O termo Tecnologia Assistiva (TA) é novo e pouco conhecido por muitas pessoas.
É um termo utilizado para identificar uma série de recursos, materiais, metodologias, produtos e serviços que contribuem na ampliação de habilidades funcionais de pessoas com deficiência. Assim, promovendo vida independe e inclusão social dessas pessoas.
O Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), instituído pela PORTARIA N° 142, DE 16 DE NOVEMBRO DE 2006, define Tecnologia Assistiva da seguinte forma:
“é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social”. (ATA VII – Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) – Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE) – Secretaria Especial dos Direitos Humanos – Presidência da República).
Para que isso aconteça, incluem múltiplos profissionais que trabalham em diversas áreas, desde a psicologia à engenharia, com pesquisas, desenvolvendo materiais e tudo que for preciso para garantir que a Tecnologia Assistiva seja aplicada em todos os lugares e chegue a todas as pessoas que precisam para ter uma vida mais independente e que sejam incluídas socialmente nos diversos ambientes em que vivem.
Os recursos utilizados são, em grande parte, equipamentos, produtos ou sistemas desenvolvidos para melhorar os aspectos funcionais das pessoas com deficiência. Podendo ser, desde uma simples bengala, até um grande sistema computadorizado.
Há, também, serviços que compõem a TA. Entre os serviços, estão avaliações, experimentação e treinamento com equipamentos e produtos. No geral, esses serviços são prestados por profissionais de diversas áreas, como a fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, educação, engenharia, arquitetura, entre outros.
Assim, as Tecnologias Assistivas são toda e qualquer ferramenta utilizada com o intuito de proporcionar autonomia à pessoa deficiente, possibilitando o aperfeiçoamento do ensino.
Nos países desenvolvidos o uso das Tecnologias Assistivas já mostra resultados importantes, visto que houve investimento em pesquisas e no desenvolvimento.
Já no Brasil, caminha mais devagar, devido ter menos recursos disponibilizados para a pesquisa pelo governo.
A Tecnologia Assistiva foi instituída no Brasil somente em novembro de 2006 pela portaria nº 142 do Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), estabelecido pelo Decreto nº 5296 no âmbito da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República.
Com o passar dos anos, muitas coisas melhoraram em relação à Tecnologia Assistiva no Brasil, como por exemplo, a implantação do programa Viver sem Limite – Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – em 17 de novembro de 2011, por meio do Decreto n. 7.612.
Esse programa, do governo federal, busca a efetivação dos direitos de todas as pessoas. O Viver sem Limites tem quatro eixos que são: acesso à educação, inclusão social, atenção à saúde e acessibilidade.
A Tecnologia Assistiva passa pelos quatro eixos do programa e faz parte de um propósito, são grandes iniciativas em diferentes áreas a fim de assegurar uma vida melhor e os direitos da pessoa com deficiência.
No Brasil, foi inaugurado o Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva (CNRTA), em Campinas, no interior de São Paulo, que também faz parte do programa Vive sem Limites.
O CNTRA tem como objetivo uma na área de pesquisas sobre as Tecnologias Assistivas, aumentando assim o número de produtos.
Os benefícios das Tecnologias Assistivas são muitos, as pessoas que utilizam esses produtos no dia a dia sentem tais vantagens na descomplicação de barreiras que elas enfrentam diariamente.
As Tecnologias Assistivas podem ser utilizadas em diversas áreas, como, por exemplo:
- No desempenho de tarefas do cotidiano, como na alimentação, higiene pessoal, etc. Como talheres adaptados para uma melhor alimentação, equipamentos para apoiar a locomoção da pessoa.
- No que se refere à mobilidade, temos a cadeira de rodas, andador, adaptação em carros, próteses e órteses, entre outros.
- Na comunicação, temos muito da Tecnologia Assistiva, para pessoas que tem dificuldades na fala ou na escrita. Podemos utilizar a prancha, que é um dos mais simples, que se têm números, letras, símbolos que permite a pessoa indicar e formar palavras.
Além disso, com os avanços da tecnologia, existem, também, equipamentos com voz, que permite que a pessoa se comunique por uma voz robótica.
- Para as pessoas cegas ou baixa visão, podem utilizar o braile, lupas eletrônicas, programas de computador que permite a ampliação das letras na tela, entre vários outros programas que permitem ao deficiente ter como se comunicar com outras pessoas.
Com isso, a Tecnologia Assistiva permitiu que várias pessoas tivessem acesso ao uso de computadores, como teclados e mouses adaptados, recursos de voz, além de softwares que auxiliam em diversas atividades na utilização do computador pela pessoa com deficiência.
O computador pode ser utilizado como meio para o desenvolvimento de estratégias cognitivas, ampliando os limites de aprendizagem com pessoas com deficiência.
Faz-se necessária a interação da pessoa com deficiência com instrumentos culturais que levam à inclusão digital. Criando estratégias para apoiarem o desenvolvimento afetivo e cognitivo de tais pessoas.
A Tecnologia Assistiva colabora para uma melhor educação inclusiva, gerando diversas possibilidades para o aperfeiçoamento do ensino em diferentes níveis.
Na educação inclusiva, a tecnologia assistiva está presente no Atendimento Educacional Especializado (AEE), que é quando o aluno será atendido individualmente em turno oposto ao escolar e cada criança precisa de uma abordagem única durante o atendimento.
No que se diz respeito à alfabetização e comunicação da pessoa deficiente no ambiente escolar, os materiais que estão disponíveis para esse atendimento se tornam possibilita uma melhor atuação com as crianças.
Contudo, para que tudo isso aconteça, as escolas precisam se preparar cada vez mais, levando em conta as políticas públicas de inclusão social e escolar. Adquirir novos materiais, buscar adaptar o que for possível dentro da própria escola para que se tenha uma melhor política de inclusão e que o aluno com deficiência tenha de fato uma boa formação e uma vida mais fácil em todos os aspectos.
No entanto, um grande desafio quanto à formação do sujeito com deficiência utilizando a Tecnologia Assistiva é muitas vezes, o despreparo do professor e das escolas para mediar esse conhecimento com o aluno.
Faz-se necessário muito estudo, preparação e empenho do professor e da escola como um todo, procurando mediar o conhecimento, aplicar as adaptações e programas para que a criança com deficiência tenha um bom ensino e que consiga superar os obstáculos presentes no seu cotidiano.
É preciso uma boa parceria entre, governo com as políticas públicas e a disponibilização de materiais para esses alunos; a escola e professores estarem aptos a receber alunos com deficiência, disponibilizando tais materiais e preparando os professores para que eles possam conduzir e mediar esse trabalho com o aluno.
Os professores de salas de aulas regulares também precisam saber, pelo menos, o mínimo de como trabalhar com os alunos, não somente os professores do Atendimento Educacional Especializado – AEE, estes são especialistas que atendem o aluno em contra turno escolar e que estão preparados para tal atendimento.
Mas os professores regentes, aqueles que ministram aas aulas regulares, também faz necessário que saibam como trabalhar com o aluno especial, tendo o cuidado para não o excluir, buscando assim uma inclusão social.
Por isso, a importância de ter professores e escolas sempre atualizados, dispostos a aprender novas propostas, novas tecnologias, procurar atualizar as metodologias de trabalho, incluindo e socializando no ambiente escolar todas as crianças e adolescentes com deficiências.
Aliás, este é o objetivo da Tecnologia Assistiva é melhorar e aumenta mais e mais descobertas e assim possibilitar uma melhor qualidade de vida para as pessoas com deficiência, como: conseguir se locomover sem depender totalmente de outra pessoa, se comunicar com mais facilidade, se alimentar sozinha.
Enfim, têm-se diversas possibilidades e materiais para se usar na inclusão da pessoa deficiente, tornando mais autônoma.
Por Erica Lacerda
Capa: Psicologia Acessível