“Criança pode usar aparelho?”
“Com qual idade a criança deve por aparelho?”
São perguntas que ocorrem com certa frequência, principalmente quando a criança apresenta os dentes tortos. A resposta depende de uma série de fatores. Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que existem vários problemas relacionados não só com o alinhamento dos dentes, mas também relacionados à posição que os dentes ocupam na maxila e na mandíbula, bem como a relação desses ossos entre si.
Esses problemas podem envolver alterações em um ou mais dos três planos do rosto. Podem também ser somente dentárias, assim como podem ser esqueléticas ou musculares, ou ainda combinações. Algumas são genéticas (ou seja, podem ser herdadas do pai, da mãe…), enquanto outras são decorrentes da interação com fatores ambientais, como os hábitos de sucção de chupeta e mamadeira. Todas essas alterações são chamadas genericamente de má-oclusão. Cada má-oclusão exige uma correção específica, com aparelhos específicos, que devem ser usados em épocas específicas. Ou seja, uma má-oclusão não é idêntica à outra.
Voltando às perguntas acima, dentre as más-oclusões algumas delas têm indicação de intervenção precoce. Isso porque não se autocorrigem com o curso do crescimento e desenvolvimento da criança ou porque uma intervenção tardia seria mais complexa, demandando tratamentos mais longos e/ ou mais difíceis. Ou ainda para minimizar possíveis danos, sejam eles estruturais aos dentes (um trauma, por exemplo), ou ainda psicológicos resultados da interação social da criança principalmente no ambiente escolar (bulling).
Então, sim a criança pode usar aparelho, quando bem indicado e de acordo com a má-oclusão que apresente. A idade vai depender não só do problema em si, mas também da maturidade daquela criança. Por maturidade entendam a capacidade de ter um dispositivo na boca, e assim, de usá-lo adequadamente, e também capacidades motoras e cognitivas de autocuidado e higiene.
Outra coisa a ser dita, é que muitas vezes o tratamento total da má-oclusão pode ser dividido em fases. Ou seja, uma fase mais precoce visando corrigir problemas mais pontuais e facilitar o tratamento final numa segunda fase, quando já houver ocorrido a troca de todos os dentes de leite pelos permanentes. Isso também é importante de ser lembrado: como ocorrem trocas dentárias o tratamento final só poderá ser feito após esse período. Vários profissionais podem fazer essa intervenção precoce, como os odontopediatras, os especialistas em ortopedia funcional dos maxilares e os ortodontistas.
Por Carla Minozzo
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