SOBRE O MAIOR AMOR DO MUNDO…

…mesmo quando os filhos têm idades diferentes!

Ainda que muitas teorias codifiquem (e decodifiquem) o que significa ser mãe, nenhuma delas consegue alcançar um conceito com a plenitude necessária para abarcar todos os parâmetros que ele impetra.

É por demais complexo, em muitas vezes, e, em outras, tão simples, que não consegue ser palpável para ser dito ou encaixado numa única dimensão.

 Sempre sobra ou falta algo que poderia ser dito, esclarecido, melhor pesquisado, mais perfeitamente fundamentado, com teses menos redundantes, com exemplos genéricos ou particularizados…

E, assim vai, entre tantas outras fundamentações que se poderiam encher bibliotecas inteiras.

O que se abarca na conceituação de ser mãe ainda não foi delimitado.

Ou mesmo foi: na profundeza de um olhar, na entrega de alimentar com seu seio, no aconchego do colo quentinho, na imensidão de uma saudade, na justificativa de um perdão, na perfeição de um carinho…

Ou mesmo quando esses citados faltam fisicamente, na roupa cheirosa lavada e passada com esmero, no cheiro do café espalhando-se pela casa enquanto se sai do banho, no conforto da limpeza do lar e naquele arroz soltinho que mais ninguém sabe fazer…

 Ahhh como ter o alcance desses conceitos?

Somente sentindo-os poder-se-á compreendê-los.

Por isso, por aqui, hoje, nada de teorias, nem autores citados, nem bibliografias com suas intertextualidades.

Por hoje, somente experiências. Esse é o chamado dessas palavras para a escrita e leitura.

É nesse contexto de amor incondicional que trago você, leitor, para uma experiência da minha vivência. Mãe de dois filhos – uma jovem de 21 anos e um garoto de 11 anos.

Sim, essa é uma pergunta que sempre escuto – Por que uma diferença de idade tão grande?

Por que esperar dez anos de espaço entre um filho e outro?

Posso responder:

Quando eu imaginava que não iria mais ter filhos, eis que me surge mais uma luz na minha vida. Mas como em todo paraíso tem maravilhas, existem também dificuldades a serem lapidadas.

Poderíamos falar de Freud agora, seria um momento ideal, onde os mecanismos de defesa surgem no filho mais velho, com a chegada do mais novo, e ele regride a uma idade aquém a dele, dificultando a relação entre toda a família.

Mais difícil ainda é quando surgem questionamentos tão perfeitamente trabalhados por esse filho que coloca em dúvida as teorias de Winnicott sobre se realmente quer estar entre a mãe suficientemente boa ou aderir com veemência à insuficientemente boa.

Descobertas de Mãe

 Os problemas que surgem são inúmeros na “labuta” pra se harmonizar a família diante dessa novidade, enquanto se luta contra os próprios limites e aprendizados – porque é bem claro que, diante do tempo longo que se cuidou de um bebê, tem-se que aprender tudo novamente. 

 A pergunta que não quer calar, então, é a seguinte: Como fazer?

 Eu poderia ser patrona de um manual nessas demandas.

Me posto como vitoriosa diante de todas as experiências que vivi nessa temática.

Recorri aos mais diversos recursos para manter a concordância e estabelecer uma amizade verdadeira na irmandade da qual sou genitora – sonho de consumo de toda mãe.

A princípio pode parecer complicado. Mas a bem da verdade, é mesmo! No entanto, só não se acha solução se quem vive a situação se acomoda no problema, coloca uma venda e se recusa a ir atrás da solução.

 O primeiro passo?

 Respirar.

E o segundo é aceitar que, se o problema está além dos limites da pessoa, deve-se buscar ajuda – médico especialista (pediatra, hebiatra, psiquiatra…), psicólogo, psicanalista, amigo, líder religioso…

Mas se conselho resolve pra algo, aqui vai um – quem pode ajudar mais facilmente é aquele que estudou pra isso, aquele que pode analisar as dificuldades e apontar ou ajudar a encontrar soluções para a problemática.

Os outros serão ótimos apoios, sim, mas terão suas sugestões limitadas para uma solução mais definitiva.

 Eu procurei profissionais que me deram suporte necessário para que eu pudesse guiar a situação de forma segura e consistente. Isso me trouxe resultados duradouros e confiáveis.

Meus filhos foram crescendo e a cada fase de um, o outro estava mais distante, acelerando as diferenças e distanciando as ações.

Programas em família, horários de atividades, tipos de músicas, escolhas culturais e até o cardápio da casa era motivo de desavenças.

A maior cobrança de um, também passou a ser a do outro: a atenção só era vista pra um dos filhos.

Eles não conseguiam ver que a mãe dividia-se em muitas para atender as exigências comparativas de ambos.

 Sem contar que, nesse entremeio, a figura materna era esquecida como pessoa – mas esse é assunto para outra discussão.

  Já se passaram 11 anos em que me coloquei nessa situação.

 E até hoje me pego querendo me organizar para escrever algo que possa ajudar as mães que passam por essa situação de filhos em idades diferentes. Mas ainda não me sobrou aquele tempo que toda mãe espera pra fazer algo extra.

Mas brincadeiras à parte, a verdade mesmo é que não existem manuais certeiros para delinear tais situações.

Não existe um passo a passo pra que as próximas mães se sintam mais confortáveis com as situações que viverão.

O sensato mesmo é dizer que cada ser é uma unicidade.

Cada um apresentará dificuldades diferenciadas ou até – quem sabe! – não será apresentada nenhuma problemática relacionada a essa questão.

E tudo será perfeito. Êpa! Tudo é perfeito do mesmo jeito, mesmo que as pendengas apareçam. Porque não importam as parábolas que a vida apresenta para serem decifradas pelas mães. Elas conseguirão decodifica-las e vencê-las.

 A perfeição está nos olhos de quem a enxerga. E os olhos de mãe enxergam luz, não importam a idade em que elas se façam.

E mesmo que os filhos insistam em dizer que a mãe ama mais um do que o outro filho (uma questão brilhantemente trabalhada pelos pós-freudianos) – amor de mãe é o maior do mundo – independente se as crises existam ou não.

E para quem interessado está – sim, venci as dificuldades da grande diferença de idade entre os filhos! No entanto, as contendas ainda aparecem. Não como antes, claro.

A cada descoberta das diferenças, eles se descobrem também. E a minha tarefa de mãe continua, na condução disso tudo, mesmo que em padrões diversificados. Mas louvo por existirem, por saber que assim posso equilibrá-las em arquétipos saudáveis.

Que sejam as mães, e todas aquelas que fazem o papel delas, sempre em plenitude! 

*Carla Póvoa é graduada em Letras pela UFG, tem formação em Psicanálise pela ANPC, graduanda em Psicologia pela UNIVERSO e Escritora. 

2 comentários em “SOBRE O MAIOR AMOR DO MUNDO…”

  1. Realmente, ser mãe nos trazem varias possibilidades sejam os filhos de idades bem distantes ou sejam, sejam de idades próximas ou mesmo gêmeos. No entanto, é maravilhoso ser mãe, é um aprendizado ímpar!
    Boa sorte com seu trabalho, Eanes!

    Responder

Deixe um comentário

Sair da versão mobile