EDUCAR UMA MISSÃO DESAFIADORA

Sabemos que a missão de educar não é nada fácil, os desafios que envolvem a educação e criação de crianças/filhos, sem dúvidas são muitos e enormes.

Os pais tem muitas expectativas em relação a criação dos filhos, assim como tem sobre si mesmos, de como vão desempenhar esse papel, principalmente durante na infância e adolescência.

É normal os pais querer proteger as crianças das adversidades da vida, dar a elas tudo que eles não tiveram na infância (coisas materiais, proporcionar momentos, melhor estudo, acesso a serviços de saúde e lazer etc.), desejam que seja bom aluno, bom filho, neto, cidadão de bem e que tenha sucesso em todos os aspectos da vida.

Diante disso surgem questionamentos, como, que tipo de adulto quero formar?

Será que vou acertar com meu filho?

Será que sou bom pai ou mãe?

Que modelo de adulto sou para meu filho? Será que vou dar conta?

Ao conversar com bisavós, avós, pais e tios, que já passaram por essa tarefa de educar, eles relatam que na sua época era mais fácil educar as crianças, queixando se das muitas mudaram com o decorrer dos anos, como sendo responsáveis por muitas das dificuldades que os pais da atualidade estão enfrentando na criação e educação das crianças.

Isso é fato! Com a globalização, tecnologia, mercado de trabalho, busca por independência financeira, pais trabalhando em excesso, estresse, falta de tempo de qualidade, entre outras. De alguma forma estes pontos contribuem para o aparecimento de algumas dificuldades na criação e educação das crianças.

Vale lembrar que cada família é única, que não existe manual de instruções, vai ter pais que relatam ter sido fácil e acertado na educação/criação de um filho e descrevem como difícil e desafiadora a tarefa de educar o segundo filho.

Um pai pode dizer “eu fiz assim com o primeiro filho e funcionou, tem que funcionar com o segundo”. Quando se trata de educação de indivíduo que tem desejos e percepções diferentes, essa receita não funciona de forma tão simples, pois cada criança é única, elas nascem com um componente biológico da personalidade chamado de temperamento.

Dessa forma, uma criança desde muito cedo vai apresentar características diferentes de outra criança.

Pais que vivenciaram o desenvolvimento do primeiro filho, onde eles consideraram que conseguiram educar sem muitos problemas e que tudo correu bem, certamente não vão passar pela mesma experiência com um segundo, terceiro e quarto filho.

O primeiro filho pode não ter apresentado demandas que fossem desafiadoras para os pais na infância, já o segundo filho pode apresentar.

Por exemplo, um filho pode ter sido extremamente independente aos 9 anos e não apresentar demandas ou queixas que exigia muito dos pais, enquanto o irmão mais novo na mesma idade, os pais buscaram repetir os mesmos padrões de educação, porém não obtiveram o mesmo resultado.

Os pais podem ter repetido os mesmos padrões com o segundo filho, mas mesmo assim este pode apresentar medo de dormir sozinho, enquanto o outro na mesma idade não apresentava tal comportamento.

Não há receitas, formulas, scripts e manuais de instruções, e sim caminhos que levam pais e responsáveis a buscarem o melhor para uma boa educação.

Crianças vão apresentar fase das birras e desobediências, que vão exigir mais dos pais. A maior parte dos comportamentos da criança é aprendido no dia a dia no relacionamento entre pais e filhos, responsáveis e familiares.

Os pais precisam reconhecer suas dificuldades e erros, caso estas vierem acontecer. É fundamental uma rede apoio para pais e responsáveis, visto que a tarefa de educar é extremamente desafiadora, onde envolve aspectos importantes, como, limites, regras e valores.

A rede de apoio na criação e educação dos filhos é importante, pois muitas vezes os pais podem precisar de ajuda, e sem essa rede em momentos cruciais, como estresse, conflitos, pode tornar a tarefa de educar em algo bastante difícil.

Sempre que for necessário, peça ajuda, busque uma rede de apoio. Vale lembrar que esta rede de apoio deve ser capaz de proteger, dar afeto e ensinar com exemplos positivos.

Ter rede de apoio não é terceirizar a educação dos filhos, é ter com quem contar e somar, para melhor contribuir para o desenvolvimento saudável das crianças.

Não temos que determinar um manual de conduta de como cada família vai criar e educar seus filhos, mas, que pais, avós, tios, tias e responsáveis, tenham conhecimento necessário para promover uma educação de qualidade.

Os pais tem que buscar uma educação com base no respeito, confiança e acolhimento. É fundamental os pais olharem o tipo de conduta que estão tendo, isso vai ajudar a melhorar a forma como tem buscado educar seus filhos.

Uma educação não violenta é o melhor caminho para a construção de pessoas emocionalmente saudáveis. Uma boa comunicação entre pais e filhos é fundamental, contribuindo para uma relação colaborativa e assertiva.

Educação, professor, pai e pandemia

Sabemos que os pais se preocupam muito com a educação formal dos filhos, querem que estes tirem boas notas, obedeça a eles, e cumpra todas as exigências deles.

Por outro lado temos pais que focam no investimento material, dando de tudo para os filhos, achando que estão construindo uma boa educação dessa forma. Esquecendo-se do investimento na educação emocional, estando conectado emocionalmente com seus filhos, criando vinculo seguro, com base no carinho, amor, confiança, segurança e respeito.

Dentro da educação o melhor que os pais devem e podem fazer por seus filhos é lhes proporcionar saúde mental, educação escolar e bem estar.

Não basta falarmos em educar as crianças, e sim orientarmos para que seja uma educação respeitosa, com dialogo, respeito.

Dar espaço para o diálogo e compreensão da criança, não quer dizer que pais e responsáveis vão ser permissivos. Dentro desta postura cabe ter firmeza, clareza e empatia, onde pais e filhos andem juntos.

Manter uma estrutura regida, enérgico, autoritário e pouco flexível pode atrapalhar o que chamamos de construção de uma educação saudável.

Cada pai tem sua percepção/ideia ou mesmo modelo de educação, e se baseiam nestes pontos para a educação dos filhos. Podemos dizer que forma de educar muitas vezes e cultural, ou seja variando de família para família, de acordo com a cultura individual de cada pai.

Isso não quer dizer que uma família está errada e outra correta, cada um age de acordo com o que acredita funcionar ou por assim ter aprendido. 

É esperado dos pais, que eles repreendam ou usem de punição/ castigo para reparar comportamentos inadequados dos filhos, mas esse tipo de postura não está ensinando educação de forma efetiva e adequada.

Com isso pode ocorrer uma educação baseada na violência física, psicológica e negligencia. Precisamos largar a ideia de que para a educação funcionar tem que ser com autoritarismo. Gritos, ameaças e punições, pois estas posturas dão a falsa sensação de que a sua educação está surtindo efeito.

Diversas pesquisas demostram que educar através de castigos, violência física ou verbal, gera prejuízos no desenvolvimento da criança, podendo ser no emocional ou físico, e que podem ser levados para o resto da vida.

Estudos apontam que crianças educadas em um sistema rígido, possuem maior dificuldade de internalização de regras e limite. Os pais e responsáveis acreditam que se forem menos rígidos, vão perder a autoridade sobre os filhos.

Educar requer disciplina, dizer não quando necessário, dar bons exemplos. Os pais podem e devem ensinar os filhos valores conforme aprenderam, mas, também tem que avaliar a eficácia e ganho dessa educação, pois devemos ensinar as crianças a questionar e pensar.

Lembrando que a educação saudável, baseada no amor, respeito, confiança, empatia, não significa não dar limite, e sim impor limites saudáveis. Nem totalmente permissivo nem totalmente rígido.

Precisamos pensar e repensar a educação todos os dias, visto que pais e filhos estão em constante construção nessa jornada que é educar.

Passos importantes para uma boa educação

  • Firmeza e regras claras;
  • Limites seguros e gentis;
  • Combinados de forma constante e coerente;
  • Seja um mediador dos conflitos da criança, ensine, reflita sobre o comportamento;
  • Exercite a paciência com as crianças;
  • Não aja por impulso;
  • Demostre carinho e afeto;
  • Seja exemplo e referência;
  • Disponha de tempo de qualidade;

Pais não são perfeitos e nem precisam ser, sua tarefa é orientar, guiar, ter tempo de qualidade e permitir uma boa educação socioemocional, que os filhos aprendam habilidades para a vida.

Não há receita pronta para educar, mas há maneiras que levam à uma educação melhor, com saúde mental e bem-estar de pais e filhos. 

Por Ilma Paula

Capa: Keylla Gomes

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