VOCABULÁRIO NA PRIMEIRA INFÂNCIA

Você já se perguntou qual é a importância do vocabulário na primeira infância?

Nos últimos textos falamos sobre aquisição de linguagem em crianças com ou sem surdez. Nesse falaremos sobre a importância dessa aquisição, ou seja, do vocabulário, para todo o desenvolvimento humano.

Podemos comparar a palavra como sendo o primeiro alimento do bebê. É ela que conduz a criança ao desenvolvimento emocional e cognitivo, à construção do imaginário e ao processo de aquisição da linguagem.

A todo tempo podemos oferecer às crianças alguma oportunidade de ampliação de vocabulário, algum tipo de diálogo, formal ou informalmente. Cantando canções de infância, contando casos de família e lendas da nossa cultura, ajudando-as a ler textos e imagens nas placas de orientação, nas ruas.

Todas essas atividades, embora simples, são ferramentas essenciais na relação de adultos com crianças e que serão a base de todo o desenvolvimento linguístico e ampliação do vocabulário delas.

Em um texto anterior falamos a respeito de Vygotsky. Esse teórico disserta sobre o desenvolvimento sendo promovido na interação social. Nesse contexto o adulto te papel essencial.

O meio utilizado para essa interação, por sua vez, a linguagem.

São muitos os estudos que demonstram que a formação de conexões cerebrais é mais intensa no período entre a gestação e os cinco anos de idade, alicerçadas nas experiências vivenciadas. Assim a importância da estimulação nessa idade, em especial seu vocabulário.

As crianças se reconhecem, compreendem tempos e espaços, criam vínculos e constroem memórias afetivas por meio da palavra. Ou seja, a partir da ampliação do vocabulário novas habilidades são desenvolvidas e compreensões mais profundas.

Vamos imaginar, um bebê e uma criança de cinco anos brincando de carrinho. A ação e a mesma, mas um bebê não traz muitas regras e repertório sobre essa brincadeira.

Por ouro lado a criança traz maior conhecimento sobre leis de trânsito e vida social. Através da língua lê aprende e demonstra seu aprendizado, todo o vocabulário que sabe a respeito daquele tema.

Esse fato ocorre muitas vezes de forma natural para a criança. Sendo promovido na interação com um adulto.

Por exemplo, enquanto a criança brinca de carrinho o adulto interage falando sobre pontos do mundo da criança e do trânsito:

Onde o carrinho está indo?

Vai na casa da Vovó?

Olha o sinal vermelho!   Bibi!

Essas interações estimula o raciocínio da criança e a insere em um mundo novo. Esse vocabulário ira constituir sua visão de mundo e traz ferramentas para ela lidar com ele.

Crianças muito pequenas comumente tem períodos de instabilidade emocional, pois não conseguem nomear e falar o que sentem e querem. A partir da aquisição de novas palavras ela é capaz de verbalizar isso de alguma forma, seja traves da fala ou da língua de sinais.

No futuro, essa amplitude de vocabulário trará benefícios para todos os campos de sua vida, como habilidades sociais e escolares. Pois esse vocabulário ira facilitar em suas interações e categorização.

Essa deve ser uma preocupação para todos os educadores e pais da primeira infância, estimular a ampliação do vocabulário das crianças.

Esse e também um grande desafio para as crianças com surdez filhos de pais ouvintes. Visto que muitas vezes esses ainda não conhecem a Língua de sinais.

É necessário instrumentalizar esses pais para poderem ensinar as crianças com surdez a se comunicar. Assim também na creche deve ser ensinado o vocabulário em Libras.

Não se trata de deixar a cargo da escola o ensino das libras para a criança, mas trabalhar em parceria. Família e pais juntos no ensino da Libras para as crianças com surdez

Um outro ponto que deve ser observado a respeito do vocabulário da criança é que a partir do crescimento dessa, seu vocabulário também deve ser ampliado e se tornando cada vez mais elaborado.

Ou seja, uma criança da pré-escola é capaz de contar de 1 a 10, uma criança do fundamental I conhece números de 1 a 1000, a parti do fundamental III e ensino médio o adolescente aprende os números negativos e que entre 1 e 2 existe uma infinidade de números.

Esse exemplo foi no campo da matemática, mas reflete em todo os campos da vida. O vocabulário deve acompanhar o desenvolvimento da criança.

Na trajetória, as crianças com surdez encontram pessoas com diversos níveis de fluência na Língua de sinais. Isso por si só não é um problema, mas aqueles profissionais e familiares que estão ligados ao ensino da língua de sinais deve ter essa preocupação pessoal de aprimorar seu vocabulário para ampliar vocabulário e orientar a criança com surdez nos desafios de sua vida.

Quando isso não ocorre a criança pode ficar presa a um vocabulário restrito e uma visão de mundo limitada, não sabendo nomear muitas coisas que a rodeia.

Por isso, muitas vezes se prioriza o ensino de Libras por professores com surdez que tem essa como sua primeira língua, pois eles têm grande naturalidade ao sinalizar.

Ou ainda, os professores são pessoas comprovadamente com fluência em Libras.

Mas como podemos ampliar o vocabulário das crianças?

Atividades como:

  • Contação de histórias e textos, como poesia e parlenda: quem não se lembra dos contos de fada;
  •  Canções: mesmo em crianças com surdez podemos utilizar de estratégias para ensinar músicas e passar o conceito de ritmo através do corpo e da visualidade;
  • Brincadeiras de faz de conta: casinha, escolinha, a criança recria o seu mundo
  • Jogos: seu mestre mandou, jogos de cartas…
  • Conversas
  • Desenhos e atividades que estimulem a criatividade
  • Atividades e brincadeiras junto a outras crianças: em pares ela também aprende e se desenvolve

 São ótimas ferramentas para a ampliação do vocabulário. Tanto em crianças ouvintes ou não.

Por fim, se atente a estimular a ampliação do vocabulário das crianças com ou sem surdez. Um dos grandes problemas das pessoas com surdez a falta de informação acessível e isso podemos observar em vários níveis e espaços, muitas vezes até dentro de casa.

Vamos trazer a consciência da importância do aprendizado de cada palavra no desenvolvimento dos pequenos.

Por Carolline Nunes

Capa: FreePik

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