AUTONOMIA NA PRIMEIRA INFÂNCIA

Nos primeiros meses de vida, o bebê é totalmente dependente dos pais, com o tempo, essa dependência vai se tornando independência, transformando assim, a criança em uma pessoa com mais autonomia.

 Essa autonomia se resume na diminuição da dependência dos pais e cuidadores.Em tempos de pandemia, é importante refletir este tema.

Os pais estão mais em casa, com isto, muitas vezes acabam realizando alguma atividade que a criança poderia executar sozinha, privando a criança de ter a sua autonomia.

Porque a autonomia é importante na primeira infância?

A autonomia na infância é fundamental para o desenvolvimento neurológica e emocional da criança, a cada movimento novo e descoberta a criança cria seu mundo de possibilidades.

Por diversas vezes agimos de forma automática de ser superprotetores, o que impede a criança de criar alguns recursos internos e lidar com as dificuldades do dia a dia, e no intuito de proteger acaba por desproteger a criança, transformando essa criança incapaz de administrar algumas situações futuras.

Os pais são figuras determinantes na forma como acontecerá esse desenvolvimento e autonomia infantil, essa relação familiar, a forma como irão avançar diante dos seus desafios.

Quando eu realizo algo pela criança que ela mesma poderia fazer tiramos a sua autonomia, ela perde a oportunidade de desenvolver novas habilidades.

E para complementar esse tema vamos falar um pouco sobre sentimento de capacidade que se encaixa bem com tudo que estamos falando.

Sempre que pensamos em infância e desenvolvimento dessa primeira etapa da vida, repetimos que é nos primeiros anos de vida que se constroem diversas questões da saúde mental e personalidade da criança, como todas as outras questões saudáveis ao longo da nossa vida, é aí que entra aquele sentimento de capacidade. 

O sentimento de capacidade está relacionado a autoestima.

Uma criança com autonomia se sente capaz de resolver os seus problemas, desta forma vai se construindo e se desenvolvendo de forma positiva, elevando a sua autoestima, e capacidades.

Essa autonomia além das questões socioemocionais tem ligação direta com as questões neurológicas, a conexão de neurotransmissores, desenvolvimento e aprendizagem, permitindo a construção da personalidade de forma autentica e saudável, possibilitando o desenvolvimento de sentimento de capacidade resolução de conflitos que teremos ao longo de toda a nossa vida.

Diante das situações de autonomia, nós vamos aprendendo a lidar com conflitos e frustrações.

Quais os prejuízos que uma criança dependente pode ter?

Uma criança dependente fica receosa de realizar diversas atividades deixando de desenvolver habilidades de convívio e socioemocionais, e ao longo de sua vida pode crescer uma pessoa insegura, ter uma baixa autoestima, baixa tolerância a frustração, e na vida adulta tem uma tendência a ter relações de dependência.

Para que esse desenvolvimento ocorra da melhor forma possível, os filhos devem ser estimulados a crescer e realizar tarefas.

Cada dia conseguir realizar uma atividade sozinho, isso nos gera aquele sentimento de capacidade.

Aqui pra nós, é muito bom se sentir capaz. Concorda?

Apenas desenvolvendo essas habilidades que aprendemos a fazer escolhas, avaliar o que é bom ou ruim para nós mesmo, traçar objetivos e metas para alcançarmos.

E os pais tem a tarefa principal de manter uma distância ideal no dia a dia, permitindo que as crianças experimentem o novo, saibam desenvolver o medo o frio na barriga, deixá-los levantar e cair e enxergar o quanto são capazes e serão cada vez que tentar algo novo.

E para o desenvolvimento dessa autonomia as vivências e experiências de vida são fundamentais, a autorização moderada dos pais e cuidadores para realizar a experimentar coisas novas sozinhos.

Podemos desenvolver essas habilidades e autonomia nos pequenos através de pequenas tarefas diárias, de acordo com a sua faixa etária.

No entanto, é preciso saber que o desenvolvimento de uma criança não acontece da forma que esperamos, as mudanças são diárias e graduais.

Durante o crescimento, a criança experimenta mudanças, vivenciando seus estímulos de modo particular.

Antecipar as etapas ou não estimular as crianças podem geras os conflitos futuros.

Vamos fala sobre esses primeiros anos de vida.

Algumas dicas para possibilitar autônoma aos dos bebês e as crianças

Nesta fase, é importante deixar que o bebê se virar sozinho na cama, tentar levar coisas até a boca como a chupeta.

Observação: Parece algo simples para nós, mas para as crianças que estão em processo de crescimento e descobertas, essas tentativas e busca da autonomia auxilia no seu desenvolvimento.

Reserve um espaço para o bebê rolar pela cama, tapetes, entre outros.

Dos 6 meses aos 18 meses

A criança começa a desenvolver a motricidade, o equilibro, a fala das primeiras palavras, as tentativas de ficar em pé, e dar os primeiros passos.

Toda essa aprendizagem se dá através de estímulos.

Deixa com que a criança tente pegar as suas próprias coisas, como chupeta, mordedor, brinquedos (para estimular deixem em locais acessíveis para ela).

Esses estímulos a torna mais segura podendo dar os primeiros passos com mais segurança.

Dos 18 meses aos 3 anos

 A criança já iniciou os passos e as primeiras palavras, começa a andar subir escadas, fortalecendo as pernas e músculos, melhorias na coordenação motora fina segurança e movimentos mais controlados.

Para estimular a autonomia nesta fase é importante deixar a criança comer sozinha, se possível que ela mesma tenha acesso aos alimentos.

Busque estimular a fala, quando ela quiser algo e apontar peça para ir buscar, ou pergunte o que ela quer.

Crianças dos 4 aos 10 anos

Peça para ele realizar atividades domésticas e cotidianas, de acordo com que ela consiga realizar sozinha. O ideal e que ela possa iniciar e terminar a tarefa mesmo que inicialmente com supervisão. Exemplo:

  • As crianças menores com idade entre 4 e 5 anos podem guardar os seus brinquedos, guardar os sapatos, abrir o seu lanche, se alimentar sozinho, se trocar, escovar os dentes, colocar a mesa.
  • Para crianças maiores, de 6 a 10 anos, estimule a colocar o seu próprio prato, cortando o alimento, arrumando a sua cama, secando a louça, tomar banho sozinho, arrumando a sua cama.
  • Deixa com que faça algumas escolhas rotineiras, como pedir a sua comida em restaurantes, escolha suas roupas, dar opinião e realizar alguma tarefa de casa. Admitindo com que se organize com suas tarefas escolares.
  • Valoriza as suas habilidades,mostrando os aspectos positivos de suas conquistas e decisões.

A autonomia na primeira infância além de transformar o desenvolvimento e crescimento infantil, modifica a nossa capacidade de desenvolver habilidades e assumir as nossas escolhas.

 Em filosofia o conceito de autonomia se mistura com a liberdade, que consiste em uma pessoa que consegue tomar as suas próprias decisões ao longo da vida.

 “Servir-se da sua própria razão é ser autônomo e, portanto, livre.” (kant)

Por Camila Alves

Capa: Parceria com a Fotógrafa Keylla Gomes

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