Uma das maiores dificuldades que os pais trazem no trabalho com a orientação de pais é o comportamento da birra apresentados pelos filhos. Inúmeros são os relatos trazidos em relação a esse comportamento e também em não saber como agir diante do mesmo.
É preciso entender que até certo ponto, os comportamentos de birra, são considerados como normais dentro do desenvolvimento infantil e fazem parte do crescimento saudável da criança. A birra acontece por diversos fatores.
Um dos fatores que podem estar relacionados ao comportamento da birra é a dificuldade de expressão emocional pelas crianças, pois quanto menor a criança, mais dificuldades ela tem para verbalizar o que sente de forma adequada, até mesmo por não ter a linguagem totalmente desenvolvida.
Mesmo depois que a linguagem se desenvolve, pode continuar a ser difícil para a criança compreender o que está sentindo e expressar de forma adequada o seu estado emocional.
Crianças, na grande maioria das vezes, não desenvolveram um bom repertório de suas emoções e sentimentos e não conseguem nomeá-los. Isso ocorre por questões da formação de estruturas e amadurecimento cerebral.
Outro fator é a capacidade da criança de se sentir autônoma ou independente, curiosa acerca do mundo do qual ela faz parte, dos aprendizados e das descobertas, buscando assim testar os pais.
Por volta dos 2 aos 3 anos de idade, ela começa a se ver cada vez mais, como um ser independente de sua família e que pode conseguir o que quer pela sua própria vontade, essa costuma ser uma fase difícil e representativa do comportamento de oposição e birra nas crianças.
Os comportamentos de birra nessa idade são tão intensos que essa fase ganhou até um título próprio, em inglês é denominado “terrible two” já em português seria a fase “os terríveis 2 anos”.
Outro motivo frequente neste comportamento é a maneira que a criança reage para expressar a frustração ou reagir ao não. Na sua maioria, pode ser considerado normal dentro do desenvolvimento infantil.
Psicólogo Infantil e Suas Descobertas
Alguns passos e reflexões podem ajudar a lidar com as birras. No entanto, é importante deixar o alerta para os pais e cuidadores, entrar no mesmo descontrole do comportamento da criança e na disputa de poder, pode potencializar ainda mais o quadro da birra é como se fosse colocar lenha na fogueira.
Segue dicas para os pais e cuidadores
- Mantenha a calma frente a manifestação da criança com o comportamento da birra.
- Saia do ambiente e diga para a criança que você está saindo para se acalmar e poder conversar com ela de forma respeitosa. Não grite! Decida o que fazer ao se sentir mais calmo;
- Não pense ser inadequado dizer a criança que você está irritado;
- Conecte-se com a criança antes da correção, usando abraços e toques, procure validar o sentimento dela com falas como “estou vendo que você está brava, é isso mesmo?”;
- Se necessário e possível, retire a criança do ambiente e proponha uma conversa com ela mais calma;
- Diga a ela de forma firme e gentil que você está percebendo que ela está muito irritada, mas se ela continuar no chão, não é possível de prosseguir acontecendo;
- Em momentos de recusa da criança frente ao seu contato ou quando estiver muito descontrolada, diga a ela que você só irá conversar depois que se acalmar;
- Não dê sermões! Seja firme, gentil e breve em suas colocações. Crianças não tem paciência para discursos longos;
- Crie um cantinho com a criança, em casa, onde ela possa ser conduzida de forma respeitosa em momentos de descontrole, como um cantinho da calma ou da paz (podemos falar um pouco mais sobre como criar esse cantinho futuramente em outros textos);
- Você! Pai ou mãe, professor ou cuidador, pode também ter o seu cantinho da calma, para onde pode ir para se acalmar e poder conduzir a situação de uma forma mais controlada e adequada.
- As Crianças aprendem muito mais pelo exemplo é positivo para o desenvolvimento delas terem o exemplo dos pais e cuidadores, assim elas conseguem com mais facilidade se acalmar e se autocontrolar.
- Com a criança mais calma, procure soluções em conjunto com ela de como resolver aquela situação. Dê escolhas limitadas e focadas em resolver o problema, mas procure não ceder às regras e combinados prévios;
- Muito importante: Nunca e em hipótese alguma utilize de violência, humilhação, chantagem, ameaças para lidar com o comportamento da birra;
ATENÇÃO: Agressões não proporcionam aprendizados reais para a criança, apenas geram a obediência pelo medo da consequência violenta que ela terá.
Crianças que são agredidas pelos pais ou cuidadores, nos momentos de frustração ou raiva, tendem reagir de forma agressiva com o outro.
É formidável que os pais avaliem se as birras do seu filho têm ligação com alguma dificuldade que a criança possa estar vivendo em casa, na escola ou mesmo que a família esteja vivenciando.
Vale lembrar que se as situações da birra fogem dos contextos ou do controle dos pais, é importante avaliar com um profissional para entender o porquê desses comportamentos em demasia.
Por Renata Miranda Lela
Foto: FreePik
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