Neste mês, comemoramos o dia mundial da alfabetização. Esta data remete à importância do letramento e alfabetização no desenvolvimento humano e me lembra um tema que gera grandes inquietações e dúvidas para os pais e familiares:
A formação escolar das crianças.
Nos parece claro a importância dos estudos, tanto para o crescimento intelectual e emocional, quanto para a construção de um futuro na fase adulta, porém, um dos maiores enganos que podemos cometer é acreditar que a educação das crianças dependem exclusivamente da escola.
Atualmente, é comum identificarmos pais que terceirizam a função de educar para a instituição e sentem que seu papel é fiscalizar e cobrar notas e desempenhos. Desta forma, só existe a necessidade de contato com a escola quando a criança está abaixo da média ou “dando trabalho” em sala de aula.
Letramento na Educação Infantil
O papel da família no processo de educação é fundamental e a relação/comunicação entre a tríade pais, criança e escola é a base para um bom desenvolvimento e formação da criança. Por isso, buscaremos neste texto uma apropriação desta participação refletindo juntos sobre a pergunta: “Como ajudar meu filho a estudar?”.
1) A escolha da escola
Comecemos pelo início (risos). A primeira decisão que precisa ser tomada é a escolha da escola.
Lembrando que a relação entre escola e família é fundamental se faz necessário que ambas falem a mesma língua e estejam em sintonia, ou seja, o olhar da escola deve ser compatível com a filosofia e valores fornecida pelos pais.
Por exemplo, se em casa o filho é incentivado a usar as redes sociais pelo tempo que desejar e no âmbito escolar existir um apontamento totalmente contrário, ele pode sentir-se confuso e até, entender que a escola não diz a verdade.
Ou ainda, pais que criticam constantemente as condutas da escola podem gerar um conflito de informações na formação da criança. Essa falta de sintonia prejudica a construção de segurança e adaptação que a criança necessita para aprender.
Desta forma, é importante existir uma harmonia entre a atuação da instituição e a maneira de pensar e educar da família. Claro que não existe escola perfeita, mas essa aproximação e identificação favorecem o desenvolvimento escolar e psíquico da criança.
2) O melhor horário para ir à escola
Alguns apontam que o período da manhã é o mais indicado, outros dizem que o melhor é à tarde. Afinal, qual é o melhor horário para meu filho frequentar a escola?
A resposta certa é, não existe resposta certa! (risos) O que existe é a forma que melhor funciona para cada pessoa e família. O ideal é sempre identificar o ritmo familiar correlacionando com as necessidades individuais da criança.
Existem pessoas que não funcionam muito bem acordando cedo, outras que são produtivas logo nas primeiras horas do dia, da mesma maneira são as crianças. Cada uma é singular e isto deve ser considerado para a decisão, pois ela favorecerá o desempenho escolar.
Consultar a escola para fazer essa escolha pode ser um ótimo caminho, já que o professor consegue identificar em sala de aula o que favorece ou não o ritmo de cada aluno.
Eu só consigo deixar meu filho em tempo integral na escola, isso prejudica seu desenvolvimento?
A importância da literatura na educação infantil
Não, mas é importante lembrar que a criança passa o dia todo fora e na companhia de outras pessoas. O ideal é, mesmo em pouco tempo diário, que exista uma preocupação em manter a interação positiva com a família no final do dia para o acompanhamento das necessidades e trocas com o filho. Lembrando que o segredo está na qualidade do tempo que passam juntos e não na quantidade.
2) Lição de casa
Existem crianças que são independentes no momento dos estudos, outras necessitam de apoio e incentivo para conseguir cumprir as tarefas escolares.
Sabemos que o ideal seria os pais participarem diariamente da vida escolar dos filhos, porém isso costuma ser um desafio quando o trabalho é integral e ao chegar em casa ainda é necessário tirar o pouco tempo para a lição de casa.
Vamos agora, pensar em algumas sugestões para que esse momento seja vivido de uma forma mais tranquila e harmônica.
a) Para além dos cadernos e livros
Uma possibilidade é estimular a curiosidade e incentivar o aprendizado da criança de maneira lúdica, saindo um pouco do universo “livros e cadernos” que já ocorre durante o período de aula. Por exemplo, se a criança está estudando a Inconfidência Mineira, os pais podem mostrar como a luta pela liberdade ocorre nos dias de hoje, ou ainda, encontrar uma peça de teatro ou filme que tenha relação com o tema estudado.
Fazer esse tipo de ação, além de incentivar o filho a ter interesse pelos estudos, também pode tornar para os pais um momento mais leve e prazeroso.
b) Cantinho dos estudos
Um lugar apropriado para fazer a lição é sempre um importante elemento no bom desempenho da criança, já que esse espaço dedicado aos estudos tende a evitar estímulos que distraiam a criança e ressalta a importância dos estudos na vida diária dela.
c) Apoio e incentivo
Caso seu filho demonstre dificuldade para realizar as atividades sozinho, fique próximo e demonstre que está com ele para ajudar. Lembrando sempre, que o intuito é oferecer apoio e não fazer a lição pela criança.
Algumas pausas podem beneficiar, os pais podem dar a orientação: “Faça esse exercício e quando terminar me mostre”. Isso tende a gerar na criança uma sensação de apoio e um reconhecimento em fazer e investir na tarefa para compartilhar com alguém.
3) Ajuda profissional
Caso os pais identifiquem dificuldades no desempenho e aprendizado de seu filho, ou sintam dificuldade para lidar com alguma situação específica envolvendo os estudos, é importante conversar com a escola e buscar apoio.
Os professores são profissionais que podem ajudar e fornecer sugestões para lidar melhor com o tema, já que estão em contato com o aluno durante grande parte do dia e podem complementar e ampliar a visão dos pais para aspectos que aparecem em sala de aula.
Também existem profissionais como psicopedagogos e psicólogos para orientar ou fazer uma avaliação, identificando causas e alternativas para melhorar o desenvolvimento da criança, no âmbito escolar, social e emocional.
Por Jéssica Bianchi]
Foto Capa FreePik