A Criança também sente dor de dente.
Antes de responder essa pergunta, vamos entender as estruturas internas dos dentes.
Imagine que o dente é uma caixa, feita de duas camadas de um material rígido: mais externamente temos o esmalte, e na sequência a dentina. Dentro dessa caixa temos uma estrutura mais mole, que lembra um coração, a qual é responsável pela vitalidade do dente, e é composta por nervo e vaso sanguíneo, chamada polpa.
A polpa é a parte viva do dente. As dores de dente são resultado de estímulos à polpa, os quais são conduzidos ao cérebro e interpretados como dor.
A polpa pode ser estimulada quando temos exposição de dentina. Isso porque a camada de dentina microscopicamente apresenta canalículos com comunicação direta com a polpa.
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A exposição de dentina acontece nas lesões de cárie, por exemplo. Uma vez estimulada, o organismo gera um processo inflamatório na polpa. A inflamação é essencial para que ocorra o reparo dos tecidos lesionados ou que foram agredidos.
Faz parte do processo inflamatório a liberação de mediadores químicos os quais levam à dor, ao calor, e ao inchaço. As dores de dente podem ser de caráter provocado ou espontâneo.
Elas são ditas provocadas quando requerem um estímulo para acontecer: comer alguma coisa, tomar algo gelado… E representam quadros de dor descritos conforme a descrição feita acima.
São reversíveis, ou seja, indicam que o processo inflamatório foi pequeno e que uma vez removido o estímulo a polpa conseguirá se recuperar.
As dores espontâneas, em contrapartida, são aquelas que começam sem um estímulo específico. Parece que vêem do nada. Representam um dano irreversível à polpa, provocado por uma lesão de cárie não tratada ou mesmo um trauma dental.
A dor espontânea acontece porque a polpa passa por um processo inflamatório grande, em que há muita liberação de mediadores químicos.
Vamos lembrar que a polpa se encontra envolta por tecidos duros, que não permitem um inchaço muito grande. Nesse caso ela incha contra as paredes duras do dente as quais não distendem. Isso gera uma pressão grande na polpa, ampliando a dor.
As dores de dente podem acontecer tanto nos dentes de leite como nos permanentes. A maneira como a dor acontece é igual, independente da dentição.
Em geral, as crianças têm um limiar para dor maior que os adultos. Isso explica, por exemplo, porque muitas vezes mesmo com uma lesão de cárie grande as crianças não relatam dor.
Vale lembrar que não precisamos esperar a criança ter dor de dente para procurarmos o atendimento odontológico. Pelo contrário, devemos buscar prevenir a dor e evitar que ela aconteça.
Portanto, é fundamental ir periodicamente à odontopediatra, de modo que pequenas situações, quando presentes, sejam controladas.
Prevenir é sempre melhor que tratar.
Por Carla Minozzo
Foto: FreePik