COMO LIDAR COM CRIANÇA SELETIVA

Conhece alguma criança seletiva?

Todos nós, em algum momento da vida, fomos seletivos com a escolha do que comer. Com as crianças isso não é diferente.

De forma geral, o apetite das crianças varia bastante, especialmente na presença de alguma patologia, como por exemplo, quando se inicia a dentição e próximo aos estirões de crescimento. Nesses casos, naturalmente a criança fica mais seletiva.

Os pais mais atentos percebem que as crianças podem comer muito em um dia e quase nada no outro. Quando isso acontece, é importante manter a calma e evitar frustrações ou discussões.

Se for um caso pontual, vamos seguir em frente. O problema é quando a recusa alimentar torna-se rotina.

Quando a criança é extremamente seletiva é importante o acompanhamento profissional.

Criança muito seletiva e que pratica dietas muito restritas pode ter um baixo consumo de micronutrientes, resultando no comprometimento do seu crescimento e desenvolvimento.

Muitas vezes os pais têm uma grande expectativa com relação ao volume que a criança deve ingerir, mas nem sempre o consumo corresponde aos desejos dos responsáveis.

Uma dica que sempre dou aos pais é a criação de um diário alimentar. Oriento os pais a anotarem tudo que a criança consumiu por um determinado período, podendo ser de 5 a 15 dias.

Quando analisamos o diário, muitos pais se surpreendem positivamente. Não é só leite e guloseimas que aparecem.

A lista de alimentos também é importante para os pais entenderem as preferências alimentares das crianças, os horários de maior consumo de alimentos e as ocasiões de maior interesse alimentar.

Com o diário, importantes elos podem ser traçados e avaliados.

Outro aspecto muito comum entre as crianças que são mais seletivas é o alto consumo de guloseimas e “lanchinhos” em detrimento às refeições estruturadas.

Crianças que comem o tempo todo, mesmo que em pequenas quantidades, muitas vezes não possuem fome suficiente para consumirem todos os alimentos de uma refeição completa. Especialmente se passaram o dia na casa de um familiar ou amiguinho.

A seletividade alimentar, nesses casos, pode ser estômago cheio. Por isso é importante que a criança tenha uma rotina alimentar, com horários fixos para as refeições, e que esses encontros sejam exceções.

Veganismo na infância

Importante também respeitar o ritmo das crianças. Muitas vezes, os pais querem que elas comam em horários que não coincidem com o horário real da fome fisiológica. A questão é quem nem todas as crianças conseguem verbalizar isso. Mais uma vez cabe um olhar atento dos responsáveis e criação de uma rotina adequada.

O importante é nunca forçar a criança a se alimentar, seja em horário ou em quantidade, muito menos tornar a mesa um campo de batalhas.

Em muitas casas, a hora das refeições é um momento bastante desafiador e cheio de frustrações. Quanto menos a criança come, mais os pais ficam irritados e esse cenário vai gerando um ciclo vicioso.

Para quebrar esse ciclo em crianças seletivas, muitas táticas podem ser usadas pelos pais. Envolver a criança no preparo das refeições é a primeira. Vocês já devem ter percebido esse meu conselho em outras ocasiões.

Quando permitimos que a criança colabore com alguns afazeres na cozinha, adequados a sua idade e desenvolvimento, colaboramos para que a criança ganhe autonomia e se sinta encorajada para experimentar novos alimentos e ampliamos seu interesse pela alimentação.

Outra tática interessante é modificar o local das refeições.

Se você tiver oportunidade, que tal arrumar uma cesta e realizar o café da manhã no jardim, como se fosse um piquenique. Vale também a praça do bairro, o parquinho perto de casa, etc.

Outra ideia que as crianças adoram e que desperta muito o interesse pela comida são as refeições com seus brinquedos favoritos.

Faça o chá das princesas, o jantar dos dinossauros ou o almoço com os super heróis. Arrume cadeiras, almofadas e utensílios para todos os “convidados”.

As crianças gostam de comer em companhia. Na prática clínica, observo que elas se alimentam muito melhor quando estão junto com alguém, especialmente se for um amiguinho.

Você já deve ter percebido que algumas crianças são muito resistentes em casa, mas comem melhor na casa do amigo.

Sempre que for possível, convide um amiguinho próximo para realizar as refeições em sua casa. Escolha uma criança que apresente pouca resistência alimentar e talvez sua criança fique ainda mais encorajada a comer determinado alimento.

Outra coisa que chama muita atenção das crianças são utensílios lúdicos e coloridos. Invista em pratos, copos, talheres, toalhas e jogos americanos coloridos e divertidos.

O horário das refeições deve ser de aumento de vínculo familiar, com momentos tranquilos e agradáveis. Converse sobre os acontecimentos do dia, elogie a forma como está segurando os talheres e evite comparações com outras crianças.

Não se concentre só no alimento no prato, mas na importância do momento como um todo.

Sempre que a seletividade e a resistência alimentar são persistentes, algumas questões precisam ser analisadas pelos pais:

– A criança está ou esteve doente há pouco tempo?

– A criança está seletiva só a determinados alimentos? Será que temos um quadro de alergia ou intolerância alimentar sem diagnóstico?

– A criança anda estressada ou preocupada?

– Houve alguma mudança recente?

– A criança está tentando chamar a atenção?

No demais, paciência, carinho, e envolvimento de toda a família são fundamentais para superar essa fase de seletividade alimentar e levar a criança para uma formação de hábitos saudáveis e no interesse pela alimentação mais equilibrada.

Por ai, tem criança seletiva?

Havendo necessidade, consulte sempre um profissional da Nutrição para orientações específicas.

Por Fabiana Jarussi

Capa: De mãe em mãe

Deixe um comentário