AS MÃES DA PANDEMIA E SEUS FILHOS

As Mães da pandemia, receba meu abraço e meu carinho. Na certeza de que esse cenário é familiar, ele será escrito de forma breve e sucinta:

Café, filhos, casa, marido, trabalho, roupas, muitas roupas. O dia parece não ter fim, e é só o começo.

O filho chora, pede atenção constante, a mãe precisa cuidar da casa, da aula online, dos trabalhos da escola, do animal de estimação e do próprio trabalho que exige horas de dedicação.

A conta das horas do dia não fecha.

Entre uma atividade e outra, a mãe da mãe liga preocupada e tenta conversar por muito tempo em meio a um caos de brinquedos e mais roupas (elas se multiplicam, nem você sabia que tinha tantas roupas).

A maior parte do tempo a trilha sonora é a repetição de uma música de bom dia do Mundo Bita. Sim, é mais um dia em meio a pandemia do covid-19.

Os sentimentos são colocados de lado, em consequência, as emoções vivenciadas ao extremo.

Dias de muitas dúvidas, inconstâncias, incoerências. Dias que se arrastam e semanas que voam em uma velocidade ainda inexplicável (já estamos quase no meio do ano?)

E a mulher, a mãe, ainda é a grande personagem dessa história. A grande peça do jogo que nem sempre ganha.

É uma fase, vai passar! Mantra necessário para os dias atuais.

E aqui, neste artigo, um afago e o abraço virtual vai para todas as mães:

– a que trabalha durante todo o dia e a noite recebe o carinho dos seus pequenos; – a que não trabalha e que passa o dia com eles, dividindo tudo (inclusive sua privacidade, rs);

– a que está em home-office, dando o melhor de si todos os dias para que os filhos não saiam da rotina, que continuem dormindo cedo, se alimentando bem, brincando;

– para aquela que os filhos moram longe e que a preocupação é diária e as orações são enviadas durante todo o dia;

– para aquela que vivenciou o luto do filho em algum momento da maternidade, mas que nunca deixará de ser mãe dele;

– a mãe de filhos com deficiência;

– a mãe solo que se faz presente de todas as formas na vida do filho;

– a mãe que não trabalha fora e está cansada, que pediu ajuda;

– a mãe que não tem ajuda, mas que reconhece seus limites;

– para a mãe que ainda está no processo, gestando;

– para as mães que precisam estar longe de suas mães;

– para a recém-mãe, vivendo a intensidade do puerpério e

– a tantas outras, que na particularidade e singularidade de cada família, não foi aqui relatada.

A todas essas mães, o desejo é que todas se conscientizem que a máscara de oxigênio é necessária ser colocada primeiro nelas, e depois no outro, seja ele quem for.

Essa é uma metáfora, muito utilizada na psicologia. Explicando de forma breve:

Quando andamos de avião, os tripulantes passam algumas instruções para o voo e algumas delas para caso algum acidente aconteça.

E uma das instruções é sobre a máscara de oxigênio, eles explicam que em determinado caso, elas cairão automaticamente e que se alguém precisar de ajuda, primeiro coloque a sua máscara para depois ajudar quem precisa.

Ouvindo dessa forma, essa instrução pode parecer óbvia quando aplicada a momentos como esse, ou seja, na teoria. Mas pare para pensar na aplicabilidade disso para a vida cotidiana.

Muitas vezes as pessoas deixam de lado todas as suas necessidades para se concentrar nas necessidades de outra pessoa, muitas vezes, passando por uma anulação total de seus desejos.

Mas o ponto é: você nunca vai poder realmente ajudar alguém se você não estiver bem.

Desnaturalize a mãe exausta, busque ajuda, olhe para você, desaprenda que isso é egoísmo. Cuidar de você é saúde mental para você e para as pessoas que você tanto ama e se dedica diariamente.

Desnaturalize que mãe é só mãe. Uma mãe é composta de muitas… uma mãe é mulher, é esposa, é filha de outra mãe, é a profissional. Uma mãe se completa no conjunto.

Desnaturalize a mãe culpada. A mãe que não pode ter outros desejos, outras formas de amar e de mostrar amor que não seja pela dedicação exclusiva a seus filhos.

Descobertas da mãe: como ser mãe de

Mais uma vez, cuide de você, pratique o autocuidado, pratique mais o amor e o carinho por você e por quem você se tornou.

O autocuidado passa por tirar um tempo para você, fazer aquilo que gosta, até lavar o cabelo com aquele shampoo que você ama, sentindo o cheiro dele, a água lavando seu corpo e você curtindo o tempo presente e entregue aquele momento e as sensações que ele proporciona.

Ah! Se colocar uma música de fundo, ficará ainda melhor.

Já parou para pensar o que é ser mãe para você?

A velha frase, de que as mães são iguais e só mudam de endereço –  hoje já não faz tanto sentido mais.

As mães são únicas, repletas de singularidades, atravessamentos, histórias e mais histórias.

Mas, algo de comum na maternidade é que tudo muda. Ser mãe significa mudar a sua vida, seu tempo, seu pensamento.

Então, o que é ser mãe para você?

Sua realização pode ser o seu filho, pode estar ali, no momento do nascimento daquele que tudo mudou. Mas também pode estar em outros lugares e isso não será um crime a humanidade.

Os dias atuais são desafiadores, e nesses tempos, se faz ainda mais necessário o autocuidado, o olhar sensível as suas próprias dores, suas próprias sombras.

Através da conscientização delas, as soluções serão encontradas e as emoções mais facilmente aceitas, lembre-se que cada emoção, cada sentimento é válido e nos diz algo.

Pensar demais no futuro pode gerar ansiedade e frustrações. Busque estar no presente, observando e respeitando seus limites.

Você está fazendo o melhor que pode, da melhor forma. Uma mãe não se faz da noite para o dia, mãe é também é construção!

Então, para as mães, para todas as mães que estão vivendo a pandemia e todas as limitações que ela traz, de tempo, de espaço, de suporte e apoio: viva um dia de cada vez. E para hoje, um feliz dia!

Com afeto,

Por Sarah Izis

Foto Capa: Keylla Gomes

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