DILEMA DA MATERNIDADE

Qual dilema da maternidade você tem vivido?

Se você está lendo este texto você é mãe ou pretende ser e, se o título te chamou atenção, certamente você vive algum dilema com relação à maternidade!

Acredito que não seria possível descrever a todos os dilemas que se passam nesta incrível jornada de ser mãe! Por isso, me ative ao dilema que particularmente venho passando e, acredito ser comum à todas as mães, o de prover uma educação de qualidade almejando um futuro brilhante para seus rebentos.

Não bastassem os desafios de adaptação da educação com a tecnologia que inundou a vida de nossas crianças e adolescentes (e as nossas também), veio o inesperado, trazendo abruptamente as aulas e o trabalho para dentro das nossas casas.

Uma adaptação da sala de aula, que buscava se reinventar, para as telas dos computadores e celulares passaram, em sua maioria, não por falta de esforço dos professores, a replicar a sala de aula presencial no formato on-line e, o que não prendia a atenção do aluno presencialmente se agravou.

Aí que mora meu dilema!

Educar essa geração, dentro deste cenário, que deve estar integrado com a tecnologia, mas sobretudo desenvolver competências sociais, emocionais e cognitivas, vai muito além de disponibilizar um celular, computador ou tablet, garantir um bom acesso à internet ou a uma escola particular, mas de conhecer como a criança se desenvolve para atender suas necessidades.

Ser Mãe: A complexidade das emoções

A nossa geração teve uma educação mais rígida, a qual o normal era punir mediante o erro, usando como base educacional a disciplina e a ordem e ignorando a importância das relações e do diálogo, usando o medo como forma de controle.

Hoje nos deparamos com uma geração na qual se tem mais liberdade, não está tão presa a responsabilidade ou regras, recebe muitos estímulos a viver e aproveitar ao máximo suas emoções, e depois ver o que acontece, sem se prender a necessidade dos outros.

Tanto uma geração como a outra tiveram o aspecto do desenvolvimento socioemocional ignorado. Como educar num contexto completamente diferente do qual fomos criados?

Enzio Aceti, em seu livro “Crescer é uma aventura extraordinária” trás a ideia de que o conhecimento sobre o desenvolvimento das crianças deve se tornar “popular”. Para ele, a primeira forma de amor é o conhecimento e educar é um ato de amor. Quando os pais conhecem como a criança se desenvolve ampliam as possibilidades de atender as necessidades de seus filhos e amá-los ainda mais!

Quando aprendemos a nos relacionar, respeitando e construindo pontes ao invés de muros, estimulando a autoestima dos nossos filhos, construímos uma educação integral. Deixamos de nos preocupar em ter um filho que obedece e faz todas as coisas no nosso tempo, mas em formar um ser humano que:

– Se conhece e conhece suas emoções;

– Sabe lidar com suas frustrações e se autorregular;

– Sabe que comportamento é mutável (nada de síndrome de Gabriela);

– Desperta o interesse e a curiosidade porque é estimulado cognitivamente;

– Sabe que o diálogo e o relacionamento positivo permitem o desenvolvimento com segurança.

O pior dessa história é que fomos criados de outra forma! Estamos tão desconectados de nós mesmos, que não conseguimos suprir as necessidades de nossos filhos, por vezes porque “não temos tempo”, mas principalmente porque não sabemos como fazer, já que não conhecemos como as crianças se desenvolvem.

Não estou aqui para apontar dedos e fazer julgamentos, eu me incluo nesse roll e, sinto que a educação que oferecemos para nossas crianças está muito aquém do que elas realmente precisam, não apenas ou exclusivamente por conta da escola, mas também por conta da família.

Me fiz as seguintes perguntas:

O que estou fazendo de errado?

O que posso fazer diferente?

E se há um dilema precisa ser solucionado! Foram esses questionamentos que me levaram a estudar e me tornar educadora parental, sentia a necessidade de mudar em mim, transformar a condução e a educação das meninas para aquilo que elas realmente necessitam.

Nestas buscas encontrei muitos conhecimentos que venho colocando em prática e alcançando resultados positivos de diálogo, reconhecimento das emoções e inclusive identificar momentos de autorregulação em mim e principalmente na minha pequena.

Compartilho com você as Cinco Pedras fundamentais da educação estabelecidas por Enzio Aceti (2017), elas foram capazes de estimula o desenvolvimento da autoestima em nossas crianças e que me trouxeram um outro ponto de vista sobre meu papel de mãe e sobre meus comportamentos e posicionamentos, são eles:

– Prestar atenção aos pensamentos do outro (escute-o e interrogue-se: “por que ele faz isso?”);

– Construir situações em que o outro possa ter sucesso e não fracasso (de modo a poder elogiá-lo devidamente);

– Dar significado e ajudar o outro a adquirir capacidade de controle da sua própria vida (ajudá-lo a governar-se);

– Ser digno de afeto (para compreender que valeu a pena ter nascido);

– Mostrar uma auto imagem positiva (porque o sorriso anima e é contagioso).

Ao me conectar comigo mesma, com meus sentimentos e ajustar meus comportamentos passei a ver a transformação nelas.

Assumi o posto de capitã do barco e assim passei a oferecer equilíbrio entre o que elas precisam e querem, com limites claros, com uma comunicação respeitosa e que diz não sem culpa.

Outra dica que fez muita diferença por aqui, foi conhecer as cinco linguagens do amor, de Gary Chapman (2013), que são:

– Palavras de afirmação – quando a pessoa se sente amada ao ouvir ou ler palavras que demonstrem amor e reconhecimento;

– Tempo de qualidade – a pessoa se sente amada quando tem um tempo de olho no olho, de exclusividade com você, sem dividi-lo com o celular ou a televisão;

– Presentes – ao receber o presente, sabendo que foi comprado ou feito especialmente para ela, faz com que ela se sinta muito amada, pode ser até uma pedra encontrada na rua, a pessoa se sente se amada ao receber o presente independente do valor ou tamanho;

– Atos de serviço – ser servida representa o amor para essas pessoas, uma ajuda com alguma atividade prática, pagar uma conta no banco ou fazer a janta farão com que ela se sinta amada;

– Toque físico – quando a pessoa gosta de carinho, abraço, andar de mãos dadas e se sente amada desta forma.

Entender e trazer para consciência que eu me sinto amada com “atos de serviço”, quando as pessoas me ajudam com algo, seja arrumando uma mesa, ou me trazendo um copo de água, foi muito importante, pois identifiquei que muitas vezes eu não me sentia amada, não porque a minha família não me ama, mas porque a linguagem de amor predominante para eles é diferente da minha.

Comecei a observar como cada um se sentia amado e colocar em prática na linguagem deles! Tendo mais tempo de qualidade, estando mais atenta as palavras de afirmação, ao carinho e abraço e até aos presentes!

Me distanciei ao máximo da tecnologia e passei a propor atividades em família, seja arrumando a mesa bonita para fazermos uma boa refeição juntos ou um passeio ao ar livre, entre outras tantas coisas que percebi que eu deveria simplesmente ser a mudança e adotar a linguagem do amor.

Se eu quero que minhas meninas melhorem seus comportamentos sou eu que preciso melhorar agora!

Identifica o meu dilema ou meus dilemas foi essencial. E você.

Qual dilema da maternidade você tem vivido?

Já pensou o que pode transformar em você para alcançar esse objetivo?

Se ainda não sabe como, peça logo ajuda!

OLHO: Assumi o posto de capitã do barco e assim passei a oferecer equilíbrio entre o que elas precisam e querem, com limites claros, com uma comunicação respeitosa e que diz não sem culpa.

Por: Marre Fronza

Capa: FreePik

REFERÊNCIAS

ACETI, ENZIO. Crescer é uma aventura extraordinária. Vargem Grande Paulista, SP: Editora Cidade Nova, 2017.

CHAPMAN, GARY. As 5 linguagens do amor. Gary Chapman; traduzido por Emirson Justino – 3. Ed. – São Paulo: Mundo Cristão, 2013.

1 comentário em “DILEMA DA MATERNIDADE”

  1. Excelente! Me sinto orgulhosa dos saltos de qualidade sobre possíveis lacunas deixadas por mim (tua mãe)em tua formação e desenvolvimento psicofísico e emocional. Parabéns.

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