VYGOTSKY E A SURDEZ

Vygotsky é um psicólogo e um teórico que estudou a respeito da aprendizagem e desenvolvimento da criança.  Muitos professores, psicólogos estudam suas teorias durante a graduação.

Esse teórico tão importante também se debruçou a estudar sobre as deficiências em especial a surdez.

O aprendizado foi estudado por diversos autores, um grande objeto de pesquisa para a psicologia.  Diversas teorias foram criadas, dentre elas podemos citar teorias Behaviorista, Cognitivistas Humanistas e Sócio Culturais.

Lev Semionovitch Vygotsky, foi proponente da psicologia cultural-histórica, pensador importante em sua área e época, foi pioneiro no conceito de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais e no estudo das deficiências, como a surdez.

Ou seja, para Vygotsky, não é suficiente ter todo o aparato biológico da espécie para realizar uma tarefa se o indivíduo não participa de ambientes e práticas específicas que propiciem esta aprendizagem.

Muitos acreditam que a criança vai se desenvolver com o tempo. Essa frase precisa ser contextualizada, pois não devemos comparar o desenvolvimento de cada criança, mas a criança necessita de estimulo para aprender.

Na escola é comum ter alunos que compreendem melhor a matéria e outros nem tanto, mas será que parte dessa diferença não seria devido à falta de uma pessoa auxiliando no aprendizado?

Assim como é quando recebem um aluno com surdez?

Ele interage e aprende com os demais ou fica em seu canto?

Para Vygotsky é através da interação social que o estimulo acontece. A questão central de Vygotsky é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio.

Para o teórico, o sujeito é interativo, pois adquire conhecimentos a partir de troca com o meio, de relações entra e interpessoais e, a partir de um processo denominado mediação.

Para compreender melhor remetemos ao conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), muitos de vocês professores pode estar lembrando desse termo das aulas.

A ZDP Vygotsky  denominou como a distância entre o nível de desenvolvimento real, ou seja, determinado pela capacidade de resolver problemas independentemente, e o nível de desenvolvimento proximal, demarcado pela capacidade de solucionar problemas com ajuda de um parceiro mais experiente.

São as aprendizagens que ocorrem na ZDP que fazem com que a criança se desenvolva ainda mais, ou seja, desenvolvimento com aprendizagem na ZDP leva a mais desenvolvimento, por isso dizemos que, para Vygotsky, tais processos são indissociáveis.

Esse processo é presente diariamente na relação professor aluno na escola, mediado principalmente pela linguagem.

Interprete de libras e a sua atuação

Sendo assim observamos a centralidade da Linguagem na teoria de Vygotsky. A linguagem (verbal, gestual e escrita) é nosso instrumento de relação com os outros e, por isso, é importantíssima na nossa constituição como sujeitos. Além disso, é através da linguagem que aprendemos a pensar

A linguagem é, antes de tudo, social. Portanto, sua função inicial é a comunicação, expressão e compreensão. Essa função comunicativa está estreitamente combinada com o pensamento.

A comunicação é uma espécie de função básica porque permite a interação social e, ao mesmo tempo, organiza o pensamento.

Para Vygotsky, a aquisição da linguagem passa por três fases: a linguagem social, que seria esta que tem por função denominar e comunicar, e seria a primeira linguagem que surge. Depois teríamos a linguagem egocêntrica e a linguagem interior, intimamente ligada ao pensamento.

Assim, a linguagem não tem mera função comunicativa, mas de formação de pensamento, de planejamento e organização.

A partir desse ponto da nossa discussão podemos começar a refletir de como seria para as crianças com surdez, visto que ainda hoje a comunicação é um grande obstáculo.

A perspectiva vygotskiana, com sua ênfase na linguagem e na interação social, inspira também o trabalho educativo com crianças surdas e surdo-cegas, apontando elementos que permitem assumir a defesa do ensino de língua de sinais aos surdos, assim como a necessidade de tornar disponíveis sistemas que permitam a comunicação dos surdo-cegos, baseados no toque.

Vygotsky, como dito anteriormente, foi um grande estudioso da surdez. O autor estudou diversas deficiências, e percebeu que a surdez é aquela que traz maiores prejuízos ao ser humano devido ao seu caráter social. Diferente dos animais, que a cegueira se torna mais prepucial.

A linguagem possibilita um grande salto sensorial no desenvolvimento das crianças. Ela se caracteriza por possibilitar uma infinidade de alternativas de utilização que oportuniza o desenvolvimento do raciocínio, por exemplo.

Hoje, a língua mais utilizada pelos povos são as línguas orais, isso dificulta a aprendizagem espontânea das pessoas com surdez e consequentemente o seu desenvolvimento. No entanto, vale a pena ressaltar que a linguagem oral não é a única forma de língua.

As Línguas de sinais podem desenvolver o mesmo papel das orais. Dessa maneira, podemos concluir que a questão da surdez não é orgânica, mas social e precisamos responder as seguintes questões:

Quantas anos essa criança com surdez apendeu a língua de sinais?

Com quem se comunica para a realização de seu aprendizado e desenvolvimento, aquele que irá propiciar o aprendizado da zona real para a proximal, descrita por Vygotsky?

As práticas escolares devem trabalhar para minimizar tais lacunas.

Vygotsky vivia em um tempo em que o moralismo era prática dominante na educação para pessoas com surdez. Ele foi um grande crítico e dizia que a aquisição de linguagem deve ser natural como é para os ouvintes.

A escola tem grande papel no desenvolvimento da criança ouvinte ou com surdez, visto que segundo Vygotsky, o sujeito – no caso, a criança – é reconhecida como ser pensante, capaz de vincular sua ação à representação de mundo que constitui sua cultura, sendo a escola um espaço e um tempo onde este processo é vivenciado, onde o processo de ensino-aprendizagem envolve diretamente a interação entre sujeitos.

E quais praticas tem sido realizada para as pessoas com surdez na escola?

Hoje, onde algumas cidades estão em ensino remoto, se faz o ensino por meio da Libras?

Para aquelas cidades que já estão retornando ao presencial, se faz a estimulação do ensino da Libras?

A partir dos conhecimentos expostos nesse texto, gostaria que refletisse a respeito da importância da língua para nós e para o ambiente escolar.

Por Caroline Nunes

Crédito da Capa: Alagoas na net

2 comentários em “VYGOTSKY E A SURDEZ”

Deixe um comentário

Sair da versão mobile