TRADIÇÃO, DANÇAS, CULTURA E ESCOLA

Tradição, danças e cultura: grandes aliados da sala de aula e da comunidade escolar.

Com o avanço da ciência e da tecnologia, as tradições passaram a ser consideradas, pela juventude e intelectuais, frutos da ignorância popular.

Entretanto, o estudo e a preservação das tradições são fundamentais para caracterizar a formação cultural de um povo e de seu passado, além de detectar a cultura popular vigente, pois o fato folclórico é influenciado por sua época.

Pode-se dizer que o estudo das tradições, devidamente planejado, selecionado e bem trabalhado, contribui para a formação cultural e patriótica de um povo.

 A cultura popular é produzida pela classe trabalhadora que, através desta cultura, representam seus interesses e objetivos, não no consumo mercantil, mas na utilidade prazerosa e produtiva dos objetos e elementos culturais que cria.

É fundamental que as pessoas conheçam o marco inicial dos elementos de sua cultura, pois os elementos culturais se apresentam inicialmente de uma forma bem definida, com o tempo e devido ao desenvolvimento e evolução da cultura, esses elementos sofrem modificações.

Partindo do princípio de que tudo tem um começo, um início e, para que esse começo não seja esquecido, é necessário que esse conhecimento seja resgatado e preservado na memória do povo, para que os mesmos, possam a partir dessa base assimilar as mudanças do presente e as que ocorrerão no futuro.

Acredita-se que, para entendermos o presente devemos conhecer o passado.

O folclore oportuniza as crianças e os jovens ao reconhecimento do saber popular brasileiro, tornando-se um instrumento valioso para os docentes no processo de ensino aprendizagem.

Quando compreendermos que a expressão popular, folclórica, dançante, quando enriquecida de conhecimento e vivências, torna-se um elo de plurais, de direções e sentidos que podem levar os estudantes que as praticam num percurso significativo de leituras e releituras do ser humano, da sua comunidade, potencialidades e possibilidades, não deixando de considerar o conhecimento de sua identidade.

Festa Junina e sua tradição

Podemos constatar que as danças folclóricas enriquecem todo um contexto cultural de uma sociedade seja ela, na rua, em salões ou então no âmbito escolar que estamos ressaltando, através destas danças fica-se sabendo um pouco de onde veio a humanidade, sobre os costumes que cada povo adquiriu com o tempo, a maneira de viver destes povos,

além de uma ótima forma para se trabalhar uma cadeia de desenvolvimento que tem como objetivo serem alcançados com a prática destas danças, desenvolvimento motor, cognitivo, social, afetivo, etc,

além de desenvolver autoconfiança, faz perder a timidez, faz com que o aluno se sinta livre para a expressão corporal se tornando uma ótima forma do professor conseguir juntar estes dois pontos importantes “aprender” e “brincar” é um sucesso na certa com os alunos, daí a expressão “aprender brincando” ou “aprender dançando” ou “aprender cantando”.

Antigamente as manifestações rítmicas, como os brinquedos cantados, as danças, os movimentos naturais com música e as atividades percussivas, estavam muito presentes na vida do ser humano, dentro da família e da escola.

Porém, hoje, em decorrência da tecnologia, moradias pequenas, falta de espaço e outros aspectos culturais e sociais, são quase inexpressivas na cultura de jovens e crianças.

E como ficam as danças e brincadeiras tradicionais?

Estão fadadas se extinguirem por conta da tecnologia?

Será que as gerações futuras não se interessarão pela sua história?

Os relatos feitos por professores sobre o desinteresse dos estudantes pela sua história e pela cultura tradicional,  mostra a necessidade de fazermos com que os estudantes ressignifiquem utilizando a tecnologia, seja para que esta seja utilizada para pesquisa, para criação de coreografias de projeção ou qualquer outra estratégia para abordar os conteúdos tradicionais, faz com que nossos jovens possam valorizar sua ancestralidade, provocando assim um movimento de preservação de sua própria identidade.

Cabe a nós educadores reconhecermos e valorizarmos as manifestações tradicionais, no sentido de serem integradas na educação, como conteúdo pedagógico para a aquisição de conhecimento e desenvolvimento motor, cognitivo, social e afetivo-emocional, pois sabemos que

uma das funções da arte é propiciar aos estudantes o acesso a um conhecimento organizado a respeito da cultura humana do movimento, permitindo o crescimento pessoal dos alunos e ao mesmo tempo, a consideração a respeito da sua relevância social,

ou seja, a consideração a respeito de quanto um conteúdo é capaz de contribuir para a promoção de uma convivência social responsável, digna, justa, pautada pelo diálogo, solidariedade e respeito mútuo, ampliando a percepção de si mesmos e do meio circundante através da linguagem artística da dança.

As atividades que envolvem pesquisas sobre comunidades tradicionais principalmente as danças e seu histórico, possuem a capacidade de propiciar discussões a respeito de contextos culturais diferentes, devendo sempre privilegiar a discussão a respeito de sua origem histórica e cultural e da capacidade de exprimir sentimentos e emoções através dos diferentes ritmos, gestos e coreografias, podendo aplicar, modificar e ampliar os conteúdos em situações escolares ou não.

Possibilitar ao indivíduo expressar-se criativamente, sem exclusões, tornando a linguagem corporal transformadora e não reprodutora.

 É buscar uma prática pedagógica, levando o indivíduo a lidar com suas necessidades, cooperando para o desenvolvimento individual e social, mas para isso o ser humano deverá ter consciência de todos os seus gestos, não podendo, portanto, ser algo mecânico, meramente repetitivo.

E para que isso aconteça, deve-se levar o aluno a conhecer a si próprio, explorando, criando, expressando-se, compartilhando e interagindo socialmente, formando assim, cidadãos com uma visão mais crítica e participativa desta sociedade, visando a uma transformação social.

Tratar bem a memória não é somente vislumbrar uma peça antiga ou um figurino e passos de uma dança típica de determinada região; mas é dar luz ao obscuro mundo da história perdida; é dar ao cidadão a chance de se identificar com o lugar onde mora; é tornar o seu povo muito mais politizado e comprometido, seguros de si e unidos por um propósito em comum.

Uma cidade sem memória é uma cidade sem história, largada às moscas, onde qualquer um vem e suga o que tiver de melhor e vai embora, onde os cidadãos vivem individualmente, sem se preocupar com o social, uma cidade estagnada econômica e socialmente, violenta e pobre.

A dança como processo educacional ultrapassa os ensinamentos prático corporais repercutindo na formação histórica, cultural e política e social do ser humano.

Possibilita o seu filho conhecer e viver a cultura, as tradições da sua cidade e do seu estado.

Escola, traz mais tradições para seus alunos.

Por Fernanda Colli

Capa: Keyla Gomes

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