TDAH: Em Que a Terapia Ocupacional Pode Ajudar?

Dando continuidade a série de textos sobre a Terapia Ocupacional na Reabilitação Infantil, esse mês decidi falar sobre o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, o TDAH é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Os sintomas característicos desse transtorno são desatenção, inquietude e impulsividade.

Quando falo em Reabilitação Infantil no TDAH, o terapeuta ocupacional é o profissional que objetiva facilitar os processos de aprendizagem e desenvolvimento das habilidades motoras e processuais necessárias para o desempenho de atividades de vida diária, estudo, brincar e lazer.

As habilidades motoras dizem respeito ao uso de nosso sistema osteomuscular (ossos e músculos) e articulações. É comum pessoas com diagnóstico de TDAH serem consideradas “estabanadas”, preferirem brincadeiras infantis ou mais perigosas, por conta de prejuízos no funcionamento do sistema osteomuscular e nas noções de esquema corporal.

Com o objetivo de amenizar os sintomas do TDAH, são utilizadas atividades recreativas e lúdicas para estimular a criança ou adolescente a utilizarem habilidades artísticas, corporais e que envolvam a criação do próprio conteúdo trabalhado. O objetivo é possibilitar a integração corpo, atenção e memória, organizando no tempo e espaço da criança ou adolescente.

Parafraseando Katarina Bandeira, “essas atividades devem contar com o apoio tanto do núcleo familiar quanto do âmbito escolar, pois elas promovem a organização do indivíduo, ajudam a construir sua independência e estruturar veias emocionais.”

As habilidades processuais, ou cognitivas, são necessárias para o melhor desempenho ocupacional nas atividades de rotina. Algumas delas são: atenção, foco, ritmo, escolhas, concentração, manipulação, iniciativa, sequenciamento, organização, entre outras. Como vimos, o TDAH afeta principalmente a área do cérebro responsável pela atenção, fazendo com que a criança e o adolescente tenham maior dificuldade em manter-se nas atividades que exigem mais dessa habilidade.

A criança e o adolescente com TDAH  pode apresentar também prejuízos nas habilidades de interação social. E por isso, a intervenção do terapeuta ocupacional vai acontecer dentro dos contextos de vida da criança ou do adolescente, ou seja, na escola, em casa, em parques.

Algumas estratégias para auxiliar a criança ou adolescente com TDAH:

  • Estabeleça uma rotina estruturada com as tarefas e atividades diárias claramente descritas. No texto “A rotina pode favorecer no desenvolvimento infantil?”, publicado aqui no Blog, você pode saber um pouco mais sobre como estruturar a rotina do seu filho.
  • Inclua atividades físicas, expressivas e livres na rotina de seu filho;
  • Sempre elogie os acertos e encoraje nos erros;
  • Defina regras claras e simples;
  • Use pistas visuais com o passo-a-passo da atividade. Por serem mais desatentos, pessoas com TDAH desenvolvem melhor a memória visual, ou seja, aquilo que ela vêem fica registrado, muito mais do que aquilo que lhes é falado.

No ambiente escolar, o terapeuta ocupacional pode atuar junto aos professores dando apoio e orientação sobre as facilidades e dificuldades do TDAH em sala de aula. Em minha atuação, eu busco fazer uma análise da atividade proposta e propor adaptações e graduações que facilitam o processo de aprendizagem da criança e do adolescente. Outros recursos que podem ser utilizados são filmes, passeios, teatro, música, expressões artísticas.

Se o objetivo é mediar conflitos e favorecer o desenvolvimento de habilidades de interação social, o terapeuta ocupacional pode utilizar “técnicas de pintura, jogos teatrais, jogos cooperativos, contação de histórias e outras atividades de interesse das crianças, com o objetivo de despertar um espaço lúdico na escola, com valorização da criatividade, experimentação, convivência e criação de vínculos.”

Manter uma aproximação com a família também é de extrema importância. O terapeuta ocupacional pode propor oficinas de atividades como um espaços de acolhimento, trocas de experiências e informações a respeito do TDAH.

Por fim, a promoção de autonomia e a independência de seus clientes são sempre o foco principal do terapeuta ocupacional na Reabilitação Infantil. Vestir-se, despir-se, preparar e comer uma refeição são exemplos de atividades que podem ser trabalhadas na terapia.

Por Suellen Merencio

Leia também: A prematuridade pode provocar alterações no desenvolvimento infantil?

Foto: FreePik

2 comentários em “TDAH: Em Que a Terapia Ocupacional Pode Ajudar?”

  1. Boa tarde!
    Me chamo Dilvani Pompeu, tenho um filho que tem TDAH e faz terapia com a Juliana Caperutto e ela me indicou vc para me ajudar com a terapia ocupacional. No caso ela me aconselhou primeiramente eu conversar com vc e depois ele. Como faço para marcar uma sessão com vc ? Preciso saber os horários pois moramos em Bruxelas na Bélgica. Obrigada

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