INCLUSÃO DA CRIANÇA COM SURDEZ

A proposta do texto é refletir como podemos fazer isso e quais os efeitos da inclusão para as crianças com surdez.

Incluir é uma missão necessária, mas nada fácil. A inclusão deve ser em toda sociedade, em especial na escola.

Recentemente o governo Federal lançou uma nova Política para Educação Especial, decreto 10502/2020. Esse decreto trouxe alguma possibilidade a educação de pessoas com surdez, como as escolas e classes Bilíngüe.

Nós somos seres sociais, aprendemos na relação com o outro e nus desenvolvemos. Muitos teóricos da psicologia e áreas correlatas estudaram essa relação da interação social com a aprendizagem, entre eles, referencio Vygotsky e Bandura.

Vygotsky é um grande teórico do desenvolvimento, no qual escreveu que as crianças se desenvolvem e aprendem através da interação com o outro. Ou seja, à medida que ela interage com os amigos e com o professor ela vai aprendendo e ganhando autonomia para desenvolver atividades sozinha.

Já Bandura relata sobre a aprendizagem social. Ele descreve que aprendemos por meio da observação do comportamento das outras pessoas, colocando os outros como exemplo ou modelos.

Recorrentemente, vejo pessoas falando que a inclusão é só para socializar, como se isso não fosse algo importante. No entanto, é preciso frisar que a socialização é essencial para o nosso desenvolvimento.

A escola é o segundo espaço de aprendizado, lá não aprendemos e praticamos somente a matemática e ao português, mas também valores importantes para a nossa vida em sociedade.

Após a conceitualização, imagina comigo a seguinte situação:

Primeiro dia de aula, os alunos ansiosos para conhecer a nova mestra, do outro lado a professora também está apreensiva para esse momento.

Ao chegar na escola, a professora descobre que um de seus alunos tem uma deficiência auditiva severa.

Será qual a reação da professora?

A inclusão e a acessibilidade são direitos conquistados das pessoas com deficiência. A relação com as pessoas com deficiência passou diversas fases durante toda a história, seja na sociedade como um todo ou nas escolas.

Na antiguidade, em muitas culturas, as crianças que nasciam com alguma deficiência eram excluídas da convivência humana ou até mesmo mortas.

Com o decorrer dos anos, essas pessoas passaram a ser cuidadas por espaços “próprios para elas” e ali passavam toda a sua vida. Esses espaços, eram, na sua maioria Organização Não Governamental – (ONGs), na qual, se dedicavam a esse serviço, nelas as crianças não tinham conviviam com outras crianças que não tinham deficiência.

Com o avançar dos estudos, percebeu-se que poderia integrar essas crianças em escolas regulares e assim teriam ganhos. De certo modo, a ideia era adaptar a criança ao sistema escolar vigente e não o contrario.

Esse período propiciou um contato maior das crianças com as outras, no entanto, não havia adaptações para esse público, o que dificultava a socialização e aprendizado real dessas crianças.

Aqui está o grande perigo de se pensar que a inclusão é apenas para a “socialização”.  

Muitas vezes essa ideia esconde uma crença que aquela criança não é capaz de realiza alguma atividade especifica, quando na verdade, ela não é capaz de realizar do mesmo modo e no mesmo tempo que as outras crianças, mas com as adaptações necessárias, ela é sim capaz de desenvolver aquela atividade.

Esse são assunto para textos futuros, onde falaremos mais sobre o capacitismo e a adaptação curricular.

Continuando a linha do tempo, depois da convenção de Salamanca, entendeu-se a necessidade de incluir, adaptando as escolas as necessidades de cada aluno. Essa inclusão visa o melhor desenvolvimento total do aluno.

Nesse sentido, um outro conceito importante para essa compreensão é a “acessibilidade”. Quando ouvimos essa palavra logo lembramos das rampas e pisos táteis, mas esse conceito vai muito alem disso.

Acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida;”  (Lei nº 10.098, de 19 de Dezembro De 2000.)

Sendo assim, a informação também deve ser acessível a todos.  Nesse ponto encontramos as pessoas com deficiência auditiva.

Como transformar a informação que muitas vezes esta em uma forma auditiva para a crianças com surdez?

A comunicação é a principal barreira desse grupo, seja pela dificuldade na língua oral ou pelo fato de usar uma língua ainda tão pouco difundida.

Para exemplificar, voltemos a nossa história:

Ao deparar com essa informação, que terá uma aluna com surdez, ela lembra do texto que leu sobre a diversidade na comunidade surda (você também pode ler neste link) e procurou saber a língua principal dessa aluna.

A orientadora pedagógica, informou que a aluna é usuária da Língua de sinais e que terá um interprete de Libras a acompanhando.

A partir dessa descoberta é hora de pensar sobre a inclusão.

Será inclusão se deixarmos essa criança se relacionando apenas com o interprete? Ou só estaremos mantendo aquele velho modelo da integração?

Muito provavelmente não iremos incluí-la dessa forma, ela se sentirá sozinha e excluída de todo o processo escolar. Esses sentimentos trazem graves prejuízos para nossa saúde emocional.

Imagine você entrando em uma sala diariamente, onde as pessoas falam uma língua diferente da sua e ninguém converse com você. Como você se sentiria?

Pensando nisso, a professora da nossa história iniciou um curso de Libras e criou projetos para a difusão da Libras naquela escola, entre os alunos e demais profissionais.

Assim, é possível entender que a inclusão também não é só responsabilidade do professor, pois a escola não se resume a relação professor – aluno.

A criança também aprende ao conversar com a secretaria, porteiro, merendeira, além, é claro na relação como os outros alunos.

A comunicação deve ser natural também para as crianças usuárias da língua de sinais.

Você tem outra sugestão que essa professora pode fazer? Cite nos comentários.

A nova lei propõe escolas e classes Bilíngües, mas o que seria isso?

São escolas ou classes que tem como língua principal a libras e secundaria o português. A intenção é trazer esse caráter natural a comunicação em libras e favorecer a inclusão delas na sociedade.

Transformando a Libras em algo mais corriqueiro em nossas vidas e viabilizando oportunidades iguais de acesso a informação e ao conhecimento.

Aqui a ideia foi pensar o universo da criança com surdez, mas ela pode ser o professor, os pais do aluno, outro profissional da escola e em todas essas situações é preciso pesar em como incluí-la.

A responsabilidade de construir um mundo mais inclusivo e acessível é de cada um de nós.

O que você pode fazer para a criança com surdez ser incluída?

Por Carolline Nunes

Capa: FreePik

1 comentário em “INCLUSÃO DA CRIANÇA COM SURDEZ”

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