SAÚDE MENTAL INFANTIL NA PANDEMIA

Falar de saúde mental infantil nunca foi tão necessária e importante, quanto agora. Pensando nesta perspectiva, algumas afirmações e perguntas chegam aqui no Descobrindo Crianças. Veja os exemplos:

Em tempos de pandemia, o que vejo são informações sobre a saúde mental infantil.

Nós enquanto profissionais temos a missão de falar do tema, mas será que é muito cansativo falar e falar?

Para responder esses questionamentos é necessário refletirmos a história da criança. Tempos atrás, pensar em saúde mental infantil era até impossível. Você deve estar se perguntando, como assim?

Sim! Ao voltamos na história da infância, é possível verificar que a criança não era vista como criança e sim com um mini adulto. Sendo assim, a criança não era vista com sentimentos, desejos e vontades.

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Ao passar do tempo, a criança passa a ser vista como pura e com o seu jeito de pensar e agir. A sociedade que corrompe, ou seja, a criança nasce inata e vai descobrindo e aprendendo com o ambiente, seja ele familiar, escolar ou social.

Analisando estes fatores. Será que havia pensamento sobre a saúde mental infantil das crianças?

Para a Organização Mundial da Saúde – OMS, a saúde é o completo bem estar bio-psico-social. Nessa perspectiva que o Descobrindo Crianças tem como foco a multidisciplinariedade. Veja a história na edição de janeiro de 2021.

Agora quero te convidar a refletir o conceito de saúde mental, se é que podemos conceituar um termo que é bem abrangente.

A saúde mental é considerada com uma integridade do bem-estar como um todo, ou seja, físico, social, cognitivo, espiritual e psicológico, ou seja, é através dela que o bom relacionamento do indivíduo acontece com o seu ambiente.

Ao analisarmos a saúde mental é possível descobrir que o termo é amplo que tem uma transversalidade de saberes. Cada especialidade auxilia nesta ciência esplêndida na qual nós fazermos parte.

Sendo assim, a saúde mental infantil não pode ser estudada e analisada em apenas um aspecto e nem tão pouco associada a transtornos e doenças mentais, visto que a mesma é constituída a partir de todo o contexto social que o indivíduo está inserido e na etapa de desenvolvimento no qual se encontra.

A natureza do campo da saúde mental vem contribuindo para que começamos a pensar de forma diferente, não mais com este paradigma da verdade única e definitiva, mas sim em termos de complexidade de saberes. Consisti em, quando mais falarmos de saúde mental infantil, mas podemos contribuir para descomplica-la.

Por isso, continuaremos falando e trazendo muitas informações inerentes a saúde mental infantil. Ao refletimos esse tema em tempo pandêmico é necessário avaliar as consequências emocionais e mentais da criança.

A realidade das crianças durante esse ano foi de ficar em casa, se isolar dos familiares, dos avós, dos amigos, permanecendo assim, sem contato e sem brincar socialmente e sem ir à escola.

As crianças precisaram adaptar a uma nova realidade, ao uso da máscara, ao uso do álcool em gel, a descobertas do agravante de um vírus até então desconhecido, o medo da contaminação, além de perdas de familiares e até pessoas próximas.

Avaliando artigos bibliográficos, foi possível perceber evidências de que a pandemia causada pelo SARS-CoV-2 pode afetar de forma negativa a saúde mental infantil. Dentre as características comportamentais que a crianças podem apresentar são: medo, ansiedade, estresse, desânimo, tristeza, preocupação, irritabilidade, raiva, inquietude, insônia, sentimentos de desamparo e sofrimento. Além do aumento da utilização de aparelhos tecnológicos.

Vacina é um direito da criança

As Crianças que vivenciam alterações no comportamento dos pais podem apresentar baixa qualidade de sono, sensação de desamparo e estresse.

Os pais podem estar mais nervosos e irritados em consequência da pandemia, e entre os principais motivos para tais alterações, estão a adaptação à nova rotina, incluindo o período maior de atenção e cuidados às crianças em ambiente domiciliar e a conciliação com o teletrabalho ou ainda com a condição de desemprego. algumas delas se sentem amedrontadas, chateadas e solitárias.

As significativas diferenças no acesso ao teletrabalho, por parte dos adultos, e nas condições de ensino à distância, por parte das crianças, abriram um fosso ainda maior na nossa sociedade.

Durante muitos anos, teremos os efeitos do encerramento das escolas e da mudança para o ensino à distância, face a uma capacidade de ajustamento muito distinta (em função da idade dos alunos, do contexto socioeconômico dos pais, das condições da habitação e do acesso as tecnologias).

Como forma de amenizar os efeitos da pandemia no desenvolvimento e na saúde emocional da criança, os pais precisam ficar atentos a alguns sintomas, que irão alterar:

  • Dificuldades de pegar no sono e de dormir
  • Hábitos alimentares;
  • Falta de interesse em brincadeiras que antes gostava;
  • Irritabilidade constante;
  • Tristeza;
  • Agressividade e desinteresse em suas atividades diárias e de cuidados pessoais;
  • Dificuldades de aprendizagem
  • Muito contato com a tela de computador e smartphone

No consultório, é percebível que muitas famílias tem um receio de procurar ajuda psicológica, por medo do julgamento ou por não aceitar que o filho está passando por uma fase que pode ser caracterizado por alguma dificuldade emocional, ansiedade infantil, alteração do humor ou até mesmo uma depressão infantil ou transtornos mentais.

Orientamos aos pais que quando mais cedo for identificado alguma dificuldades emocionais e comportamentais na criança, se faz preciso procurar auxilio profissional como forma de prevenção para um possível transtorno grave no futuro. Sabemos que as experiências na infância são resultadas de uma vida adulta saudável, portanto ter uma saúde mental é importante para todas as fases da vida.

Falar de saúde mental infantil e não falar do efeito da falta da escola é impossível. Sabemos que o caso da educação merece muitos e muitos artigos aqui na revista, mas sem educação e possibilidade de desenvolver habilidades que só a escola oferece é impossível que a criança desenvolva mentalmente saudável.

Ainda que seja o grupo etário menos afetado pela doença da Covid-19, as crianças pagarão um preço exuberante, no curto prazo, mas também ao longo da vida, pelos efeitos da pandemia. Precisamos de um plano de ação de curto, médio e longo prazo.

É urgente vacinar os professores e as crianças para criar condições para um rápido regresso ao ensino presencial, sendo assim, é possível o retorno da socialização das crianças e da recuperação da aprendizagem individual e social.

Acreditamos que o ensino de forma tradicional precisará ser repensado. A pouco tempo vem sendo trabalhado uma nova forma educacional, o que é denominado educação contracionista, onde as crianças vão adquirindo mais autonomia e buscando suas descobertas.

Mas é também essencial lançar um programa (que terá de funcionar durante vários anos) de recuperação da aprendizagem afetada durante a pandemia e reforçar os programas de apoio psicológico às crianças.

Um fator importante a ser pensado na saúde emocional da criança é o luto. E sabido que muitas crianças perderam entes queridos durante a pandemia. Por isso, orientamos aos pais que conversem e expliquem para a criança. É importante salientar que essa conversa precisa ser de acordo com a idade da criança e se necessário utilize a ludicidade.

A perda é muito difícil para a criança e para nós adultos, por isso, é importante explicar, mas cuidado para não trazer mais medo para ela.

Saúde mental das crianças e as fases diversas da Pandemia

Fase Vermelha

Período em que as famílias ficam mais em casa, crianças precisam se adaptar ao isolamento social, fase que não sabemos o que vai acontecer, e o que essa fase significa para a saúde mental dos pequenos:

Trouxe uma série de impactos como medos, incertezas, transtornos de ansiedade, transtornos depressivos. Importante mencionar que as crianças que já apresentava dificuldades, nesse período sofrem mais e sentem com mais intensidade.

Fase Laranja

Nesse período, as crianças estão mais adaptadas, os pais já criaram uma rotina, a criança está mais acostumada com o fato de ficar em casa. Conseguem resolver conflitos que aconteciam na fase vermelha com mais leveza e normalidade.

Fase Amarela

Período de alerta, pensando na saúde mental, entramos em negociação e flexibilização do isolamento social. Retorno as aulas, pelo desejo de retornar a rotina, ter contato social até mesmo pelo fato de não aguentar mais ficar em casa. Nos que trabalhamos com famílias, percebemos uma ambiguidade emocional: receio de sair de casa e a necessidade de sair de casa.

E apesar da flexibilidade do cenário, não é o que vemos quando falamos em saúde mental, as crianças se encontram ansiosas e desreguladas emocionalmente. Consequências da pandemia que leva a insegurança de transição das fases da pandemia.

A natureza e suas possibilidades de saúde

É bem sabido que ficar ao ar livre na natureza pode ser bom para a saúde e o bem-estar das pessoas, mas no momento não fomos capazes de dizer quanto é suficiente.

Já são muitos os casos positivos de crianças que tem mais contato com a natureza, tendo como exemplo, desenvolvimento emocional. A natureza e seus benefícios e encantos.

O jornal cientifico Plos One revela que crianças pré-escolares que tem mais contato com a natureza são menos hiperativas, apresentam menos dificuldades comportamentais e emocionais e, como consequência, tem um comportamento social mais fluído.

A pesquisa foi realizada em 2018, com 493 famílias com filhos entre 2 e 5 anos que participam por meio de questionários. Foram avaliadas quatro áreas que refletem a relação das crianças com a natureza: apreciação da natureza, empatia pela natureza, responsabilidade com a natureza e consciência da natureza.

O estudo conduzido por especialistas das Universidades de Hong Kong, na China, e Aucland, na Austrália, foi tão relevante que o questionário está sendo implementado em vários países, para avaliar o quanto as crianças tem ou não contato com a natureza.

A pesquisa começa se baseando em crianças que vivem em grandes cidades. As crianças que vivem em ambientes urbanos hoje mudaram de brincadeiras, atividades ao ar livre, baseadas na natureza, para atividades passivas em ambientes fechados.

Segundo o estudo, essa mudança teve impactos negativos na linguagem e no desenvolvimento cognitivo das crianças e até mesmo foi associada á baixa autoconfiança.

O contato com a natureza está positivamente associado á duração e qualidade do sono das crianças, níveis da atividade física, menor estresse, habilidade cognitivas superiores; como capacidade de atenção, memória, capacidade intelectual e resolução de problemas e criatividade.

Esta pesquisa reforça a positividade da natureza e também faz pensar o quanto é necessário mudar o paradigma da educação das crianças.

Dicas aos pais para desenvolver bons hábitos e manter a saúde mental dos filhos

Não se sintam só! Diante de tantos desafios e mudanças, todos estamos passando por dificuldades. Viver em um período de pandemia é desafiador, para o corpo e a mente! Diante de tantas coisas, pensamos como manter e desenvolver bons hábitos.

Observações necessárias:

  • Ficar de olho nas emoções nesse período
  • Se sentir e observar na criança mais ansiedade e estresse, procure um profissional
  • Fique de olho e valide sempre que possível seus sentimentos.
  • Observa o sono, a criança pode demorar um pouco para dormir e durante o sono pode acordar mais vezes e haver pesadelo

Mudança de Hábitos:

  • Manter a rotina de casa organizada;
  • Cumprir horário para o trabalho e buscar ter mais lazer;
  • Busque levar as crianças o mais tempo possível para curtir a natureza
  • Reservar um tempo para conversar com os filhos;
  • Manter uma alimentação saudável e regrada;
  • Relaxe sempre que puder, procure ter um tempinho para assistir filme, séries ou jogar com os filhos;
  • Fazer algo prazeroso para os dois.

Atividade física com os filhos

A atividade física é uma grande aliada para uma boa saúde mental e bem-estar. Não estamos falando em apenas perder peso ou saúde física, mas sim o quanto realizar uma atividade física com frequência irá contribuir para te manter equilibrado.

É possível fazer esse exercício acompanhado com os filhos, além de interação entre vocês, é uma atividade prazerosa e relaxante. É possível fazer em casa, não precisa de muito espaço e no máximo um tapetinho de borracha.

15 minutinhos que irá mudar a sua rotina e das crianças.

Dança: Super fácil e não precisa sair de casa, é só ligar uma música e se jogar na dança. Com as crianças a diversão fica mais gostosa, ajuda a coordenação motora, flexibilidade, incentiva a criatividade e melhora a autoestima.

São pequenas atitudes que podem fazer a diferença em sua forma de pensar e agir.

Reflita: Como está a saúde mental do meu filho?

Portanto pais, priorize a sua saúde emocional para manter e melhorar a sua saúde mental da criança e da sua família durante e após a fase pandêmica, lembrando que assim como seu corpo precisa de ajuda para estar bem e saudável, a sua mente e das crianças também precisam.

ATENÇÃO: Agora mais do que nunca você precisa priorizar a saúde do seu filho, da sua filha e dos seus filhos. Estamos à sua disposição.

Vem participar do desafio #Paisdescobridores

Por Eanes Moreira e Fabiana Arello

Foto capa: Por Keylla Gomes

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