O BLW tem relação com a Introdução alimentar?
A introdução alimentar é um dos momentos mais esperados pelos pais, que se caracteriza essencialmente, pela apresentação de alimentos de consistências diferentes da qual o bebê esteve acostumado durante o aleitamento materno ou uso de fórmulas.
Aprender a comer sólidos faz parte do processo natural de desenvolvimento, assim como: sentar, engatinhar, andar, falar, etc.
Por volta dos 6 meses o bebê começa apresentar sinais de que está preparado para receber a introdução alimentar: consegue sentar com apoio, sustenta cabeça e tronco, segura objetos com as mãos, explora estímulos ambientais, apresenta movimentos voluntários da língua, dentre outros. Alguns bebês apresentam esses sinais antes, outros demoram mais um pouquinho.
Por este motivo a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que a introdução dos alimentos comece aos 6 meses de idade, antes disso somente aleitamento materno exclusivo ou uso de fórmulas no caso de bebês que não mamam no peito.
A forma de apresentar os alimentos ao bebê é muito importante. Antigamente se ofereciam papinhas batidas ou peneiradas, com os alimentos todos misturados.
As recomendações mais recentes mostram que esse contato inicial com a comida é fundamental para despertar na criança o interesse e o prazer em se alimentar.
Por isso as novas diretrizes orientam papinhas apenas amassadas, de consistência firme, sem misturar, para que o bebê desde o início aprenda a mastigar (mesmo sem dentinhos eles têm gengivas super fortes que são capazes de amassar os alimentos) e a ter estímulos de cores e sabores diferentes.
Outra forma de apresentar os alimentos que vem ganhando muitos adeptos no mundo todo é o BLW. A Sigla BLW significa “Baby-Led Weaning” – “o bebê conduz o desmame”.
Consiste em apresentar os alimentos cozidos e inteiros para os bebês, para que eles possam tocar, brincar, aprender a levar os alimentos à boca, mastigar e deglutir.
Tudo ocorre no tempo da criança, quando ela estiver preparada para se alimentar.
Refere-se a uma alimentação sem o uso de colheres e utensílios, sem papinhas e 100% guiada pelo bebê. No BLW os alimentos apresentam-se inteiros e em cortes especiais (hastes\bastões) para que o próprio bebê consiga manusear e mastigar sem engasgar.
Não existe melhor forma de ofertar os alimentos. O bebê e a família decidem o que é melhor para a dinâmica familiar, e o que deixa os pais mais seguros.
Seja papinha ou seja BLW o principal é que a introdução alimentar seja PARTICIPATIVA. O bebê deve ser o agente ativo do momento de se alimentar.
Seguem abaixo algumas dicas para fazer uma introdução alimentar participativa e respeitosa para o seu bebê:
- Controle sua ansiedade e respeite o tempo do seu filho. Muitas mães ficam frustradas quando preparam os alimentos com muito carinho e o bebê cospe tudo. Está tudo bem! O movimento da língua para mamar e para mastigar os alimentos é muito diferente, então tudo é aprendizado. Tenha paciência, não crie grandes expectativas que seu filho vai comer um grande volume de alimentos nas primeiras ofertas e não compare seu bebê com outras crianças, cada um tem seu tempo e sua evolução
- Lembre-se que até 1 ano de idade o leite materno ou fórmula ainda vai fornecer a maior parte das calorias diárias que o bebê precisa. Então não se preocupe com quantidade dos alimentos consumidos, e sim com qualidade (ofereça frutas, vegetais, arroz, feijão, carnes e ovos e evite industrializados e açúcares)
- Continue oferecendo as mamadas normalmente, e complemente com a comida – que no início é uma experiência muito mais sensorial do que nutritiva
- Deixe que seu bebê seja o agente ativo do processo de se alimentar. Deixe que ele toque os alimentos, brinque, jogue no chão até encontrar a boca sozinho para levar os alimentos. A bagunça faz parte! Encare como um investimento para ter um filho que come de tudo no futuro. Forrar um plástico debaixo do cadeirão ajuda muito na hora de limpar a bagunça
- O momento das refeições deve ser sempre em família, todos à mesa e sem distrações (TV, tablets e outros). Sente seu filho no cadeirão apropriado e coma junto com ele. Ver a família comendo faz parte do processo de aprendizagem. Seja o exemplo! Lembre-se sempre de “comer junto e não dar de comer”. Ajuste a rotina da casa para que todos possam comer juntos pelo menos as refeições principais. A criança que come sozinha não tem estímulos.
Investir tempo e alimentos de qualidade na introdução alimentar são determinantes para a formação do comportamento alimentar e do paladar de uma criança.
Crianças que tiveram uma boa introdução alimentar possivelmente serão crianças sem problemas alimentares no futuro!
Por Elisa Masson
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Foto Capa: Autorizada pela mãe