O BRINCAR NÃO É SÓ PARA DISTRAIR

O brincar não é só para distrair. Saiba por que!

Ao brincar, a criança comanda melhor o que acontece na sua vida! Ela experimenta situações, as coloca em prática na fantasia, facilitando a resposta na vida real.

A ausência do brincar livremente em parques, praças e ambientes públicos; a falta de interação, de ser “ouvido” de ser “olhado” e de ser reconhecido terá reflexo do antes, do agora e no (pós) pandemia.

Muitas famílias permaneceram juntas fisicamente, contudo, isoladas com seus próprios afazeres e na sua preocupação.

Essa Pandemia foi uma incógnita. Muitos perderam empregos e empresas.

Outros perderam familiares e amigos. Outros perderam o chão…

Crianças absortas nas telas de celulares e videogames sem entender o que realmente estava acontecendo…

São situações ou até poderia chamar de “descompassos” que ocorreram e que, pouco a pouco, busca-se uma retomada.

Qual era o brincar no período da Pandemia?

Eram brinquedos que tinham em casa ou as tecnologias tomaram conta.

O vídeo-game, celulares, IPad, ficaram mais evidentes para as crianças a fim de suprirem a falta do período escolar? E agora? Ainda se mantém?

É inegável a admiração que se tem ao ver crianças pequenas com tanta habilidade com a tecnologia, contudo, é necessário estabelecer limites porque estão em fase de desenvolvimento.

Pode ser pela falta de informação ou despreparo. Sabe-se que a maternidade/paternidade é uma construção e não se nasce sabendo exercer essa importante função.

Tem-se exemplos dos próprios pais, contudo, a geração era outra. O acesso às tecnologias também!

Os pais acabam por fazer o que pensam ser o suficiente e adequado, por isso que os especialistas precisam compartilhar a informação, e os pais, estarem abertos a trocarem ideias.

Este é um possível caminho.

Se os pais soubessem o quanto que o brincar facilita a evolução da criança, entrariam em uma “escola para aprender a brincar com seus filhos”.

O artigo  da prefeitura de Guarulhos trouxe um levantamento da Secretaria Municipal da Educação de São Paulo.

Foi relatado um aumento de 120% de casos entre crianças e adolescentes apresentando depressão e ansiedade, em três anos, na capital paulista.

O que fazer com essa informação?

Brincar!

O brincar alivia as tensões, desenvolve a capacidade de argumentar, de se posicionar e de negociar entre os pares.

O brincar reduz a ansiedade pois pode ser uma maneira de experimentar e enfrentar situações cotidianas de forma lúdica.

No brincar a criança aprende a esperar a vez, a relacionar-se, a se manifestar, a ter empatia pelo outro e a explorar possibilidades, com criatividade e estratégia!

Rocha, 2003, p.38, enfatiza que “para brincar com uma criança, não precisamos apenas de técnica e da teoria, mas é necessário ter o prazer de brincar”.

E os pais podem (e devem) participar deste prazer e do imaginário infantil!

O que acontece quando a criança brinca?

No brincar, desempenham-se papéis!

A criança se apropria de suas escolhas e aprende a criar estratégias, aumentando seu potencial criativo e transformador.

No aspecto físico o brincar contribui para desenvolver uma maior consciência corporal e aumentar o domínio do próprio corpo.

No aspecto emocional, se exercita o respeito, empatia e interação tanto com os coleguinhas como com os adultos.

No aspecto cognitivo, o brincar – principalmente nos jogos de regras – estimula o raciocínio lógico e lidar com estratégias.

O brincar permite momentos de relaxamento e de potencializar a criatividade, a fantasia e a imaginação!

Para Winnicott, o “brincar é por si só mesmo uma terapia”. Onde a personalidade pode se organizar e permitir a existência do seu Eu, e assim, tomar posse de sua personalidade.

De acordo com a pesquisa de Rocha (2005), a relação do brincar e o uso de determinado brinquedo, é essencial em algumas fases do desenvolvimento com o intuito de facilitar a evolução da personalidade.

Os terapeutas, ao ofertar esse estilo de trabalho, buscam criar condições de a criança digerir tensões, ansiedades, angústias que as crianças estão sentindo e assim podem, por meio do brincar, ressignificar e conquistar um bem-estar.

O papel dos pais é crucial ao propiciar os recursos necessários para poderem realizar este “brincar em família”. A participação do adulto suscetibiliza fortemente a qualidade da relação que a criança irá estabelecer em suas relações sociais.

Muitas vezes o que pode impactar quando ocorre o “brincar em família” é o fato de o adulto começar a impor desejos e expectativas suas, esquecendo da individualidade e autonomia que está se querendo construir na criança.

É a criança quem irá conduzir a brincadeira e neste brincar o adulto será o “coadjuvante”, sem intervir.

O adulto poderá sim, estimular novos desafios, oferecer sugestões para ampliar o que a criança estará propondo, bem como criar condições para que possa ampliar as possibilidades.

No brincar em família, os espaços da casa podem ser transformados em castelos, astronaves, florestas, cosmo, céus coloridos, locais de fantasias e gostosuras!

A organização, limpeza e o restabelecimento do estado original dos cômodos da casa, também fazem parte da brincadeira.

Importante realizar (em conjunto com a criança), os acordos a fim de deixarem as tarefas bem claras e definidas para o (pós) brincar, despertando na criança a noção de coletividade, responsabilidade, organização e parceria.

Agora vem a pergunta que não quer calar: E o que fazer com as telas?

O brincar requer movimento, interação, construção, entendimento da realidade e das situações criadas pela imaginação e criatividade e não precisam substituir as tecnologias.

Se faz necessário colocar um limite de tempo, como já vem pronto e dirigido não necessita a elaboração deste brincar. Fato.

Quando há excessivo uso das telas, as próprias crianças ficam enfastiadas e por vezes angustiadas, podendo levar a um alto estresse pelo sentimento de incapacidade ao não conseguirem avançar de fase em um jogo, por exemplo.

Como brincar com meu filho

O brincar é inerente à criança e imprescindível para seu desenvolvimento, portanto, como a geração de nossos avós diziam, “não seja nem tanto céu nem tanto a terra”, o importante é obter o equilíbrio!

Deve se obter esse equilíbrio em relação ao uso das telas.

Seria conveniente estabelecer uma rotina, intercalando as telas com a criação do próprio brincar da criança e, de preferência, com o brincar em família!

Estimular o brincar em família com muito movimento, desafios e obstáculos.

Oferecer jogos de regras, de memória, mímica, baralhos físicos e não virtuais como o jogo Blitz e Jass que estimulam o raciocínio lógico, destreza e atenção.

Dividir e intercalar a mesma quantidade de tempo que realizarem o brincar em família, fazer uso das telas! E o mesmo tempo dividir com a estimulação de brincadeiras ao ar livre, com as práticas esportivas e horários de estudo.

Foi possível perceber que se pode brincar sem brinquedos e com a família brincando juntos.

Que pode conciliar as tecnologias, o “virtual e real“, e também fortalecer e aumentar os relacionamentos?

Somos seres sociais, precisamos desta interação.

Uma criança frente à tecnologia por horas ou com uma quantidade de brinquedos empilhados no armário, pode estar “robotizada” na ação, o pensamento longe, ou absorta na tela com os olhos fixos e desconectada do ambiente familiar.

Fique atenta! As memórias são construídas a partir dos vínculos estabelecidos e por meio das emoções e da afetividade.

Pense em brincar de faz de conta e dar conta de fazer tudo que estiver ao seu alcance.

Sem cobranças e culpas. Simplesmente seja e seja por inteira.

Busque brincar de ser feliz e ser feliz brincando!

Por Adriana Luchin

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