Prematuridade, mas pode chamar de Resiliência

17 de novembro é o dia mundial da prematuridade. A data foi criada como uma forma de sensibilizar as pessoas sobre a prematuridade. Prematuro é todo bebê que nasce antes de completar 37 semanas de gestação. No Brasil, estima-se que pouco mais de 11% dos partos realizados são prematuros. Se um bebê recém-nascido exige uma série de cuidados, um prematuro necessita de atenção mais que redobrada.

Não existe uma causa específica para um parto prematuro, podem ser inúmeras, tanto relativas à mãe, como eclâmpsia, diabetes, por exemplo, ou do próprio bebê, como malformações, infecções, entre outras. Na gestação gemelar, a chance de um parto prematuro é altíssima.

Dependendo do caso, são vários dias (ou até meses) de internação. O corpo do bebê é imaturo e por isso pode não conseguir respirar sozinho e até mesmo mamar, necessitando do todo o suporte de uma UTI neonatal.

Essa é uma jornada que só quem já foi mãe ou pai de prematuro consegue compreender as particularidades desse espaço. Imagine esperar tantos meses para receber seu filho nos braços, sentir seu cheirinho, tocar sua pele e quando chega o grande momento nada disso é possível porque ele está preso à tubos, sondas, fios, incubadora… é frustrante e desesperador!

Cada grama que o bebê ganha é comemorada como gol de final de campeonato. E se perde, é preocupante. Tem horas que é calmaria, silêncio, bebês dormindo. Mas, de repente pode vir uma tempestade. A conversa com o pediatra, pode não trazer boas notícias. Tem as picadas, manobras, aspirações naquele serzinho tão pequeno (mas é para o bem dele). Não é fácil mesmo!

Para ter alta e ir para casa o bebê precisa ter, no mínimo 2 kg e claro, respirar sem auxílio dos aparelhos. Existem casos em que isso não é possível e uma verdadeira UTI deverá ser montada em casa, mas seria o caso de uma outra discussão aqui no blog.

Em casa, começa uma nova etapa de vida. Mas, os cuidados ainda são intensos. O bebê continua sendo imaturo e um pouco mais frágil que as outras crianças, por isso a necessidade de tanta atenção. Mas, com o passar do tempo a criança recupera e pode viver uma vida absolutamente normal, desde que não haja nenhuma complicação ou doenças associadas.

É muito importante que os bebês prematuros tenham acesso aos serviços de estimulação essencial porque em quase todos os casos há atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. O bebê prematuro demora um pouco mais para atingir os marcos de desenvolvimento, como segurar a cabeça, rolar, sentar, engatinhar, andar. Isso acontece por vários motivos. O tempo de internação prolongado e a imaturidade do sistema neurológico são alguns fatores. Também precisamos levar em conta a idade corrigida da criança, que é diferente da sua idade cronológica.

A idade corrigida é a sua idade real, menos o tempo que faltou para terminar a gestação, sendo que hoje consideramos 40 semanas. Então, se eu tenho um bebê de 3 meses (12 semanas), mas que nasceu com 35 semanas, eu preciso descontar 5 semanas da sua idade. Sendo assim, esse bebê ainda não completou 2 meses de vida (7 semanas). Agora é que está começando a adquirir o controle de cabeça, diferente de uma criança aos 3 meses, que já apresenta a musculatura do pescoço mais fortalecida, alcançando o primeiro marco do desenvolvimento motor.

A maior importância da estimulação essencial (ou precoce) é adequar a idade cronológica com a idade real da criança. Nesses serviços são fundamentais os profissionais de Fisioterapia, Fonoaudiologia, Psicologia, Terapia Ocupacional, Pediatra. Além disso, os atendimentos terapêuticos têm caráter de prevenção, pois muitos prematuros podem apresentar alguma sequela de ordem motora ou psíquica e quanto mais cedo começar a intervenção, maiores serão os resultados obtidos.

No dia 17 de novembro, em diversas cidades do mundo, várias ações estão previstas para comemorar o dia mundial da prematuridade. No Brasil, existe uma ONG, a Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Prematuros (prematuridade.com) que está organizando atividades para esse dia.

Por tudo isso (e olha que nem aprofundamos muito sobre o assunto) prematuridade deveria ser sinônimo de resiliência. Resiliência é a capacidade de nos ajustarmos em diferentes situações. É isso que, tanto o bebê prematuro quanto sua família fazem, constantemente. Adaptar-se! A tudo, a todos, a todo momento.

Se você é mãe, pai, familiar de um prematuro compartilhe sua história de com a gente, vom final feliz ou não, a luta pela vida de um prematuro é sempre uma história de amor!


Artigo por: Fernanda Alves.

3 comentários em “Prematuridade, mas pode chamar de Resiliência”

  1. Sou mãe de prematura!
    Tive pré eclampsia grave, com pressão alta desde as 19 semanas de parto em decorrência de uma resistência uterina.
    Após a mais alta dose possível dos medicamentos para pressão fui internada com 32 semanas de gestação, minha bebe com apenas 10% do gráfico percentil , após tentar controlar a pressão ainda internada fui submetida ao parto de urgência ela nasceu com apenas 41cm e 1680, passou 17 dias na UTI e 8 dias no quarto até chegar ao tão esperado 2 quilos.
    Foram dias agonizantes, de muito medo, incertezas, mas graças a Deus e a força de vontade da minha filha que lutou desde dentro da minha barriga hoje ela está aqui com 4 anos, linda e saudável!
    Saiu da prematuridade no final do ano passado com 3 anos e 8 meses.

    Durante nossa estadia na UTI vimos muitos bebês com situações mais graves, e o que tiramos disso é o quanto estes pequenos lutam para sobreviver!

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  2. Oi Rita!! Obrigada por compartilhar sua história conosco!!

    E sua filha não lutou sozinha, você esteve sempre junto com ela, por isso deu tão certo!

    Felicidades pra vcs!!

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