Quando você se depara com uma cena de desespero, você logo se sente incomodado. É como se algo terrível estivesse prestes a acontecer, ou acontecendo. E de fato é! O desespero alheio nos remete aos nossos próprios medos. Ficamos aflitos, indignados e confusos. Como pode um ato tão brutal nos atingir tanto?
A tragédia de Suzano possui um sinal alarmante, e eu não estou falando da questão do porte de arma, eu falo do suicídio, do homicídio.
O que leva uma pessoa a se matar?
O que motiva uma pessoa a acabar com a vida de outras pessoas para então acabar com a sua?
O que aconteceu em Suzano ficará marcado na vida de muitas pessoas, sem dúvidas. Para além disso, esse acontecimento abre portas para discussões necessárias, como o suicídio. Estamos falando de um jovem de 17 anos e outro de 25, de pessoas que interromperam a própria vida (e a vida de outras pessoas), de atos desesperados e atos impensados (ou até planejados) e, porque não, também de atos cruéis contra a humanidade. 2019 realmente começou com o pé esquerdo, diriam os mais velhos.
Fazendo uma análise dos números, o suicídio está no ranking das causas de morte entre jovens ocupando o 4º lugar, com aproximadamente 11 mil casos por ano (dados do Ministério da Saúde/2018)*. O homicídio, no caso do Brasil, está na 7ª maior taxa mundial! (dados da ONU/2017)**. Ou seja, não temos que falar apenas do porte de arma, temos que falar também da violência.
Aspectos Jurídicos do Bullyng e da Lei Antibullung
É a violência que machuca os corações e desorganiza a mente. É a violência que faz o indivíduo optar por usar elementos que vão contra a vida. E aqui, falando de Suzano, falamos de jovens, de escola. Escola que deveria ser um ambiente seguro, acolhedor, de orientação para a vida. Escola que nos remete aos tempos de brincar e aprender.
Nos dias atuais, escola tem sido sinônimo de obrigação, de ideologias e guerras. Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Data Popular revelou que 89% dos brasileiros consideram que há violências nas escolas públicas. Pensem comigo: 89%. (dados do site Estadão/2014)*** São números alarmantes, tendo em vista que a pesquisa ouviu apenas 3.000 pessoas de todo o Brasil em 2014.
Enfim, o que pretendo deixar de reflexão com esse texto é que existe uma lacuna enorme quando se fala em violência nas escolas, quando se fala em suicídio ou homicídio de jovens e porte de armas. E enfatizo que neste caso de Suzano, todos esses componentes estão interligados. Precisamos falar mais de todos eles!
Eu deixo um alerta aqui para todos os profissionais de educação diretos e indiretos: reparem nos seus alunos, escutem o que eles têm a dizer. É chegada a hora de reavaliarmos nossas condutas diante da indisciplina, da frustração e da violência. O caso de Suzano não é um caso isolado, todos os dias um jovem morre por suicídio ou homicídio. Todos os dias um jovem chega em casa e sente vontade de incendiar a escola (caso que ocorreu recentemente também) ou de liberar a raiva batendo/matando alguém. Todos os dias. Agora eu pergunto: o que fazemos todos os dias?
Finalizo meu pensamento colocando em pauta que as dores emocionais estão por todos os cantos, dentro de todas as pessoas. Longe de mim justificar qualquer violência com as emoções, mas foram dois jovens que tiraram a própria vida e ainda levaram junto mais 8 pessoas. O que enxergamos diante disso tudo: uma tragédia ou um ato de desespero? Repare nas suas verdades internas: isso te choca ou te deixa com raiva? Acabou o tempo de temermos apenas os bandidos, temos de temer a nós mesmos.
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