Uma das demandas mais comuns no atendimento de crianças em Terapia Ocupacional refere-se ao desenvolvimento da coordenação motora fina e, consequentemente, a aquisição da escrita. Mas você já parou para pensar em como se desenvolve as funções manuais?
As mãos possuem as seguintes funções: empurrar, bater, locomover, pegar, sentir e tocar. A aquisição de cada função ocorre ao longo do desenvolvimento da criança e depende de vários fatores, como a percepção visual, a capacidade motora global da criança e a coordenação óculo-manual (ou olho-mão).
Vamos entender como desenvolve a coordenação motora do bebê no seu primeiro ano de vida?
A primeira preensão realizada pelo bebê envolve apenas os dois últimos dedos e tem como característica ser mais leve. Pois, falta força e resistência muscular para o bebê manter o objeto seguro e este logo cai.
Aos 5-6 meses, a criança ganha mais força muscular e começa a segurar os objetos utilizando a palma da mão. Geralmente, o bebê usa as duas mãos para segurar o objeto, chamamos isso de integração bimanual.
A integração bimanual é importante na hora de abotoar uma camisa, por exemplo, ou em outras atividades que exijam o uso de ambas as mãos.
Depois dos 6 meses, o bebê começa a troca de objetos das mãos. O bebê é capaz de segurar com uma das mãos e passar para a outra e seus movimentos começam a ficar mais refinados.
Entre 7 e 8 meses, a criança começa a ter interesse no tamanho, na forma, no peso e na textura dos objetos. O polegar entra em ação pela primeira vez para executar o movimento de adução, ou seja, ir em direção ao indicador. Chamamos de preensão fina ou em chave, pois imita o movimento realizado ao usarmos a chave para abrir a porta. A aquisição dessa habilidade permite maior destreza da criança ao segurar objetos menores.
Dos 9 até os 12 meses, o bebê começa o desenvolvimento do movimento de pinça, segurando objetos entre as pontas do dedo indicador e do dedão. A pinça e a preensão em chave são importantes na hora de segurar o lápis, mas também o são para tarefas como escovar os dentes e amarrar o cadarço.
Você deve ter percebido que primeiro seu filho segurou o lápis com todos os dedos e fazia força ao riscar o papel. Ao longo do processo de desenvolvimento, espera-se que a criança consiga manter o lápis entre o dedão, o indicador e o dedo médio e use de apoio os dois últimos dedos. Essa habilidade exige destreza manual e é conquistada aos poucos.
Lembra que no começo do texto eu disse da importância da coordenação motora global para o desenvolvimento funcional das mãos? Isso porque o desenvolvimento acontece do proximal para o distal, ou seja, daquilo que está mais próximo para o que está mais distante. Antes de ir para atividades que envolvam a escrita, a criança precisa aprender a lançar uma bola, equilibrar-se adequadamente em diferentes posturas, pular e saltar. Olhar o objeto de desejo, ir até ele, pegá-lo e atribuir uma função são etapas essenciais no desenvolvimento da criança.
Uma boa coordenação motora fina depende da forma como a criança realiza as funções manuais, principalmente a função de pinça. Depende também se a criança consegue manter o foco ao levar a mão ao objeto de desejo (coordenação óculo-manual). Durante o desenvolvimento das funções manuais, o modo de manusear os objetos vão ficando mais discriminados e graciosos.
ATENÇÃO: Respeite as etapas do desenvolvimento do seu filho. Cada criança tem um tempo para aprender e adquirir habilidades, a graça estar em apreciar cada um desses momentos.
Por Suellen Merencio
O que é Brincar na Terapia Ocupacional