Meu filho tem “baixa imunidade”?

Uma queixa bastante comum nos consultórios e prontos-socorros é: “meu filho fica gripado todo mês” e, com isso, a mãe conclui que o filho dela tem baixa imunidade.

Precisamos diferenciar algumas coisas. A primeira é se a criança esta realmente com infecção todo mês, seja bacteriana ou viral, ou se ele tem um quadro alérgico, como Rinite, por exemplo. Os sintomas se confundem muito como coriza, espirros, prurido (coriza) nasal , lacrimejamento nos olhos, obstrução nasal…

A rinite é uma doença alérgica, que não tem cura, causada pela resposta exagerada do nosso corpo a um determinado agente agressor. Portanto, é o oposto da baixa imunidade.  É uma imunidade aumentada!

Já as infecções respiratórias, como resfriado comum, são bastante comuns em crianças pequenas. Alguns estudos falam, em media, oito episódios ao ano, e se criança for institucionalizada, como as crianças que ficam em creches e berçários, pode chegar ate 12 episódios/ano. Portanto, a criança estará resfriada praticamente todos os meses. Geralmente, esses quadros mais frequentes ocorrem nos primeiros dois anos de escola/ creche / berçário, pois à medida que a criança fica exposta a esses agentes virais vai se desenvolvendo a sua imunidade.

Mas então, o que é imunodeficiência primária? “Imunodeficiências primárias são defeitos congênitos do sistema imune e não adquiridos como o HIV”. A fisiopatogenia dos defeitos imunes atinge a função primordial do sistema imune, que é a capacidade de reconhecer aquilo que é próprio a cada ser humano daquilo que não lhe é próprio. Por consequência, as crianças com imunodeficiências primárias podem ter dificuldade em se defender de microrganismos (seja por infecção natural, seja por inoculação vacinal), podem apresentar quadros de auto-imunidade (por exemplo: plaquetopenia imune) e problemas para rejeição de tecidos estranhos, como a doença enxerto versus hospedeiro após uma transfusão de sangue. “A maioria das IDPs provém de uma mutação genética e, por este motivo, casos semelhantes podem ser identificados na família.”

Atualmente, existe mais de 95 diferentes tipos de Imunodeficiência primaria descritas. A principal característica destas doenças é a presença de infecção de repetição e/ou grave. Infelizmente, ainda é pouco diagnosticada no nosso país.

Hoje temos uma relação de alguns sinais clínicos de alerta que servem como um guia prático para auxiliar o pediatra a pensar em imunodeficiências primárias, procurando orientação junto aos especialistas para a investigação e adequado tratamento para seu paciente, o mais precoce possível.

 Dez sinais de alerta para imunodeficiência primária

  1. Duas ou mais Pneumonias no último ano;
  2. Oito ou mais otites no último ano;
  3. Estomatites de repetição ou Monilíase por mais de dois meses;
  4. Abscessos de repetição ou ectima;
  5. Um episódio de infecção sistêmica grave
    (meningite, osteoartrite, septicemia);
  1. Infecções intestinais de repetição/diarréia crônica;
  2. Asma grave, doença do colágeno ou doença auto-imune;
  3. Efeito adverso ao BCG e/ou infecção por micobactéria;
  4. Fenótipo clínico sugestivo de síndrome associada a Imunodeficiência;
  5. Histórico de Imunodeficiência na família.

Na presença de um ou mais destes sinais, a criança deve ser investigada.

Por isso, é muito importante, mais do que apenas ir ao pronto socorro (onde a cada dia é atendida por um profissional), ter um pediatra que acompanhe periodicamente as crianças, pois é ele quem vai suspeitar e iniciar a investigação adequada.


Artigo por: Luciana G. Nabuth.
Imagem de Capa: Frickr.

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