Um dos grandes desafios, tanto para os pais, como para os educadores, está relacionado com o processo de alimentação das crianças. Assim, duvidas recorrentes surgem sobre uma alimentação saudável e adequada.
O processo de alimentação envolve diversas relações. É mais complexo do que imaginamos. O ambiente ensina muito.
O espaço para uma refeição adequada passa inúmeros ensinamentos para as crianças, que por vezes esquecemos, devido à pressa ou mesmo à falta de conhecimento sobre este processo.
Percebe-se que, devido a diversos fatores, as crianças perdem gradativamente o acesso a este espaço, tanto no meio escolar como no ambiente familiar. Uma rotina alimentar deixa de existir e o espaço que auxilia e ensina também.
Todo espaço passa mensagens a respeito da qualidade do trabalho e dos cuidados em relação ao ser humano. Como todos os espaços, o refeitório no meio escolar ou a sala de jantar/cozinha no ambiente familiar revelam elementos da cultura de cada contexto.
Conceber uma educação em direção à autonomia significa considerar as crianças como seres com vontades próprias, capazes e competentes para construir conhecimentos, e, dentro de suas possibilidades, interferir no meio em que vivem.
É preciso planejar oportunidades em que as crianças dirijam suas próprias ações.
No ato da alimentação está em jogo a interação afetiva. A criança tende a se sentir bem fisicamente e contribui para a formação de sua autoestima.
Pelo comportamento na hora da refeição, a criança pode estar tentando conquistar sua autoafirmação. O fato de ela comer sozinha e depois passar da colher para o garfo e faca significa que teve conquistas motoras e cognitivas importantes.
Esta prática contribui muito para o desenvolvimento da autonomia. As crianças adotam hábitos de autocuidado, valorizando atitudes relacionadas com a higiene, alimentação, conforto, segurança, proteção do corpo e cuidados com a aparência.
Neste sentido, cabe aos pais e educadores promover a aprendizagem da criança nos domínios cognitivo, motor e afetivo, orientando e oferecendo um incentivo adequado.
O aprendizado da alimentação desenvolverá o gosto da criança, ensinando-lhe a apreciar aquilo que é saudável e o que é bom. Ao comer, ela interioriza os valores centrais de sua cultura. É a primeira aprendizagem social da criança.
Não por outra razão que a canção infantil, cuja letra diz: “Comer comer, é o melhor para poder crescer” bem expressa o que mencionamos no sentido de que as crianças precisam crescer e se desenvolver de diversas formas.
Artigo da colunista
Excelente post, Claudiane…
Fez-me lembrar de Paulo Freire e o processo de aprendizagem em busca de um indivíduo autônomo.
Enquanto lia o trecho sobre o espaço recordei do gosto que tenho, e percebo que muita gente tem em comer acompanhado, principalmente das pessoas que gostamos. Marcamos encontros para restaurantes e usamos aquele momento como forma de interação com outras pessoas que desejamos compartilhar futilidades, piadas e segredos.
Mesmo que seja um post sobre crianças fugi um pouco do assunto porque me lembrou à época das merendas escolares; vários de nós, crianças, interagindo, mastigando de boca aberta, brincando com as colheres de plástico e, quase nunca, trocando sobremesa… Adultos trocam suas sobremesas com maior facilidade que as crianças… por quê?
Olá Willian.
Agradeço muito seu comentário e sua pergunta final fez com que novas indagações viessem a tona
Obrigada, sua postagem me motivou a buscar respostas para tal questionamento em futuros textos.