Nos últimos anos o acesso as tecnologias vem crescendo e com a pandemia assunto vem sendo mais estudado e analisado por estudiosos e profissionais.
Quais são os novos caminhos para o uso da tecnologia e eletrônicos na primeira infância?
Como pode ser esse uso e a qualidade de acordo com a idade das nossas crianças?
Há algum tempo tínhamos menos acesso as tecnologias. Nesta época, assistir televisão e jogar vídeo games eram atividades segundarias.
Hoje com o aumento do uso dos eletrônicos, das aulas online e de acesso ao mundo virtual, as crianças tem recorrido com mais frequência aos computadores, tablets e celulares. Fato este observado no atual período pandêmico que estamos vivendo.
Parece impossível imaginar nos dias atuais uma infância sem acesso as tecnologias.
No entanto, elas podem ser utilizadas de forma controlada e moderada, é possível limitar o acesso das crianças a esses equipamentos. O uso descontrolado tem causado muitos impactos no desenvolvimento infantil, por isso, as consequências do uso desses aparelhos não param de ser revistos e estudados por profissionais da infância.
Todos esses aparelhos apresentam um impacto no desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e social, podendo trazer alguns benefícios com o uso limitado, monitorado e direcionado.
O Uso das tecnologias tem se mostrado cada vez mais precoce, o que trás diversos estudos e pontos a serem analisados sobre o desenvolvimento neurológico e motor.
A Organização Mundial da Saúde – OMS recomenda que por medida de saúde os bebês até 18 meses de idade não devem ser expostos a telas.
A tecnologia interfere na relação pais e filhos?
A utilização de eletrônicos na primeira infância reduz a qualidade do sono, de tal modo que os excessos de estímulos visuais como: a luz emitida pelos aparelhos eletrônicos do visor durante a noite reduz a produção de melatonina, hormônio do sono.
A orientação é que as crianças de até 5 anos de idade durmam até 10 horas por noite. Acima de 5 anos e recomedado que durma até 8 horas. O que infelizmente não está acontecendo.
A má qualidade desse sono interfere no crescimento, na memória e no aprendizado, entre outros. Os episódios de irritabilidade na criança podem ser motivados por não dormir o tempo que o seu corpo precisa, impactando no seu dia a dia.
A criança ao substituir os momentos de lazer, como correr e aprender brincadeiras novas, pelo uso das telas, tende a apresentar uma dificuldade na comunicação. Podendo se assim, fazer uso de um curto repertório de palavras, causando um atraso no desenvolvimento da fala nos primeiros anos de vida.
As Crianças se expressam e se comunicam em interação com o outro. As tecnologias causam o distanciamento físico, fazendo com que elas deixem de expressar seus sentimentos, aflições e dificuldades. Ao substituir amigos reais por virtuais as crianças deixam de aprender com o outro.
O Uso excessivo e sem limite de eletrônicos, além de todas as questões emocionais, pode ser um dos fatores do crescimento da taxa de obesidade infantil. Pode se relacionar também a esse uso excessivo das tecnologias o aumento das dificuldades de aprendizagem, baixa autoestima, dificuldade de se relacionar.
No entanto, para que a criança se desenvolva de forma saudável, sem dependência dos meios tecnológicos, é preciso olhar e cuidar das suas outras necessidades de desenvolvimento. Buscando explorar outras possibilidades de entretenimento e ensino.
As atividades recreativas e cotidianas como: amarelinha, esconde-esconde, andar de bicicleta, futebol, entre outras tem perdido o seu lugar na primeira infância. As tecnologias tem substituído essas brincadeiras de interação e socialização. Os eletrônicos tornaram-se um referencial de lazer e diversão.
Brincar é essencial para o desenvolvimento infantil e a construção das relações. São as brincadeiras cotidianas que auxiliam no desenvolvimento do cérebro. Permitindo desenvolver noções de espaço, estratégias, perder e ganhar de amigos, movimentar-se, pegar objetos e correr.
Apresentar outras atividades para as crianças pode ser fundamental para o desenvolvimento de habilidades de socialização. Explorar ao ar livre, ouvir músicas, desenhar e fazer trabalhos manuais são exemplos de atividades que auxiliam no desenvolvimento motor infantil. Contribuindo também com o distanciamento dos meios digitais e das influências tecnológicas.
Alguns pontos referentes aos benefícios do uso das tecnologias
- Estabelecer horários e regras do uso dos eletrônicos, facilitam o monitoramento dos pais e dos cuidadores. A falta de controle pode trazer episódios de ansiedade e agressividade nas crianças.
- Encontrar um equilíbrio é essencial para o direcionamento dos filhos. Os pais devem se questionar se eles mesmos não estão exagerando no uso desses aparelhos. As regras precisam ser passadas de forma que os pais também se monitorem. Lembrando que as crianças aprendem com os exemplos.
- Ignorar os avanços tecnológicos, não é possível, mas é preciso utiliza-los de forma controlada, por exemplo, jogos educativos sendo uma recreação em família.
- Interaja com o seu filho para que ele confie em você. Aproveita e mostre os limites sobre ao uso da internet e principalmente ao tempo nos eletrônicos, buscando monitorar os conteúdos acessados.
É importante salientar que a tecnologia também tem seus pontos positivos, por exemplo, na estimulação cognitiva, desenvolvimento das habilidades de raciocínio e manejos em jogos.
Para as crianças com algumas dificuldades de aprendizagem, existe diversos jogos digitais educativos, no qual, os pais e professores podem utilizar de forma positiva para envolver essas crianças em atividades, como vídeos que trazem e conteúdo mais envolventes.
No entanto, o ideal é que se acrescente com as crianças algumas atividades citadas, como forma de incentivo ao conhecimento de dinâmicas, leitura de livros, atividades físicas, trazendo assim de forma positiva um equilíbrio que se faz necessário nos dias de hoje para que não afete as outras relações no desenvolvimento infantil.
Nos dias atuais, há diversas formas de aprendizagem, na qual é possível utilizar os meios tecnológicos como forma de comunicar e motivar as crianças por maiores de 7 anos, por exemplo, pesquisas e interação com os familiares e colegas.
É importante salientar aqui, que se tenham consciência e parâmetros sobre esse uso na infância.
Os pais precisam pensar nesses limites tecnológicos e contar com o auxílio dos profissionais.
Portanto, deixo a frase da Mahtama Gandhi: “Sejamos a mudança que queremos ver no mundo”.
Por Eanes Moreira
Foto: FreePik