Você sabia que existe um dia do ano especialmente para brincar? O World Play Day, ou Dia Mundial do Brincar é no dia 28 de maio e essa data é celebrada em mais de 40 países, incluindo o Brasil.
Brincar é tão importante que é um direito da criança, estabelecido no artigo 31 da Convenção da ONU. É brincando que a criança se desenvolve em todos os aspectos, sejam eles motores, sociais, cognitivos e emocionais.
Mesmo assim, é uma atividade com cada vez menos espaço nas rotinas das crianças, que possuem suas agendas lotadas de atividades extracurriculares e preferem “brincar” com tablets e vídeo-games.
A data foi criada em 1999, durante a 8ª conferência internacional de Ludotecas, em Tóquio, sendo reconhecida no ano seguinte no calendário oficial da UNICEF. As ludotecas são espaços destinados às brincadeiras simbólicas, jogos com regras, contação de história. No Brasil, normalmente usa-se o nome brinquedoteca. E o dia 28 de maio foi escolhido por ser a data de aniversário da International Toy Library.
Em cada ano, um tema é escolhido para nortear a semana do brincar. Em 2018, o tema é o brincar livre, um resgate das brincadeiras de rua, livre de regras, de tempo e espaço, idade e gênero.
Brincar livre é usar a imaginação. Quem define como brincar é quem brinca! Assim, as crianças conseguem usar sua criatividade na exploração dos objetos que têm disponíveis (ou não).
Uma creche norueguesa realizou um experimento bastante interessante, retirando todos os brinquedos da sala de aula, deixando apenas caixas de papelão e tecidos. O resultado foi incrível! Os alunos brincaram MUITO, explorando cada material de acordo com sua imaginação, criando uma experiência única. O que começou como um experimento passou a ser uma atividade da grade curricular de toda a creche, o brincar livre.
Já faz tempo que existe uma verdadeira mobilização de educadores e profissionais da saúde para a conscientização do brincar como ferramenta indispensável para o desenvolvimento dos pequenos. Porém, o dia 28 e toda a semana que antecede permite que toda a sociedade reflita sobre essa questão, sobre como as crianças brincam, quando, de que forma, a consequência das reduções dos espaços e tempo e se há intervenções excessivas por parte dos adultos nas brincadeiras infantis.
Quando o adulto interfere, mesmo tentando ensinar algo, tira a possibilidade da criança construir seu próprio conhecimento. Já citei em outro texto aqui no blog Maria Montessori, uma referência para todos que atuam na área de desenvolvimento infantil. E ela, que morreu há mais de 60 anos atrás já dizia que “qualquer ajuda desnecessária é um obstáculo à aprendizagem”! O adulto deve permitir que a criança brinque sozinha e quando for necessária ajuda, deve leva-la à pensar, à refletir e não dar respostas prontas.
Uma outra experiência, dessa vez em Seattle, nos Estados Unidos, teve como objetivo mostrar a relação dos adultos com as brincadeiras. Uma amarelinha foi desenhada no chão de uma calçada e foi monitorada por 10 horas. Apenas 129 pessoas brincaram na amarelinha, somente 10%! Mas, no vídeo que foi publicado em uma página, vários depoimentos foram postados referentes à saudade de brincar, as boas lembranças da infância, a vontade de sair comprando giz e pular. Algumas pessoas só perceberam que estavam sorrindo quando assistiram ao vídeo. Essas sim, se permitiram divertir.
Hoje, com tantos brinquedos eletrônicos, com tablets, celulares, vídeo-games, quais crianças brincam dessa forma? Um número cada vez menor! E porque não tem acesso a esses equipamentos.
Então, vamos aproveitar o dia 28 para fazer uma reflexão sobre como e o quanto nossas crianças estão brincando. E também, vamos brincar com elas! Sentar no chão, mostrar quais as brincadeiras que fizeram parte da nossa infância. São esses momentos que ficam nas lembranças delas. E nos fazem viver de forma um pouco mais leve. Nós, adultos merecemos. E, as crianças, também!
Por Fernanda Alves