Você sabe quais são os direitos e deveres de um pai?
O Direito de Família, área que se dedica às questões de paternidade e maternidade, coloca o afeto e o amor como principais elementos para a constituição familiar, trata desse assunto tão importante.
Pai e mãe perante a Justiça têm os mesmos direitos e deveres, ambos têm autoridade parental. Por isso, ambos são fundamentais para a formação integral dos filhos.
Eis o disposto no art. 22 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), in verbis:
“Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.” Grifo nosso.
O parágrafo único do referido artigo estabelece que o pai e a mãe possuem direitos e deveres iguais, mantendo a responsabilidade no cuidado e educação da criança, nos seguintes termos:
“Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei.” Grifo nosso.
No contexto, a figura paterna é importante para a formação da criança e, por isso, além de cumprir suas obrigações financeiras, muitas vezes acordada amigavelmente ou através de determinação judicial [1], também precisa cumprir suas obrigações emocionais, ou seja, relacionadas ao vínculo afetivo.
Ressalta-se que os pais afetivos, aqueles que criam um vínculo com a criança, têm o mesmo valor jurídico e constitucional dos pais biológicos perante o Poder Judiciário.
No entanto, diante das mudanças no papel das mulheres na sociedade, a função de pai também passa por atualizações e exige cada vez mais um perfil diferente, mais participativo.
Se, antes, o homem era considerado como provedor da família, responsável pela parte financeira, agora, que as mulheres também deixam a casa para trabalhar, os pais precisam até se reinventar para cumprir com as obrigações com os filhos.
O papel paterno tem deixado de ser coadjuvante, com a participação crescente dos pais nos cuidados desde a gestação, passando pelo nascimento do bebê e pelas várias fases de desenvolvimento da criança[2].
Além de dar carinho, atenção e contribuir para o crescimento do filho, o homem também tem direitos e obrigações garantidos por lei que auxiliam nessa tarefa.
Não importa se jovem ou adulto, todo pai está sujeito a regras estabelecidas por lei.
As diversas composições familiares desafiam cada vez mais o Direito a promover igualdade nas relações humanas. Em um cenário de tantas mudanças, será que os pais têm conhecimento sobre os seus direitos e deveres?
Confira abaixo os principais direitos e deveres que os pais têm perante a legislação brasileira:
- Sou pai solteiro ou viúvo, tenho os mesmos direitos de uma mãe solteira?
Os pais possuem direitos fundamentais tais como licença-paternidade, afastamento do trabalho para prestar assistência ao filho com alguma deficiência ou levá-lo ao médico, sem que isto lhe cause prejuízos.
A licença-paternidade é de cinco dias seguidos, contados a partir do nascimento. Contudo, em empresas que fazem parte do Programa Empresa Cidadã, o período é de 20 dias.
Existe ainda a licença especial, concedida aos pais que precisam dar assistência ao filho até os seis anos de idade.
Ela pode ser integral por três meses, parcial por doze meses (quanto o pai trabalha meio período e cuida do filho no outro), ou intercalada, desde que as ausências totais sejam equivalentes a três meses.
Para esta situação, é preciso comunicar a empresa com antecedência e apresentar atestado médico que comprove a necessidade.
Há casos isolados nos quais os pais obtiveram, mediante ordem judicial, o aumento da licença para até 180 dias. No entanto, como se tratam de exceções, estas situações devem ser analisadas e consideradas caso a caso.
- Somos dois pais, nós podemos registrar nossos filhos nos dois nomes?
É possível que ambos os pais registrem o filho, com base no que se conhece como multiparentalidade, ou seja, conceder à criança o direito de ter o reconhecimento de dois pais.
Primeira regra a ser estabelecida é a de que os mesmos direitos garantidos para casais heterossexuais devem ser concedidos a casais homossexuais, entendimento já firmado pelo Supremo Tribunal Federal.
O desenvolvimento da criança não depende do tipo de família, mas do vínculo que esses pais e/ou mães vão estabelecer entre eles e a criança.
A orientação sexual não é mais importante que o afeto.
- A mãe está me impedindo de ver meus filhos, o que devo fazer?
Primeiramente, o pai deve procurar regulamentar judicialmente o chamado direito de convivência e/ou visitas, a fim de estabelecer os dias e horários em que o filho estará sob sua guarda.
Uma vez regulamentado, caso a mãe se contraponha injustificadamente a tal direito, temos que tal prática pode caracterizar alienação parental[3], cabendo ao pai requerer o cumprimento da decisão anteriormente fixada, mediante aplicação de multa, alteração de regime de convivência ou mesmo mudança de guarda.
A orientação mais importante ao pai é: antes de qualquer decisão, consulte sempre um advogado de sua inteira confiança.
- Sou pai, tenho direito de solicitar a guarda do meu filho? A mãe sempre tem vantagem na guarda?
Sabemos que via de regra, as decisões judiciais são amplamente favoráveis às mães. Porém, comprovada alguma atitude que contrarie os direitos da criança, o pai possui como legítimo seu interesse em obter a guarda do filho.
O que sempre irá pesar perante a justiça, é o melhor interesse do menor, ao se fixar a guarda.
Mais uma vez, importante destacar que cada caso concreto precisa ser analisado por um profissional de confiança dentro de suas particularidades.
- Sou padrasto, mas cuido da criança como se fosse minha, posso reivindicar a paternidade?
Não tendo a criança registrada a paternidade biológica, o padrasto pode requerer a adoção, passando a ser o pai, assumindo todos os deveres e obrigações.
Por consequência, a criança passa a ter todos os direitos inerentes.
Em situação contrária, ou seja, existindo registro do pai biológico, ao padrasto é garantido o direito de requerer o reconhecimento da paternidade afetiva, chamada de multiparentalidade[4], uma vez que a criança passa a adotar o nome de ambos os pais – biológico e afetivo -, igualmente usufruindo de todos os direitos de ambos.
- Não tenho condições de pagar pensão porque estou desempregado no momento, o que devo fazer?
Uma vez modificada a condição financeira do pai, este deve requerer judicialmente a revisão dos alimentos, a fim de que o valor da pensão se adapte à sua realidade.
O principal entendimento sobre os alimentos é que este é estipulado por meio do trinômio: necessidade x possibilidade x proporcionalidade, o que significa que deve ser comprovada a necessidade do menor, para, mediante a possibilidade financeira do pai, se estipular um valor adequado de forma proporcional.
- Descobri agora que sou pai e tenho interesse em conhecer meu filho, o que devo fazer?
O pai deve requerer o reconhecimento da paternidade por meio de ação denominada Investigação de Paternidade[5], a fim de que os demais direitos, como visitas, sejam assegurados.
A omissão da mãe quanto à paternidade da criança é tida como uma ofensa gravíssima aos direitos do menor, já que o seu regular desenvolvimento depende do convívio com ambos os pais e familiares.
Feitas essas considerações sobre alguns direitos e deveres inerentes aos pais, através das perguntas e respostas acima, nos dias de hoje, e para a nossa surpresa, continuamos a ouvir muitas pessoas dizendo em voz alta a clássica frase “meu parceiro me ajuda com as tarefas de casa” ou “eu ajudo a minha mulher a cuidar das crianças”.
É como se as tarefas e as responsabilidades de uma casa e de uma família tivessem patrimônio, uma característica associada ao gênero e que ainda não evoluiu nada nos nossos padrões de pensamento.

Afinal, “pai não ajuda, pai cria junto!” A figura do pai é igualmente relevante à de uma mãe.
Contudo, é claro que o primeiro vínculo de apego do recém-nascido durante os primeiros meses se centra na figura materna, até mesmo em virtude da amamentação[6].
Ademais, precisamos compreender, de uma vez por todas, que:
(…) “pai não ajuda. Pai não é rede de apoio. Pai não faz favor para a mãe, cuidando da criança, quando ela está ocupada. Pai não “faz a parte dele”, quando se limita a trabalhar fora e arcar com as despesas financeiras. Ao voltar para casa, pai não “merece sossego”, não tem de ser liberado das tarefas domésticas e com as crianças por “já ter trabalhado, coitado”.
Pai não deve assumir menos funções com os filhos porque é “homem e não sabe fazer as coisas que as mulheres sabem”. Grifo nosso.
Por mais incômodo que seja, nós precisamos falar sobre isso. Precisamos processar essas ideias e incorporá-las às nossas ações.
Contudo, também percebemos muitas vezes, que a “mãe não deixa o pai se aproximar”. Ela acaba podando essa aproximação entre pai e filho por insegurança, por achar que dá conta de tudo, por achar que o pai nunca vai fazer da forma certa.
Está errado.
Ele vai fazer do jeito dele, e, está tudo bem!
Pode ser que a criança não saia com tudo combinando, pode ser que ela durma com ele no sofá. Pode ser que não coma todo o jantar. Pode ser….
Mas, assim como você tem o seu jeito de ser mulher, esposa, mãe, o pai do seu filho tem o jeito dele de ser pai.
E o mais legal dessa história toda é que a diversidade estimula o desenvolvimento, faz essa criança ficar esperta para a vida e, além disso, torna a maternidade muito mais tranquila.
Igualmente, a apresentadora Rafa Brites já afirmou: “Pai não faz favor. Apenas faz”.
Ela repostou uma foto do marido Felipe Andreoli cuidando do bebê enquanto ela dormia, juntamente com um texto sobre as obrigações de pai e mãe[7].
Portanto, de uma vez por todas, vamos ajustar as lentes e enxergar direito: pai não ajuda!
Pai que cuida, pai que alimenta, pai que brinca, pai que transporta para cá e para lá, pai que trabalha fora e, quando chega, dá a janta, lava louça e lê história antes de botar o filhote na cama, não é herói.
Ele está apenas sendo pai – ou, se preferir, agindo como uma mãe faz todo santo dia, mas tanta gente insiste em não ver.
De uma hora para a outra, a rotina se transforma, as responsabilidades aumentam, o tempo livre diminui e os dias ficam mais cheios de vida, com a chegada daquele pequeno serzinho, que mal chegou e já é tão amado por todos.
Não há dúvidas de que o nascimento de um filho é um marco na vida de toda família.
No entanto, quando o assunto são os pequenos, muito se diz sobre maternidade, coisas que as mães precisam fazer ou que não devem fazer de jeito nenhum…
Mas e os papais? Onde entram nessa história?
Temos visto que (felizmente), cada vez mais, os pais têm participado da criação dos filhos, dividindo tarefas e estando, de fato, presentes no dia a dia da casa. Afinal, não poderia ser de outro jeito, não é?
É preciso sensibilidade e carinho para ser um paizão.
Essa história de que homem não pode ser sensível, carinhoso ou demonstrar seus sentimentos ficou no passado.
Ser pai é aprender a cada dia.
Não há dúvidas do quanto os pais podem aprender com os filhos. Embora com simplicidade e um jeito singular de ver e conhecer o mundo, as crianças e os adolescentes podem nos dar grandes lições de vida.
Então, permita-se aprender e se redescobrir a cada dia com essa linda experiência da paternidade.
Ser o exemplo é sempre o melhor caminho.
A melhor maneira de educar os filhos ainda é pelo exemplo. Então, se você quer que seu filho leve os estudos a sério, respeite as pessoas ou tenha responsabilidade com suas coisas, por exemplo, o primeiro passo é você mesmo fazer isso em seu dia a dia.
Os pequenos se espelham nos pais e, com certeza, seguirão seu exemplo!
Sua presença é fundamental para um bom desempenho escolar.
Pergunte para seu filho como foi o dia na escola, se interesse pelo que ele tem para te contar, ajude-o nas atividades e participe das reuniões escolares.
Porque sua presença e participação são fundamentais para que o pequeno seja mais confiante e se dedique mais a matemática, por exemplo.
Ser pai é ser companheiro.
Leve ao jogo de futebol, vá à apresentação de balé, leve para a aula de teatro, convide para um passeio de bicicleta pelo parque, se possível, almoce junto… Ou seja, seja um pai companheiro e participe do dia a dia do seu pequeno.
Isso irá fortalecer mais ainda o vínculo entre vocês, criando uma amizade para a vida toda.
O tempo voa, então aproveite.
Sabemos que ter filho pequeno em casa não é nada fácil, demanda muita energia, paciência, cuidado e atenção.
Mas de uma coisa não há dúvida: o tempo voa e quando você menos esperar, essa fase vai passar, deixando apenas as saudades.
Por isso, aproveite enquanto é tempo.
Permita-se, assim, não só fotografar, filmar e postar nas redes sociais, mas, vivenciar momentos cheios de carinho, diversão, afeto, companheirismo e amor.
Afinal, isso é algo que ficará para sempre memória dos filhos e na sua também, como pai.
Já passou da hora de mudar esse conceito de que pais separados são mera visita, não é mesmo?
Portanto, independente da relação conjugal existente, a relação parental é eterna, não se esqueça disso!
Diante de todo exposto, podemos concluir que pai e mãe devem criar juntos e dividir as responsabilidades, os direitos e os deveres, independente de viverem juntos ou não, visando sempre o bem-estar e o melhor interesse de seu (s) filho (s).
Por Talita Verônica
Fotos: Fotografa Keylla Gomes
Tenho uma filha de 15 anos que está passando por dificuldade,eu levei ela ao médico ele encaminhou ela pr o psicólogo , fisioterapeuta,passou exames e remédio ,estou pedindo ao pai que me ajude com metade de tudo ,ele não manda mensagem pr saber como ela está ,e fica criando obstáculos pr ajudar ,eu não tenho condições de fazer tudo sozinha e não sei o que a lei fala a respeito disso ,o que devo fazer ? Preciso de ajuda ,um orientação .
Olá Genusa, tudo bem? Obrigada pelo seu comentário. No seu caso já foi estabelecido o regime de guarda, convivência e alimentos da sua filha na justiça ou vocês possuem um acordo verbal? É muito importante buscar auxílio jurídico para regularizar essa situação, tendo em vista que além de ser importante a convivência entre pai e filha para o seu desenvolvimento saudável nessa fase da adolescência, geralmente, a depender de cada caso, os pais também são obrigados a dividir 50% das despesas médico e hospitalares de seus filhos desde que devidamente comprovadas com recibos, notas fiscais, etc.
Caso tenha interesse em uma assessoria jurídica, entre em contato para agendarmos de forma on-line.
Esperamos ter contribuído de alguma forma.
Gostaria de saber minha esposa é separada do ex e quando as filhas ficam com ele nos dias de visita ele não leva elas em obrigação tipo catequese e apresentação de colégio nada como proceder? Ele é obrigado a levar elas estando com ele
Olá Fernando, tudo bem? Para uma resposta mais precisa eu precisaria saber mais detalhes do que foi formalizado ou acordado entre sua esposa e o ex dela. Porém, a depender da situação, a convivência do pai não pode prejudicar a rotina saudável das filhas. Se o fato dele não levar estiver causando prejuízo, isso pode ser revisto. Sugiro primeiro tentar um diálogo com ele, ou seja, uma tentativa amigável de resolver a situação. Não obtendo êxito, podem ingressar na justiça para alterar a convivência ou até mesmo pedir multa por descumprimento de uma obrigação. Importante buscar o auxílio jurídico de um advogado da sua confiança ou a defensoria pública da sua cidade.
Se precisar, o jurídico do Descobrindo Crianças está à disposição.
Aproveito o ensejo para desejar Feliz dia dos Pais.
Tenho uma filha especial q requer muito minha atenção é meu tempo , porém o pai pega a criança no dia q quer fica algumas horinhas sempre 2hrs de relógio
Os finais de semana só pra curti
Será q só ele têm direito a isso ?
Olá Gisele, tudo bem? Não, ambos, pai e mãe tem direitos e obrigações com seus filhos, porém, para respondê-la melhor, eu precisaria saber se vocês tem algum acordo formalizado perante a justiça ou uma decisão judicial determinando sobre a convivência dele aos finais de semana, ou ainda se está regulamentado a guarda, pensão alimentícia, etc. É importantíssimo procurar um advogado de sua confiança ou a defensoria pública da sua cidade para analisar ou revisar o seu caso específico e deixar tudo deforma equilibrada e justa, ok? Precisando, o jurídico do DESCOBRINDO CRIANÇAS está à disposição.
Olá tenho 2 filhos biológicos com mães diferentes e 3 da minha atual esposa, só que a mãe do meu filho mais velho é materialista demais e não deixa eu tomar as decisões do meu filho sobre escola etc… Nem muito menos dormir comigo. E quer exigir coisas que fogem do meu orçamento o que devo fazer?
Leonardo, tudo bem? Você tem algum acordo ou processo judicial regulamentando a guarda, convivência e pensão alimentícia do seu filho mais velho? Seria importante primeiramente tentar um acordo para você ter mais convívio e participação na vida dele e não obtendo êxito, procurar um profissional da sua confiança para ajudá-lo nessa questão perante a justiça. Até mesmo verificar se tem indícios de alienação parental.
Não tenho certeza, mas tudo indica que vocês têm um “acordo verbal” para ela fazer essas exigências e isso é ruim para todas as partes envolvidas. Formalizar tudo, até mesmo a pensão alimentícia é importante para determinar valores dentro das suas possibilidades financeiras de pagamento e consider os gastos e despesas com seus outros filhos.
Você demonstra ser um pai presente, participativo e em busca de informações para um bom relacionamento com seus filhos. Agradecemos seu comentário e estamos à disposição.