LIBERTE SUA CRIANÇA

Reviva os bons momentos de sua infância enquanto se diverte com seus filhos, liberte a criança que anda presa dentro de você!

Os pais, assim como as crianças, não têm manual de instrução, vão construindo regras padrões, manias, costumes, hábitos que estão tão arraigados na nossa cultura familiar que parece estranho, senão impossível, se permitir ser criança novamente.

Não vá me dizer que você nunca pensou que, quando se tornasse Pai/Mãe, você seria diferente?

Você até quer, deseja e se esforça, mas quando percebe está lá, arrependido por ter agido sem pensar e, repetindo gestos, comportamentos e até mesmo frases idênticas as seus pais. Liberte!

Não desanime, aproveite este momento para refletir em como você se sentia quando esta situação acontecia com você, o que passava pela sua cabeça?

Quantas magoas, quanta dor, sentimento de abandono, rejeição, falta de amor…

Todos temos alguma necessidade que deixou de ser atendida na nossa infância, seja ela pequena ou grande, boba ou muito dolorosa, que reflete hoje na forma como lidamos com a vida e com a educação dos filhos.

Perceba qual foi seu gatilho, que acontecimento, pensamento ou sentimento, que seu cérebro associa com algo do seu passado e, faz com que você repita o comportamento de forma automática, repetindo ciclos, perpetuando padrões de comportamentos.

Uma forma de estar mais atento e fugir do piloto automático é se conectar com seu filho, e para isso será necessário que você liberte sua criança.

Quais lembranças você tem de quando tinha a idade do seu filho?

Procure uma foto sua de quando você tinha a idade dele, olhando para esta foto, lembre-se dos sonhos que trazia no olhar, como enxergava e entendia o mundo a sua volta?

 Liberte as lembranças da sua criança, deixe que esse sentimento reviva em você, pois é através desse resgate que você encontrará uma forma de se conectar com seu filho.

Que lembranças de brincadeiras você traz da sua infância?

Alguma vez já brincou com seus filhos?

Que sentimentos você traz da sua infância?

 Quantos deles ainda vivem aí dentro de você?

O que naquela época você gostava muito e hoje não faz mais?

Qual era a comida que você mais gostava? E a guloseima?

A quanto tempo você não come isso?

Aproveite para relembrar e reviver todas as boas memórias com seus filhos.

Ah! Ainda tem o conflito de gerações. Fomos criados de uma forma muito diferente e, que muitas vezes, dificulta a comunicação e o relacionamento entre pais e filhos.

Quem nunca ouviu essas frases, “faz porque eu estou mandando”,” só obedece”, “não me responde”?

Hoje criamos uma geração que não se contenta só com o pedido, quer ser convencida, quer saber o porquê de cada coisa. As crianças de hoje têm a mesma necessidade que tínhamos naquela época, de se sentirem seguras e amadas.

No entanto, à medida que fomos amadurecendo, ficando sérios, com dedicação excessiva, nos tornamos mais adultos e menos crianças, quantas vezes sem tempo até para rir?

Que tal ser uma mãe/pai mais leve e amoroso?

Ao se dedicar de mais, acaba se tornando pesado e esquecemos a alegria de ser criança e aproveitar a infância. Afinal, ter crianças é uma excelente oportunidade de revivermos a nossa própria infância.

Não existe receita de bolo para melhorar o relacionamento e a comunicação entre pais e filhos, mas vai existir uma receita especial para sua família, à medida que você buscar se conhecer e conhecer sobre o desenvolvimento da criança, suas fases de crescimento físico, mas sobretudo mental, respeitando cada uma delas. Se fala tanto de empatia, por que não começar a praticar em casa com nossas crianças?

Minha filha se sente muito amada quando brinco com ela de cosquinhas, quando pego no colo, quando estou brincando com ela sem desviar a atenção com o celular, televisão ou em conversa com outra pessoa. Se sente segura quando ela está com medo de andar de patins, mas eu seguro a mão dela, até que ela se sinta segura para soltar minha mão e andar só. Sente-se segura também quando no meio da noite tem um pesadelo e vem para meus braços procurar abrigo.

Descobertas da mãe

O primeiro passo para construir essa conexão é demonstrar amor e segurança de forma que os filhos se sintam amados e seguros.

Se você não se sentiu amado ou seguro na sua infância, pense em alguma situação na qual você acredita que poderia ter sido diferente, que você poderia ter recebido amor e ter se sentido seguro, como você teria feito enquanto adulto para atender aquela necessidade que você sentiu quando era criança?

Imagine que hoje você pode fazer diferente e, se naquela época você não recebeu o que necessitava, hoje, você enquanto adulto, pode escolher este caminho.

Olhe para sua história com amor e com perdão, é a sua trajetória, sua história de vida e o que passou não pode ser mudado. Mas podemos escolher olhar de forma diferente e positiva, superar nossa vergonha, medo do julgamento, libertar os sentimentos que estão trancados. Lembre-se, o que não ganha palavra somatiza.

Não aceitar o passado traz um peso muito grande e, não prejudica quem te fez mal, prejudica você que vem trazendo esse peso na mochila. Já pensou em deixar sua mochila mais leve?

O comportamento da criança é um reflexo do comportamento dos pais, se tem algo no comportamento do seu filho que está te preocupando, veja como você se comporta e o que você pode transformar no seu comportamento para ajudá-lo.

Minha filha normalmente demora para atender ao meu chamado, seria uma sina de todas as mães?

Comecei a reparar que, todas as vezes que ela me demandava algo e, eu ocupada, repetia a mesma frase:” aguarde eu acabar que já lhe atendo”. Pois é, minha filha estava repetindo meu comportamento, confesso que estou neste processo de ajuste e hoje procuro estar mais atenta as suas solicitações de acordo com a atividade/prazo do que estiver realizando. À medida que estou mais disponível e mais conectada, ela também está!

A realidade é que cobramos dos filhos da mesma forma que nos cobramos, se formos carrascos, exigentes e intolerantes conosco, assim o seremos para com eles. À medida que nos aceitamos, conhecemos, cobramos e respeitamos estaremos mostrando aos nossos filhos como se aceitar, conhecer, se cobrar e se respeitar, entendendo os limites e a capacidade de cada um.

É preciso manter um equilíbrio, muitas vezes recebemos tão pouco e queremos doar muito, enquanto pais, nos doamos tanto e temos dificuldade de receber. Cabe aos pais manter o equilíbrio entre o dar e receber o amor, entre o dedicar tempo e cuidado e receber a ajuda dos filhos, entre se esforçar e merecer.

Defina o que você pode fazer de diferente daqui para frente. O que você mudaria no seu nível de exigência pessoal? E nos seus comportamentos? E com os pesos da mochila?

Aceitar a nossa história, compreender quem somos e de onde viemos, honrar aqueles que escolheram a vida e nos deram a vida.

Que tal construir uma linha do tempo da sua história?

Liberte! Se permita.

Anote a lembrança mais remota, anote a idade, o episódio que você se lembra, o brinquedo, música, lugar, o cheiro… anote tudo que você recorda da sua infância, mais uma vez, liberte sua criança, deixe as lembranças fluírem!

Fiz esse exercício e fiquei impressionada, quantas coisas que haviam fugido da minha memória ressurgiram, quanto mais eu penso mais coisas lembro! As fotos, poucas, ajudaram!

Quando fiz o exercício de olhar para minha foto quando era criança e sentir o que eu sentia, ver o que eu via, relembrar os sonhos que tinha, percebi o quanto estava presa no mundo adulto, o quanto precisava estar mais conectada a mim e consequentemente à minha filha. Senti realmente a necessidade de libertar minha criança!

Entendi que no amor incondicional não existe o “e se”, preciso me amar do jeito que eu sou e somente assim vou amar minha filha do jeito que ela é, assim ela se sentirá segura e amada. Entendi que podemos escolher no que queremos acreditar e podemos ensinar a criança no que ela vai acreditar daqui para frente.

Já pensou ensinar as crianças desde a infância a se aceitar, se aprovar, se amar sem esperar do externo?

Conhecerem suas qualidades e habilidades, ganhando segurança e aprendendo a se autorregular mediante as adversidades da vida e as diferentes emoções que suscitam dentro de nós?

Escolher ser pais é estar aberto ao aprendizado, é estar aberto ao erro e superação. A mãe e o pai também erram, se constroem no caminhar e, demonstrar sua vulnerabilidade, ao contrário do que aprendemos, não nos torna fracos, mas pessoas reais, nas quais nossos filhos se reconhecem e tem um exemplo de humildade, de auto perdão, de recomeçar e aprender com os próprios erros.

Chega de pais heróis! Se você quer criar seus filhos de forma respeitosa e humana, mostre a eles na prática, com seus erros e acertos.

Aplique ações de autocuidado no seu dia, com a sua alimentação, com seu cuidado físico, com a sua atividade de conexão espiritual, cuidando do seu mental e da vida social.

Que ações de autocuidado você tem aplicado em sua rotina? Estabeleça ao menos uma de cada e coloque em prática.

Liberte!

Libertar sua criança é olhar para os traumas e entender que não foi o que aconteceu que nos traumatizou, mas a forma como percebemos e assimilamos o que nos aconteceu. Não é o que acontece com nossos filhos que traumatiza eles, mas a forma como ele percebe e assimila o que acontece.

Quando conseguimos olhar para nossos traumas de uma forma diferente, ressignificando, podemos ensinar nossos filhos a fazer o mesmo, pois não podermos impedir que eles tenham medo, frustrações, raiva, angústias…, mas podemos orientá-los em como lidar com essas situações gerindo suas emoções.

Construir pensamentos criativos pode mudar a maneira de pensar.

Qual o seu primeiro pensamento do dia?

Você acorda agradecendo ou re-clamando?

Esteja mais atento aos seus pensamentos, traga-os para o presente de forma positiva e pessoal, o que posso fazer hoje, agora, para alcançar um resultado diferente?

Liberte!

A criança que apresenta um mau comportamento está desconectada de si, mais “apronta” mais repreendida é, mais desconectada ela fica.

Dentro da cabecinha da criança, que tem a necessidade de se sentir segura e amada, quanto mais repreendida, fica de castigo ou “apanha”, menos ela acredita nela mesma e, dificilmente se sentirá uma criança única, especial e maravilhosa, será atropelada por um caminhão de baixa autoestima.

O sentimento que a criança desenvolve são de ser pequeno, inferior, não merecedor, de quem nunca atende as expectativas, que não é boa o bastante. Estes sentimentos acabam se tornando crenças, algo que acreditamos  e levamos para nossa vida como uma verdade absoluta, e repetimos os padrões de pensamentos que aprendemos lá na nossa infância.

Queria muito comprar um tênis que vi no shopping, realmente preciso de um tênis, mas o valor dele é alto, fiz uma reserva, já tenho o valor do tênis, mas na hora de comprar escolho um outro mais barato. Esse comportamento reflete uma crença de não merecimento, de algo que vivenciei na minha infância, quando queria um tênis que eu tinha achado lindo, todo colorido, mas que minha mãe não podia comprar. Lembram que não é o que acontece com a gente que nos causa a dor, mas a forma como entendemos o que aconteceu?

Como posso mudar esta situação?

Reconhecendo hoje, com a minha cabeça de adulta, que naquela época minha mãe não tinha como comprar, e está tudo bem! Entendendo que, se ela tivesse condições financeiras, ela teria comprado o tênis para mim e, agora eu tenho a possibilidade de fazer diferente por mim e escolher merecer aquele tênis que eu realmente gostei e que era mais caro.

Trouxe um pequeno exemplo, de um tênis, mas que pode se aplicar a qualquer realidade. Percebe que, quando olhamos com mais cuidado encontramos alguma necessidade lá da infância que não foi atendida?

Liberte sua criança, recupere a criança maravilhosa que há em você! Supra necessidades que não foram atendidas na sua infância, permita se cuidar e se amar, pratique o autocuidado, autoamor e auto perdão. Esteja mais conectado!

Não tenha medo de corrigir, mostrar o certo e errado, não deixe de agir por medo de errar e não deixe de se posicionar. Ser permissivo não quer dizer que você não vai gerar traumas, mas pode gerar sentimento de abandono e insegurança. Encontre uma forma de se comunicar, combinar, respeitando a potencialidade da criança de acordo com a fase de desenvolvimento que ela está passando.

Faça com ela, e não faça por ela, permita que ela se desenvolva, dialogue, negocie, converse, instrua. Ao se posicionar desta forma, você cria laços de confiança que dão segurança para as crianças diferente de quando você grita, assusta e causa medo. À medida que você se posiciona também está ensinando a sua criança a se posicionar trazendo segurança emocional e, inclusive fortalecendo-a mediante possíveis abusos emocionais e físicos.

Agora, que tal colocar em prática?

Liberte!

Seguem algumas dicas de atividades que criam conexão:

– Dançar músicas da sua infância;

– Fazer um piquenique;

– Festa do pijama;

– Realizar atividades ao ar livre (bicicleta, esconde-esconde, pega-pega, jogar bola, pula pula…)

– Cozinhar;

– Pintar;

– Jogos tabuleiro;

– Jogos de videogame da sua época.

Liberte sua criança e crie leveza na educação de seus filhos!

Por Marrê Fronza

Capa: Da colunista Marrê – Mãe e Filha

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