença, alguns alimentos com grande potencial alergênico, como ovo, peixe e cereais fontes de glúten (trigo, centeio, cevada) devem ser oferecidos até o oitavo mês, a fim de se criar tolerância.
Havendo histórico familiar ou pessoal de alergia alimentar, um Nutricionista deverá ser consultado para se criar estratégias de introdução ou de exclusão do alimento para se evitar sintomas e comprometimento no desenvolvimento.
Por outro lado, pelo menos até os 2 anos é importante se evitar itens como frituras, café, alimentos enlatados e ultraprocessados, como salsicha, refrigerantes, salgadinhos, além de balas, biscoitos doces, e açúcar adicionado às preparações.
O sal deve ser usado com moderação e o mínimo possível. Para temperar, a dica é utilizar temperos naturais como cebola, alho, salsinha e cebolinha, etc.
Temperos ultraprocessados vendidos em cubos, sachê ou líquido possuem sódio em excesso e não devem ser utilizados na alimentação da família, principalmente para crianças.
O excesso de sódio é um dos grandes vilões e contribui para o aparecimento de diversas doenças, como a hipertensão arterial.
Quando precisar usar óleo, recomendo o uso de azeite de oliva, mas também sempre em pequena quantidade. Ou seja, a prioridade deve ser sempre alimentos frescos e pouco processados.
Farei uma ressalva importante sobre o açúcar, uma vez que muitos adultos acreditam que doce e açúcar deve fazer parte da alimentação infantil.
NÃO, não deve! Açúcar para o bebê, não
Como já disse, nos dois primeiros anos de vida, frutas e bebidas não devem ser adoçadas com nenhum tipo de açúcar: branco, mascavo, cristal, demerara, açúcar de coco, xarope de milho, mel, melado ou rapadura.
Também não devem ser oferecidas preparações caseiras que tenham açúcar como ingrediente, como bolos, biscoitos, doces e geleias.
O açúcar também está presente em grande parte dos alimentos ultraprocessados (refrigerantes, achocolatados, farinhas instantâneas com açúcar, bolos prontos, biscoitos, pães do tipo bisnaguinha, iogurtes, sucos de caixinha, entre outros).
O consumo de açúcar aumenta a chance de ganho excessivo de peso e de ocorrência de outras doenças, como diabetes, hipertensão e câncer, e pode provocar cárie e placa bacteriana nos bebês.
Além disso, como a criança já tem preferência pelo sabor doce desde o nascimento, se ela for acostumada com preparações açucaradas, poderá ter dificuldade em aceitar verduras, legumes e outros alimentos saudáveis.
Da mesma forma, o mel deve ser evitado até os dois meses.
Embora seja um alimento natural, ele contém os mesmos componentes do açúcar, o que já justifica evitá-lo. Além disso, há risco de contaminação por uma bactéria associada ao botulismo.
A criança menor de 1 ano é menos resistente a essa bactéria, podendo desenvolver essa grave doença, que causa sintomas gastrintestinais e neurológicos.
A quantidade de alimentos a ser oferecida também traz muitas dúvidas para a família.
Como sempre ressalto, no início da introdução alimentar, o leite materno ainda será o mais predominante.
Portanto, a quantidade de alimentos sólidos ainda será pequena.
Com o passar do tempo, a criança se acostuma com as novas texturas e sabores e começa a comer um pouco mais.
É muito importante que os pais tenham calma e paciência nesse momento.
Tudo é uma grande novidade para todos.
Importante que os pais ou responsáveis fiquem atentos aos sinais de saciedade.
Como a criança pequena não consegue se expressar com palavras, ela usa outros artifícios, como afastar a colher ou a boca do alimento, chorar, movimenta as mãos e o corpo, etc.
Ao perceber os sinais, a alimentação deve ser interrompida, respeitando a manifestação que o bebê está satisfeito.
O grande balizador para saber se o volume consumido pelo bebê está adequado, é avaliando o desenvolvimento físico.
Se o crescimento e o desenvolvimento estiverem de acordo com o esperado, é sinal de que a alimentação está adequada.
Na dúvida, consulte sempre um profissional e acompanhe mensalmente os ganhos de peso e altura na curva de crescimento registrada na Caderneta da Criança.
Sabendo os alimentos que devem ser priorizados, os alimentos que devem ser excluídos e as quantidades, outra questão surge.
Mas e os utensílios?
Como oferecer a alimentação ao bebê?
Esse tópico requer atenção também.
Os utensílios utilizados devem ser adequados à idade e feitos de material resistente. Ou seja, a colher deve ser do tamanho que caiba na boca da criança e os líquidos devem ser ofertados em copos onde a criança tenha capacidade de segurar com o tempo.
Por questões de segurança, especialmente se a criança tiver participação ativa na refeição, importante evitar utensílios de louça e vidro.
Importante também evitar copos que tenham canudos ou muitos detalhes em seu formato porque dificultam a limpeza e a pega da criança.
Ao adquirir produtos plásticos para o bebê, os pais devem ficar atentos à composição do utensílio e optar por aqueles isentos de bisfenol A, também chamado de BPA.
Aqui no Brasil, a substância já é proibida na fabricação de mamadeiras, mas uma infinidade de utensílios plásticos ainda podem contê-lo.
Normalmente, os utensílios vêm com a descrição “BPA free” (livre de BPA, em inglês).
Sempre ouvimos a expressão “comemos com os olhos”, e com as crianças não é diferente.
Utensílios adequados, seguros e coloridos, garantem uma refeição mais atrativa e divertida.
Investir em alimentação adequada e segura, desde os primeiros meses de vida, garante um futuro mais saudável.
Pra você que chegou até o final deste texto tenho uma pergunta.
Que tal um curso de introdução alimentar, oferecido pela equipe Descobrindo Crianças?
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Por Fabiana Jarussi
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