Vamos Descobrir O Poder do Cérebro Para Ajudar Nossas Crianças?
Nos últimos textos, temos escrito sobre paciência, birra, mindfulness e desenvolvimento emocional infantil, além de diversos outros assuntos que envolvem o desenvolvimento da criança como um todo.
Mas sabemos que para muitos pais, cuidadores e educadores de forma geral, ainda é um desafio conseguir colocar tudo em prática, pois crianças não vem com manual de instruções e nem todo pai, mãe ou cuidador tem a obrigação de ser especialista em desenvolvimento infantil, não é mesmo?
Mas pensamos que para guiar e conduzir a criança pelo caminho correto, devemos entender ainda que o básico sobre desenvolvimento infantil e nosso papel, é tentar auxiliar vocês nessa jornada, então, temos tentado trazer por aqui, através de nossos colunistas, dicas e aprendizado sobre as crianças.
E no texto de hoje, também seguiremos com vocês nessa jornada de aprendizado, dessa vez, trazendo conhecimentos acerca do cérebro das crianças e de que forma utilizar as funções do mesmo a nosso favor e o mais importante de tudo, em benefício das próprias crianças.
Sabemos que o cérebro é divido por dois hemisférios, o direito e o esquerdo. Cada um dos hemisférios é responsável por funções específicas e como tudo no cérebro, são meticulosamente programados para que possamos, aproveitar suas funções a nosso favor.
Abordaremos nesse texto os hemisférios esquerdo e direito do cérebro da criança, que a partir de agora, passaremos a nomear de cérebro direito e cérebro esquerdo, para que seja mais fácil prosseguir com as explicações.
O cérebro direito do seu filho(a) é responsável por fazer com que ele consiga se comunicar por expressões faciais, contato visual, tom de voz, gestos e posturas. Esse hemisfério do cérebro cuida das emoções e lembranças pessoais;
Também é o cérebro direito que nos dá aquela sensação de pressentimento e de percepção de que algo pode não dar certo, que chamamos de intuição. Esse lado do cérebro do seu filho(a) é bem emocional e faz com que seu filho(a) aja de forma emocional também, com birras, ataques de raiva, “inundado” com muitas emoções;
O ponto forte desse hemisfério não são as palavras, então, ele é o lado que mais funciona até que seus filhos(as) completem uns 3 anos e consigam começar a falar mais sobre como eles se sentem e ele é também, o grande responsável pelos ataques de raiva e pelas birrinhas (bem modesta né? rs) que vocês vivem no dia-a-dia;
Mas precisamos ter em mente que esse hemisfério é muito importante, porque se não fosse por ele, seu filho(a) estaria vivendo em um “deserto” emocional…como viveríamos sem as emoções?? Você já parou para pensar a esse respeito?
Já o cérebro esquerdo é responsável pela organização e por colocar as coisas em ordem. É nosso lado do cérebro mais lógico e bem racional.
A parte da expressão através da fala, se dá por conta desse hemisfério, que é o lado que cuida da questão linguística, por isso que esse hemisfério só consegue ser mais acessado e começa a entrar mais em ação com o desenvolvimento da linguagem.
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E a partir daí, começa a ficar mais ativo. Quando ele começa a entrar mais em ação, seu filho(a) começo a querer compreender os “porquês” de tudo e apresentando muitaaa curiosidade, o que por vezes, pode gerar até uma certa “irritaçãozinha” nos pais (afinal, são poucos os 59430 porquês que vocês tendem a escutar por dia, não é mesmo?…rsrs).
O cérebro esquerdo também é a nossa região do cérebro mais literal, racional e que precisa dar um sentido para tudo, o que provoca nas crianças, o gosto por explicações, descobertas e a curiosidade bem típica infantil.
Agora que sabemos de tudo isso, a dúvida é: como podemos usar essas informações a nosso favor, já que para que nossos filhos(as), alunos(as) apresentarem reações reguladas emocionalmente e estarem conectado(a)s, e habilidoso(a)s com suas relações sociais, os dois hemisférios precisam trabalhar de forma INTEGRADA?
INTEGRAÇÃO é a palavra chave quando precisamos trabalhar com nossas crianças. Integrar os dois hemisférios, acaba facilitando muito as reações das crianças e seus aprendizados, mas então, de forma prática, como posso integrar e conectar os dois hemisférios no meu dia-a-dia com meu filho (a)?
Seguem algumas dicas práticas:
– Em momentos de crises de descontrole, birras em que seu filho(a) parece estar inundado pela desregulação, procure primeiro realizar uma conexão com ele através do seu hemisfério direito. Acolha, abraçando, validando a emoção, dizendo que sabe que ele está frustrado, com raiva;
– Se perceber que não há como falar, apenas abaixe em sua altura e o abrace;
– Se ele(a) não quiser ser abraçado, apenas fique próximo e tente colocar a sua mão sobre uma parte do corpo dele, faça gestos de carinho, passe a mão sobre os cabelos;
– Já se nenhum contato físico for bem-vindo, respeite e procure apenas ficar ao lado sem falar nada e apenas toque, se for necessária alguma contenção física por segurança da criança;
– Após a criança estar mais calma, procure conversar com ela sobre o ocorrido, acessando o cérebro esquerdo e construindo com ela outras possíveis reações mais adequadas que ela poderia ter;
– Lembre-se de que quanto mais nova a criança, menos desenvolvido será o cérebro esquerdo dela, portanto, dê exemplos, fale de você e seja breve, lembre-se de que o tempo de atenção da criança, é reduzido;
– Foque na solução, procure não ficar tecendo uma palestra sobre como a criança deveria ter agido, sobre todas as consequências, procure focar em uma ou duas soluções em específico e tente construir essas soluções em conjunto com as crianças, questionando… “o que você acha que poderia ter feito nessa situação?”;
– Crianças pequenas podem não conseguir ainda encontrar as soluções, então, conduza você esse processo e procure caminhar em conjunto com ela, com exemplos concretos, como por ex… “papai acha que você poderia ter colocado o bichinho aqui, ao invés de jogar, o que você acha?”;
– Em experiências traumáticas, ou situações difíceis e conflituosas, procure conversar com a criança sobre a mesma, isso vai permitir com que ela acesse o cérebro esquerdo e através dessa conexão com o mesmo, consiga organizar a experiência e possivelmente criar um novo sentido para a mesma, que pode deixar de ser tão traumática, à medida que for compreendida;
– Se a criança se recusar a falar sobre o acontecido, use de sua criatividade, faça histórias em que o personagem não seja ela, use fantoches, bonecos, livros e fale de forma indireta sobre o ocorrido;
– Lembre-se de que o universo da criança é lúdico e usar de jogo simbólico (faz-de-conta), tende a facilitar muito a comunicação com ela;
– Procure você, enquanto pai, mãe, cuidador, professor, ficar atento ao seu funcionamento com seus hemisférios cerebrais e conseguir utilizar de sua própria integração e conexão antes de agir com seus filhos(as);
Agindo dessa forma integrada, você proporcionará experiências que servirão de base para toda a vida de seu (sua) filho(a), funcionando como aprendizado em diversas áreas importantes da vida dele, como habilidades sociais, regulação das emoções, resiliência e você estará criando fatores de proteção para o futuro dele.
Como temos falado por aqui, o futuro do seu filho, começa antes mesmo da concepção!!
Nos próximos textos, procurarei falar mais sobre o Cérebro e seu universo mágico!! Siga por aqui para descobrir com a gente!
Por Renata Lela
Referência
“O Cérebro da Criança”- Autores: Daniel Siegel e Tyna Paine Bryson – Editora: Inversos
Foto: FreePink